O preconceito era um sentimento que todos conheciam dentro dos muros da Reserva, cujo significado ele estudara com Anna e seus amigos quando ainda era um filhote. Era a dificuldade em aceitar aquele que é diferente dos outros em ideias, ações ou aparências.
Não havia nada que ele pudesse odiar mais do que aqueles seres ignorantes do outro lado do muro, protestando em seus portões todos os dias.
Aquelas pessoas simplificavam ao máximo seu povo: reduzindo-os somente por causa de algumas características causadas pelos próprios humanos.
No passar dos anos, ele e os amigos leram diversos artigos sobre a fonte do preconceito. Frustrações transformadas em atos hostis; personalidades intolerantes, desafiando aqueles que vão contra suas regras comportamentais; manifestação de desconfiança e suspeita; estereótipos e conformidade.
Ouvia dia e noite que sua inteligência e traços foram mudados por causa de como fora gerado biologicamente, algumas vezes quase acreditava, principalmente quando queria enfiar seus dentes na garganta de um daqueles idiotas.
— Eles pensam que somos aberrações — Kismet rosnou ao lado dele. — Adoraria ver a cara deles se soubessem a verdade sobre você e eu.
— Calado — murmurou, controlando-se para não gritar para aquelas pessoas calarem a boca. — Não diga nada aqui.
O amigo abriu a boca para retrucar, mas outro macho gritou alto:
— Possível arma!
Um homem deu um passo à frente e ergueu algo na mão, fazendo com que os oficiais na guarita apontassem suas armas para baixo. Uma latinha de metal foi jogada por cima do muro e caiu aos pés de Noble, ele a chutou para longe, mas não rápido o suficiente. Fumaça branca subiu rapidamente no ar e ele tampou a respiração, apertando os olhos o suficiente para enxergar através da neblina química e forçada.
Ele andou para trás e apalpou o próprio uniforme as cegas, procurando pela máscara. Normalmente ela o sufocava, mas com certeza era melhor do que o cheiro horrível da fumaça ou do arder em seus olhos.
Noble colocou a máscara depois de a encontrar e focou sua mira na rua, mirando em outro idiota que levantava uma bomba de fumaça. Ele não podia atirar sem um bom motivo, mas isso não queria dizer que ele não podia manter sua mira cravada na testa daquele filho da puta.
Seu coração pulsava forte o suficiente para sentir a pressão do sangue em seus ouvidos.
Muitas pessoas começaram a correr pela rua, algumas se amontoando próximas do portão e outras correram para longe, fugindo pela estrada. Os sons das mãos batendo contra as grandes fortes o fizeram fechar os olhos e respirar fundo, era desesperador e agourento.
O ardor da correria não durou mais do que dez minutos, apesar de terem jogado mais coisas sobre eles, entre elas pedras e mais latinhas, além de terem despejado uma porção de xingamentos maldosos. Noble queira mostrar para cada um deles o tipo de monstro que eles diziam que ele era, entretanto se conteve e se afastou da guarita.
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Noble - Novas Espécies
Romance❝É preciso calma e inteligência para domar um leão, mas não sou uma garota muito paciente.❞ Tudo começou com um sentimento puro, transparente e doce de ambas as partes. Lembravam-se de quando brincavam juntos, de todas as travessuras e perigos em qu...