O coração de Kaira batia forte dentro do peito, duro e rápido, enquanto seus pés descalços esmagavam o barro macio por conta da chuva de mais cedo. A velocidade fazia com que o vento empurrasse o cabelo escuro para trás, mantendo-os longe de seu rosto enquanto corria o máximo que podia.
A sensação era boa.
Dentre todos os seus vícios, correr certamente era o melhor.
Era mais do que a brisa no rosto e os músculos queimando.
Eram as passadas longas na terra, movimentando todo o seu corpo; braços rentes ao tronco e acompanhando o ritmo, músculos do abdômen e costas protegendo a coluna do impacto direto; quadris, coxas, joelhos, panturrilhas, tornozelos e pés, todos funcionando como uma grande e única máquina. Coordenados em equilíbrio e movimento.
Tão quente.
Com suor escorrendo, o coração batendo, mente e respiração como uma só.
— Te peguei!
Braços fortes passaram por baixo de suas costelas e no outro segundo seus pés estavam foram do chão, a risada alta e forte chegou aos seus ouvidos.
— Você nem terminou de contar direito!
— Desculpa de má perdedora? — Noble murmurou ousado em seu ouvido.
— Me coloca no chão e eu vou te mostrar quem é o perdedor.
— E o que você vai fazer, nanica? — perguntou, divertindo-se com ela e aquilo a irritava. — Morder as minhas canelas?
O sorriso imediatamente sumiu do rosto de Kaira, dando lugar a uma expressão contrariada. Ela não suportava que falassem da sua altura, principalmente quando esse alguém era Noble e seus quase dois metros.
— Nós já conversamos sobre isto — resmungou. — Você que é excessivamente grande. Sua mãe com certeza te deu chá de bambu para tomar quando era criança!
— Tem certeza de que não é você que tem uma estatura precária?
Ela bufou, balançando as pernas no ar.
— Mencione a minha altura novamente e eu vou ser obrigada a morder suas canelas, gigante.
— Hmm, mas você tá brava? — o cinismo na voz de Noble era extremamente insuportável.
— Como você é irritante, me coloca no chão!
Noble a soltou e Kaira deu alguns passos para frente, infiltrando-se ainda mais na mata escura, sujando-se no barro conforme percorria o caminho de terra depressa. No meio da trilha deixou que um ruído novo e ao mesmo tempo antigo a guiasse, que o farfalhar das folhas nas árvores e aquelas soltas ao vento a levasse atenciosamente aonde mais desejava, que o som dos pequenos insetos escondidos a conduzissem até o paraíso na terra.
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Noble - Novas Espécies
Lãng mạn❝É preciso calma e inteligência para domar um leão, mas não sou uma garota muito paciente.❞ Tudo começou com um sentimento puro, transparente e doce de ambas as partes. Lembravam-se de quando brincavam juntos, de todas as travessuras e perigos em qu...