O Leal e a Mentirosa

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— Quando você sorri assim se parece com uma fêmea muito confiante — número dois comentou quando Kaira apareceu na cela dela, sorridente e de cabeça erguida

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— Quando você sorri assim se parece com uma fêmea muito confiante — número dois comentou quando Kaira apareceu na cela dela, sorridente e de cabeça erguida. — Alguma coisa aconteceu? 

Kaira ergueu as sobrancelhas, impressionada pelo vocabulário e pela curiosidade da fêmea. 

O que algumas semanas juntas não fizeram.

— Coisas ótimas aconteceram, gata. 

Número dois procurou avidamente por algo dentro da caixa de figurinhas que Kaira deu a ela e tirou uma em específico.

A de um gato. 

— Acertei, não é? 

— Pode apostar que sim! — sentou-se ao lado dela. — Bebê? 

Número dois tocou o próprio abdômen inchado e sorriu. 

— Como se sente hoje? 

— Faminta! — ela tombou a cabeça sobre o ombro de Kaira e piscou os olhos. — Será que você pode me dar aquela fruta de novo? 

— Só se você disser o nome dela.

 Ela pensou um pouquinho. 

— Eu sei que começa com A, depois vem o B... 

— Se soletrar a palavra toda eu te dou um doce. 

A fêmea franziu o cenho e perguntou:

— Só se eu puder escolher. 

— Se acertar pode pedir qualquer coisa. 

— A-B-A-C... — número dois fechou os olhos. — A... X-I. Abacaxi! Acertei! 

Kaira bateu palmas e riu. 

— Acho que você não precisa mais de mim. 

Ela estava rindo até então, mas com a frase de Kaira ficou séria e de olhos arregalados. Havia uma umidade lá. 

— Você vai me deixar? Eu não quero ficar sozinha, Kaira!

Podia ver o desespero naquele rosto bonito e inocente, por isso se adiantou e passou um braço ao redor dos ombros dela, abraçando-a com delicadeza

— Eu nunca vou te deixar aqui sozinha. É uma promessa — murmurou. — Posso demorar, mas sempre vou vir vê-la como tenho feito. Você é... minha irmã. 

Não foi difícil para ela dizer aquilo, era apenas o que sentia sempre que olhava para a Espécie. Não era porquê se parecia muito com Aurora, mas pelo jeito como se aproximaram. 

Havia também a crescente necessidade de protegê-la, de cuidar dela e a ensinar. De fazê-la rir e sorrir, fazer um cafuné enquanto conversavam ou apenas ficarem se encarando em silêncio quando Kaira tinha um tempinho para descer até ela. 

Noble - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora