Noble não estava nem um pouco preocupado com o dia quatorze, na verdade nem se lembrava que aquele era o dia dos namorados, não até começar a ficar atento ao comportamento de seu pai ao mês que antecedia Fevereiro.
No início pensou que poderia ser outra coisa o motivo da ansiedade do mais velho, mas conforme os dias se passaram, Valiant começou a fazer perguntas — muitas delas — para sua mãe enquanto comiam na mesa e ela apenas soltava risadinhas animadas, parecia até mesmo extasiada e aquilo o deixou ainda mais confuso.
O que estava acontecendo entre os dois?
Tentou, lentamente, entender o motivo da animação entre os dois no outro dia cedo, quando seu pai saiu para caçar e ele foi junto.
Anos atrás, quando ainda era um pequeno filhote, Valiant o deixava parado a favor do vento, ele não entendia muito bem na época, mas agora sabia que era para que as presas, ao sentirem o cheiro do predador, não tentassem fugir pelo lado dele, enquanto o seu pai as esperava, escondido contra o vento, esperando-os até a emboscada.
— Ei — seu pai o segurou pelo ombro, parando bem longe do bando que pretendiam atacar. Valiant cruzou os braços sobre o peito e o observou de cima. — Hoje você pega a presa.
— Mesmo?!
— Sim, olha — os dois prestaram atenção nos cervos, os animais pastavam calmamente. — Quero aquele do meio, forte e alto — Noble focou os olhos no mais elegante entre os cervos, cujos pelos pareciam se destacar entre os outros. Os outros cervos, mais velhos, doentes ou fracos estavam nas bordas, deixando os mais saudáveis no centro. — Você consegue?
— Pode apostar que sim — abriu um sorriso astuto, começando a se mover lentamente e silenciosamente pelo caminho que já vira o pai fazer muitas vezes.
Agachado e prestando atenção na natureza ao seu redor, a mais curta distância possível do bando entre as árvores, Noble chegou até o ponto estratégico e flexionou as pernas, pronto para saltar e atacar.
Observou atentamente o momento em que os cervos sentiram o cheiro de Valiant que, rapidamente, avançava em direção aos animais. Noble esperou pelo macho com a galhada grande e com pelos marrons, cujas manchas brancas se destacavam na garganta e peito.
Foi rápido quando o alvo atingiu sua área, com as pernas correu de uma única vez e alcançou o cervo, derrubando-o com a força de seu corpo e com as mãos, cravando as garras na pele da presa, no entanto foi rápido em usar apenas uma das mãos para manter os chifres longe de seu rosto, aquelas eram armas poderosas.
Noble, por instinto, afundou os dentes na garganta do cervo, pensando em o asfixiar para que parasse de se mover. Gosto de sangue chegou em sua língua e ele moveu a mandíbula para os lados e para baixo, dilacerando a carne quente, o guinchar dolorido do cervo sob seu corpo não o fez parar. Não havia piedade.
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Noble - Novas Espécies
Romance❝É preciso calma e inteligência para domar um leão, mas não sou uma garota muito paciente.❞ Tudo começou com um sentimento puro, transparente e doce de ambas as partes. Lembravam-se de quando brincavam juntos, de todas as travessuras e perigos em qu...