O que é, o que é?

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Kaira ficou algum tempo a mais deitada na cama depois do despertador tocar

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Kaira ficou algum tempo a mais deitada na cama depois do despertador tocar. Essas semanas longe de casa a estavam deixando mais desanimada do que esperava ficar.

Sentia saudade de todos o tempo inteiro, mas sempre que pensava em desistir ou que não suportaria mais mentir, lembrava-se de Forest, que estudara medicina e cuidava muito bem dos humanos quanto do seu próprio povo.

Ela queria fazer o mesmo.

Kaira se levantou, vestiu-se e ignorou o espelho. Odiava o que seus olhos se tornaram; globos sérios e sem brilho. O seu cabelo estava crescendo lentamente e ela meio que se sentia um tiozão careca que poderia muito bem passar a tarde toda assistindo futebol com uma cerveja na mão.

Era tudo tão horrível.

Comeu sozinha no refeitório e foi para a enfermeira, como fazia todos os dias. Chegando lá, Kaira encontrou uma nova situação. As mulheres sequestradas estavam todas reunidas e umas ao lado das outras. Ela deu a volta e se aproximou pelas costas de Helena.

Nate, o — carrasco — responsável pelos Espécies no subterrâneo, estava parado na frente e com uma bandeja em mãos, então ele deu um passo e colocou algo na mão da primeira mulher.

— Engole inteiro.

Kaira observou aquilo, disfarçando o assombro e curiosidade. Por que ele estava fazendo aquelas pobres pessoas engolirem balas redondas e tão grandes por inteiras?

— Por que elas estão fazendo isso?

Helena a olhou como se fosse uma tremenda idiota.

— Estão treinando.

— Para o quê?

— Transportar drogas.

De repente, tudo fazia sentido para Kaira.

O ataque no abrigo não fora para pegar Novas Espécies, mas para os distrair. Para abrir caminho para o que era mais fácil de capturar: aquelas mulheres.

Sequestradas para servirem em vários meios, fossem reprodução, prostituição ou contrabando de drogas.

Aquilo tudo a fazia querer vomitar.

— Entendi... se alguma daquelas coisas explodir dentro delas é morte na certa.

Helena a olhou com estranheza.

— E você por acaso se importa?

Sim.

— Não, se uma morrer nós arranjamos outra — sorriu para Helena. — Agora por que não volta para o seu trabalho, doutora? Eu a verei quando necessário.

— Claro... — Helena se virou e resmungou. — Vadia.

🌡️

Apesar de ter visto os Espécies presos em seu primeiro dia, até então ela não vira nenhuma criança, o que logo a fez criar uma tola esperança de que aquela grávida na entrada seria a primeira a conceber um bebê Espécie. Talvez o bebê nem fosse realmente Espécie.

Noble - Novas EspéciesOnde histórias criam vida. Descubra agora