Capítulo 5

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"Três coisas não podem ser escondidas por
muito tempo: o sol, a lua e a verdade."
Buda.

Margot havia pego no sono com aquele jornal em mãos, e em meio a sonhos turbulentos, ouviu três batidas na porta. Apressadamente olhou para o relógio, e se deu conta que já eram quatro horas da tarde. O tempo passou rápido, e tudo o que ela não havia dormido durante aquela madrugada, ela havia dormido agora.

Se levantou vagarosamente, com cabelos bagunçados, olhos pesados, e em passos lentos, transitou em direção a porta. Ela deparou-se com a mesma pessoa que havia atormentado suas últimas vinte e quatro horas, com o mesmo sorriso fanfarrão de sempre estâmpado em seu rosto.

— Más notícias. — Nicolas disse, ainda com o sorriso nos lábios.

— E por que diabos você está sorrindo? — Margot questionou, mal humorada.

— Porque ao contrário de você, sou uma pessoa feliz com a vida. — Afirmou. — Acho que é porque faço sexo. Você deveria experimentar, às vezes é isso que lhe falta.

— Se estivesse você e uma árvore falando comigo, eu daria mais atenção para a árvore. — A garota resmungou.

— Mas árvore não fala...

— Exatamente! — disse em irônia, provocando ao mesmo tempo uma risada espontânea em Nicolas.

— Então, posso entrar? — Arqueou uma única sobrancelha, mantendo uma expressão zombeteira em seu rosto.

— Pode. — Abriu mais a porta para que Nicolas entrasse, e assim ele o fez. — Como soube que eu morava nessa república?

— Leonora me falou algumas vezes. — O homem suspirou, sentando-se na cama que Margot havia deixado bagunçada. — Olga abriu a porta para mim.

— Me fale sobre as câmeras.

— Todas com a memória apagada. Não sei com quem estamos lidando, mas com certeza é profissional. — Abaixou a cabeça, e de vislumbre, avistou um jornal ao lado de Margot. — Já saiu no jornal a morte de Leonora?

— Não! — A jovem respondeu apressadamente, escondendo o jornal embaixo das pernas.

— Para que eu te ajude nisso, preciso que não esconda nada. — Afirmou, desconfiado.

— Tudo bem. — A garota cedeu, puxando novamente o jornal para superfície. — Essa notícia é de dois anos atrás, aconteceu em Los Angeles.

Delicadamente Nicolas retirou o jornal de suas mãos, e seus olhos deslizaram pelas letras rapidamente. Sua expressão era séria e sua postura rígida, pela primeira vez, Margot estava vendo o professor focado em algo. Em seguida, Nicolas pousou o jornal sob a cama, e encarou a mulher em sua frente com obstinação.

— Isso não diz nada. Los Angeles é longe. — Ele suspirou.

— Mas a vítima também foi asfixiada por um saco plástico, Nicolas. — Emitiu um riso nervoso.

— Linda, eu entendo que você quer achar o culpado, mas não podemos pegar qualquer crime que aconteceu e associar ao que houve com a Leonora. — Explicou pacificamente.

Margot levantou da cama, e andou de um lado para o outro, tentando buscar uma explicação para suas intuições, e então, resolveu por fim, revelar tudo o que sabia. Ou pelo menos, quase tudo. Abriu a primeira gaveta do criado-mudo novamente, e dessa gaveta, retirou quatro matérias de jornais. Esticou os braços para que Nicolas pudesse pegar, e por fim, análisar uma por uma.

A jovem mulher análisava as expressões do homem em sua frente com expectativa. Os jornais continham informações importantes, todas de Los Angeles, de mais ou menos um e dois ano atrás. Cada jornal correspondia ao assassinato de uma pessoa. Inez havia sido apenas a primeira vítima de muitas.

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