"Não me cabe conceber nenhuma necessidade tão importante durante a infância de uma pessoa que a necessidade de sentir-se protegido por um pai." Sigmund Freud.
Após cinco copos de vinho, Margot já encontrava-se zonza. Nicolas, por sua vez, já havia tomado três copos de cerveja, e devido ao seu costume com bebida, o estado em que permanecia ainda era estável. O professor havia levado a jovem para uma colina, logo após comprarem bebidas em um bar nas proximidades da universidade. Por essa colina ser em um pico alto, o frio era árduo. Margot havia pego um agasalho de Nicolas, que estava no banco de trás do carro, ao mesmo tempo que estava abraçando seus joelhos junto ao seu corpo e olhando a vista da pequena Cidade de Boulder, com quase nenhum prédio ao redor, e o céu estrelado, com vários pequenos pontos de luzes flamejantes, que sempre a hipnotizava, desde quando era pequena.
Nicolas, por sua vez, encarava o rosto da garota, percebendo o quão suave parecia depois de alguns goles de vinho. Margot estava com uma tensão impregnada em seu corpo desde o momento em que recebeu aquela ligação de madrugada, e essa tensão parecia que havia acabado de ir embora após a bebida que ingeria sem remediar. — Mesmo que amanhã eu acorde e a dor que tanto aflora em meu peito volte, é bom sentir meus problemas dissipando-se, nem que seja apenas por hoje. — Margot pensou.
— Por mais tempo que te olho, mais dúvidas eu tenho. — Nicolas encarava o rosto da jovem com curiosidade. — Você parece ser uma mulher cheia de segredos...
— Uma dama nunca revela todos seus segredos...
— Uau! — Especulou, dando um grande gole em sua cerveja. — Então comece me revelando coisas mais simples.
— Tipo o que?
— Sua cor favorita — Ele sugeriu em um tom brincalhão.
— Hmmmm... — A garota ponderou. — azul!
— Por que?
— Me lembra uma travessura que fiz quando eu era pequena. — Margot sorriu ao lembrar-se. — Eu sempre gostei de fazer tudo ao contrário do que me mandavam. Por exemplo, eu não tinha nada contra vestidos, mas se me obrigassem a usar vestido em uma festa, eu iria fazer de tudo para ir com jeans e camiseta. A mesma coisa acontecia alimentos, eu gostava de salada, mas quando começaram a colocar todo dia em meu cardápio, como se fosse uma obrigação, eu comecei a deixar a salada de lado. E um dia, quando minha família estava de mudança para uma casa nova, me deparei com um quarto rosa, e do meu irmão, azul escuro. Eu me lembro de falar para o meu pai que queria um quarto azul também, e ele me disse que azul era cor de menino, que eu teria que me contentar com rosa.
— Não me diga que você...
— Sim! Eu pintei as paredes do meu quarto com tinta acrílica azul, usando às mãos. — A jovem interrompeu, soltando uma risada divertida ao expressar essa recordação. — Foi a última vez em que eu enfrentei meu pai, mas a cara que ele fez ao ver o que eu tinha aprontado era impagável. Lembro como se fosse ontem.
O homem bigodudo olhava para feições de sua pequena filha perplexo, aturdido pelo desgosto, e lançando um olhar periférico pelo quarto que estava metade rosa e metade azul. A garotinha estava coberta de tinta, desde a cabeça, com seus cabelos ondulados aderindo a cor azulada nas pontas, até aos pés que grudavam no chão, deixando várias pegadas pelo local.
— Quando você vai aprender a ter disciplina? — O velho lançou um olhar de desgosto para filha. Aquele olhar sempre havia machucado seu coração, pois através daquele simples gesto, ela poderia ver que nunca seria digna em sua família.
— Ela é só uma criança, querido. — A sua mãe apareceu logo atrás de seu pai, e que ao contrário dele, sempre olhava para ela com amor e ternura.
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A Morte Te Segue
Mystery / ThrillerNa Universidade do Colorado em Boulder, após o caos ser orquestrado, há paz. Após uma semana intensa de provas, há férias. Após um semestre de recuperação, há festas de fim de ano. Porém, ninguém esperava que os tão esperados jogos universitários se...