"Se você revelar os seus segredos ao vento, não pode culpar o ventopor revelá-los às arvores."
Khalil Gibran.Ao acordar naquela manhã gelada, Marion sentiu o corpo nu de Nicolas sobrepondo o seu, impedindo que ela sentisse frio. O professor já estava acordado, observando seu rosto sonolento, o que fazia a garota perguntar-se por quanto tempo ele estaria velando seu sono.
— Que horas são? — A jovem questionou, espreguiçando-se.
— Dez. — Nicolas respondeu, despreocupado.
— Tudo isso? — Arregalou os olhos.
— Sim. Acontece quando vamos dormir tarde. — O professor respondeu, esbanjando um sorriso malicioso.
— A minha entrevista já deve ter ido ao ar. — Ela pronunciou, com receio.
Desde o momento que havia recebido aquela ligação na noite anterior, o medo com a entrevista havia amenizado, dando espaço para o medo de haver alguma próxima vítima iminente. A preocupação de Marion não era devido as consequências de suas palavras, mas sim, as consequências de sua covardia e imprudência. Mais uma vez ela havia ignorado o chamado, e mesmo que por dentro tenha tentando buscar tranquilidade, convencendo a si mesma que a única vítima atingível seria Mikaylla — que ela fez questão de certificar-se que estaria bem — ainda não podia deixar de sentir-se envergonhada por mais uma vez não ter sido capaz de fazer nada.
— Vai ficar tudo bem. — Nicolas pronunciou, enquanto espremia a jovem em um abraço e depositava um beijo no topo de sua cabeça. — Eu estou com você.
A garota sorriu com seu gesto e acalentou-se em seu abraço, inebriando-se de seu cheiro. A presença dele trazia conforto nela, e era nítido o quanto ambos encaixavam-se na presença um do outro, mesmo que tivessem demorado para de fato assumirem aquilo em voz alta.
— Precisamos ir. — Marion anunciou, saindo do abraço concedido para procurar as suas roupas jogadas ao redor do colchão.
Nicolas, por sua vez, continuou deitado, observando a garota procurar as peças. Assim que ela encontrou seu vestido e iria vesti-lo, o rapaz gritou:
— Para!
Após ouvi-lo, ela arregalou os olhos e nem atreveu-se em olhar para a região que Nicolas estava focando o olhar; seus seios. Ela estava convicta que era algum inseto, ou até mesmo, coisa pior.
— Que foi? Tira! — A jovem respondeu, fechando os olhos.
Nicolas levantou-se do colchão e inclinou seu corpo em direção à garota, e sem ponderar, encaixou os seios da dela em suas mãos, enquanto apertava. Marion, em resposta, deu um tapa nas garras traiçoeiras, e o professor riu em resposta.
— Quando acho que você está falando sério... — Ela suspirou, terminando de colocar seu vestido, com uma carranca em sua face.
Não demorou para que ambos já estivessem recolhendo todos os itens que haviam deixado pelo acampamento improvisado, e enfim deixando aquele pico montanhoso para trás. Nicolas sorria para ela enquanto dirigia. Aquele sorriso era o único conforto que Marion conseguia ter no momento, pois em seu pensamento ainda era dominante pelo horror, desbriamento e afligimento.
Em pouco tempo Marion já estava em frente à sua residência, ela só não esperava que não seria a única que estaria lá. Haviam dezenas de pessoas aglomeradas em frente à sua porta, entre elas; equipe de repórteres, alunos da universidade, protestantes e até mesmo a polícia. Marion sentiu seu coração bater aceleradamente e o ar de seus pulmões esvaindo-se, então ela fechou seus olhos brevemente, e por fim, tentou controlar a frequência na qual respirava; aspirando o ar pelo nariz e soltando pela boca.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Morte Te Segue
Misteri / ThrillerNa Universidade do Colorado em Boulder, após o caos ser orquestrado, há paz. Após uma semana intensa de provas, há férias. Após um semestre de recuperação, há festas de fim de ano. Porém, ninguém esperava que os tão esperados jogos universitários se...