Capítulo 18

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"Um sentimento que era um misto de horror e remorso; mas não passou de um sentimento
superficial e equívoco, pois minha alma permaneceu impassível."
Edgar Allan Poe.

O velório de Olga Dyer havia sido semelhante ao de Leonora Leach, contando com a presença de várias pessoas, tanto de alunos, como de professores. Margot compareceu apenas no começo o evento fúnebre, e após reparar os diversos olhares maldosos que estava recebendo, pois várias pessoas já comentavam sobre as suspeitas que a polícia havia criado referente à ela, decidiu ir embora. O fato dela ter brigado com Olga na noite do homicídio somente agravavam os comentários, já que o vídeo continuava circulando por todos celulares, não somente de alunos, mas também de vários habitantes daquela pequena cidade.

Outro fator que causou preocupação em Margot em meio à aquela multidão, era não ter encontrado Nicolas. Ele havia passado o dia todo sem dar notícias, e quando amanheceu, no dia seguinte, ela decidiu ir atrás de informações telefonando para ele. Porém, a ligação apenas serviu para sua preocupação aumentasse ainda mais. Ele estava estranho, mostrando-se indiferente. A garota questionava-se se o motivo daquele comportamento era o fato dele ter conseguido o que queria; passar a noite com ela. E agora que havia cumprido seu objetivo, não gostaria de ter mais nenhum tipo contato.

Por um lado, pensar daquela forma trazia um súbito sentimento de tristeza em Margot, mas ao mesmo tempo, alívio. Ela sabia que de todos os lugares perigosos do mundo, o mais perigoso naquele momento, era ao seu lado.

Margot tentou ignorar todos ao seu redor, mas sabia que sua vida já estava começando desmoronar aos poucos, igual quando morava em Los Angeles. Ela estava cansada de fugir, mas não tinha a coragem necessária para encarar os seus medos. Para Margot, era mais fácil ignorar e fingir que nada acontecia. A jovem estava acostumada à neutralizar seus próprios sentimentos, e manter sua armadura intacta por fora, mesmo que por dentro, estivesse em chamas.

Horas após à ligação conturbada que teve com Nicolas, já estava na delegacia para prestar depoimento. Não era a primeira vez que estava sendo sujeita à fazer aquilo. Em sua antiga cidade havia prestado diversos depoimentos, e sabia como aquilo era desgastante, principalmente para o seu psicológico.

Sentada na cadeira da sala de interrogatório, apoiando seus braços em uma extensa mesa de ferro, e observando uma janela de vidro ampla e esfumada logo à sua frente. Uma iluminaria alumbrava seu rosto, enquanto o detetive Adrian Ross organizava alguns papéis, poucos metros de distância da garota.  Ele causava calafrios em Margot. Calafrios capazes de levá-la à ruína.

— Senhorita Franco, pode me dizer seu nome completo e idade. — O homem ordenou, colocando um gravador no meio da mesa. 

— Margot Franco, vinte e um anos. — Afirmou.

— Qual seu nível de proximidade com Leonora e aonde estava durante o seu homícidio?

— Ela era minha melhor amiga, e como eu já disse, durante o homicídio dela eu estava em um depósito de materiais. Fiquei presa junto com o professor Nicolas Owen, e passei a noite inteira lá.

— Qual foi a última vez que viu Leonora com vida?

A jovem ponderou a resposta que poderia dar, sabendo que a verdade poderia colocá-la em uma situação complicada. Mas mesmo assim, não pretendia mentir. Por mais difícil que esteja a sua situação, a vontade de fazer o certo daquela vez era preponderante.

— No depósito. Ela nos trancou. — Assumiu.

— Por que ela trancou vocês?

— Porque nós estávamos brigando, e de certa forma, ela ficou estressada com isso.

A Morte Te SegueOnde histórias criam vida. Descubra agora