Capítulo 12

621 109 364
                                    

"Quando o sangue respira o ódio, não pode dissimular-se"
Seneca.

Ao analisar a primeira fileira de cadeiras, Margot vislumbrou pessoas eufóricas, em gritos aturdidos, torcendo pelos times que estavam seguindo uma disputa rigorosa pelo título de campeão. Mas para sua surpresa, avistou no meio dessas pessoas eufóricas, Mikaylla. Com um olhar traiçoeiro e um sorriso debochado, a garota divertia-se com a situação. Margot, de imediato, aproximou-se dela em passos duros, carregando uma expressão emburrada na face.

— Mikaylla Yoshida! — Margot esbravejou, pronunciando o sobrenome que ela não gostava. — Eu não acredito que você fez isso.

— Desculpa. — Mikaylla disse, por sua vez, com uma voz chorosa. — Eu não queria ficar sozinha aqui.

— Já pensou alguma vez você estar precisando de verdade e eu não acreditar? — Advertiu a amiga.

— Por que todo mundo está olhando para gente? — A jovem questionou, olhando ao redor.

Margot fez o mesmo que Mikaylla, e pode observar que todos da platéia e do campo estavam encarando as duas. Aquilo parecia intrigante, e ambas as amigas ficaram constrangidas com o excesso de atenção que estavam recebendo, e de imediato acharam que o motivo dessa atenção era pelo fato de estarem discutindo em voz alta.

— Por que todos estão olhando para cá? — Mikaylla questionou, olhando para um homem que estava em uma cadeira atrás da sua.

— O Running Back da Califórnia parou de correr e está olhando sem parar para vocês, todo mundo quis saber o que estava acontecendo, já que sem ele o jogo parou, e começaram a olhar também. — O homem disse, colocando uma pipoca na boca e mastigando. — Mas não sei até agora o porquê dele estar olhando. Vocês conhecem ele?

Margot, assim que ouviu as palavras do homem, desviou o olhar pesadamente pelo campo, e deparou-se com Alexander Compton a encarando com os olhos arregalados, como se houvesse acabado de ver um fantasma. Ele havia parado o jogo apenas para fazer isso, e ambos os times fizeram o mesmo, confusos com a atitude do rapaz. Nicolas e Mark também analisavam a situação sem entender nada, com curiosidade para saber o motivo do rapaz estar tão surpreso.

Apressadamente, sem dizer uma única palavra, Margot caminhou em passos largos pelas fileiras estreitas. Ela só pensava em ir para o mais longe possível, sem olhar para trás, e evitar todos os tipos de questionamentos. A vida que ela cultivava agora havia lhe custado muitos esforços, e pela primeira vez, depois de um ano conseguindo levar tudo pacificamente, a jovem conseguia ver aquilo desmanchando-se à sua frente.

Assim que já estava acabando de percorrer aquela fileira, sentiu seu braço sendo puxado bruscamente, e quando virou a cabeça, viu o inesperado. Alexander Compton.

Pela primeira vez depois de muito tempo ele estava vendo aquela garota novamente, e não deixaria que ela fosse embora de novo. Não mediu esforços para invadir o auditório e pular as arquibancadas para alcançá-la. À essa altura, todos estavam aos suspiros, imaginando que talvez fosse uma declaração de amor. Antes fosse.

— Você... — Alexander pronunciou.

— Me deixe ir. — Margot protestou.

— Você não pode ir. Não depois de tudo. Tenho muitas perguntas precisando de respostas.

— Não tenho nenhuma para responder. — A jovem tentou livrar-se do seu toque, mas Alexander segurava seus braços de maneira firme.

— Tem sim, ou se não, todos aqui vão saber várias verdades sobre você. — O jovem sorriu maliciosamente, soltando seu braço e passando as mãos pelos seus cabelos molhados. — Afinal, foi para isso que deve ter se mudado para cá, para fugir da sua realidade, se esconder de seus demônios.

A Morte Te SegueOnde histórias criam vida. Descubra agora