Capítulo 25

515 94 178
                                    

"Não há filhos ilegítimos, só há pais ilegítimos."
Leon Rene Yankwich

Marion estava aguardando em uma sala separada a visita de seu pai ao invés de uma cela. O local em que ela estava havia uma estante de livros e algumas mesas redondas com diversas cadeiras em volta. Em uma dessas cadeiras ela estava acomodada. O detetive Adrian, antes de colocá-la lá, ressaltou o desdém que sentia por ela ter equeles privilégios, e que se fosse por ele, a garota já estaria em uma cela há muito tempo. Marion ainda não era considerada uma detenta. Pelo menos, não até o julgamento ser encerrado.

Detenta.

A palavra parecia surreal do seu ponto de vista, mas poderia ser, infelizmente, uma possível realidade. Seu corpo inteiro estremecia e ela havia até mesmo esquecido quanto tempo fazia que havia colocado alguma coisa no estômago.

Suas mãos deslizavam por seus braços e rosto em desespero e agonia, enquanto ela olhava para o teto daquela sala extensa, tentando encontrar uma solução para tudo o que estava acontecendo em sua vida.

Marion nunca havia conseguido encontrar um motivo sólido para ter deixado alguém tão obcecado a ponto de realizar ligações ameaçadoras, e por mais tempo que passasse raciocinando quem seria capaz de tal ato, mais confusa ficava.

— As ligações começaram com a Madison. Segunda vítima. — Ela pronunciou para si mesma, em voz baixa. — Por que não Inez? Por que o corpo de Inez não tinha marca, e antes da morte dela, não houve ligação?

A garota soltou uma respiração profunda. Haviam muitas coisas que não encaixavam-se na mente dela. Marion não entendia o fato da primeira vítima ter sido tão diferente, e muito menos o motivo de um homem ter sido desmembrado pelo mesmo o assassino. A única coisa que conseguia ter consentimento diante das pistas apresentadas até aquele momento era que a verdade por trás de tudo aquilo deveria ser mais sórdida do que um dia poderia imaginar.

O som da porta sendo aberta bruscamente chamou a atenção de Marion, e até mesmo seu corpo que estava tremendo intensamente, paralisou. Ao olhar quem era, avistou seu pai, com uma fisionomia que estampava sua fúria; um olhar severo, como se a repreendesse por sua existência. Ela olhou esperançosa para a porta, desejando que seu irmão entrasse logo em seguida, mas não foi isso o que aconteceu. Robert logo fechou a porta e caminhou rapidamente em sua direção. Com medo, Marion levantou-se da cadeira e deu dois passos para trás.

— Te dou cinco minutos para me falar que porcaria estava tentando fazer quando deu aquela entrevista, Marion! — Robert gritou. — Eu criei uma identidade para você, bancava toda sua estadia e regalias. O único trabalho que você tinha era não arranjar encrenca e ficar longe de nós, mas nem isso conseguiu.

— Não queria mais me esconder. — A garota abaixou a cabeça. — Não queria mais ficar longe.

— Merda, Marion! E aparece dessa forma? — O homem pronunciou, enfurecido. — Estávamos melhor com você longe. Em menos de vinte e quatro horas que resolveu aparecer, seu irmão perdeu a namorada e eu perdi o meu sossego. — Cerrou os punhos. — Não sei como alguém como você consegue ter meu sangue.

A garota sentiu lágrimas involuntárias descendo de seus olhos. Por mais forte que desejasse ser, ela não conseguia manter a mesma postura que tinha com outras pessoas, com o seu pai. Ele a intimidava.

— Você vai dar uma outra entrevista falando que você fez tudo isso por conta própria, que eu não te ajudei com a identidade falsa, e vai se desculpar com todos publicamente. — O senhor pronunciou. —  Vou marcar essa entrevista para amanhã. Quanto mais rápido, melhor.

A Morte Te SegueOnde histórias criam vida. Descubra agora