Capítulo 31

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"Como um homem pode ser corajoso se está com medo? Essa é a única altura em que um homem pode ser corajoso."
George R. R. Martin.

A sua insônia lutou bravamente com a sua necessidade de dormir durante aquela madrugada, e Marion, ao observar seu rosto no espelho quando amanheceu, deparou-se com olhos murchos e cansados, e pode ver quem havia saído vitoriosa daquela batalha. Ela havia passado a madrugada inteira fazendo rascunhos de sua defesa, e ao mesmo tempo, fazendo uma planilha em uma folha de papel com tudo o que sabia dos respectivos assassinatos. 

Desde que havia deixado Nicolas no quarto de hóspedes, não havia parado de pensar na ligação que ele havia feito para Roberta no dia do assassinato, e por mais que não quisesse acreditar que ele estivesse envolvido, sua mente girava entorno das palavras de Mark. Ele havia brigado com Alexander para defendê-la de acusações injustas, mas isso não descartava sua relação amorosa com Olga e com Leonora, e ao analisar tudo isso, a suposta ligação começava a ficar mais sinistra.

Marion sabia que ao mesmo tempo, Nicolas ser responsável por esses crimes sem que ela tenha notado era pouco provável, já que em pelo menos quatro assassinatos — Leonora, Olga, Alexander e Roberta — os dois estavam juntos. Porém, nem sempre estavam acordados. Ora brigando, ora fazendo amor, mas em um determinado momento, em todas as noites que passaram juntos, uma hora decidiam dormir. A jovem questionava-se se ele seria capaz de levantar, sem despertá-la, cometer um assassinato, e depois voltar dormir ao lado dela, como se nada houvesse acontecido.

— Impossível. — Ela riu da própria teoria bizarra em que simulou em sua mente, e ao mesmo tempo, fitou o pedaço de papel que havia rabiscado por aquele tempo que ficou sem dormir.

A madrugada de insônia rendeu à ela uma investigação por conta própria. Marion anotou o nome de todas as vitimas e todos os suspeitos, o que havia sido difícil. A garota nunca desconfiou de uma única pessoa por todos aqueles anos, e na hora de pensar quem poderia ser o assassino, vieram em sua mente nomes de pessoas próximas, pois a única certeza que tinha no meio a tudo aquilo era que o assassino seria alguém com uma obsessão, e que de todas as formas possíveis, tentava lhe fazer mal por algum motivo. Ao pensar nos indivíduos que poderiam corresponder a esse perfil, a resposta havia sido quase imediata;

Como primeiro suspeito ela havia colocado Cameron Stephens. Ele nutria motivos para prejudicá-la, e seu ódio pelo o que havia acontecido com Inez anteriormente poderia ser o principal gatilho disso. As mortes parecidas com a que havia ocorrido com sua namorada poderia reforçar essa hipótese. Uma punição. Afinal, era isso o que "Marte" buscava segundo a mitologia, uma justiça sangrenta.

O segundo suspeito havia sido o mais difícil de colocar, Robert Sparza. Para ela, era difícil aceitar que seu pai seria capaz de fazer isso para puni-la, mas ao lembrar-se do comportamento dele na delegacia, dominado por uma crise de ódio intensa, com seus olhos flamejantes prontos para atacá-la, soube que ele também seria capaz. Os seus métodos de aprendizado, desde quando Marion era pequena, consistiam em tortura psicológica, igual ao que ela estava vivenciando. E sem falar que, ele era o único que sabia do paradeiro dela por todo aquele tempo.

Mark Bradley havia sido o terceiro nome listado, e por mais que acreditasse que o rapaz não teria estômago e muito menos frieza para cometer esse tipo de assassinato, ele mostrava uma certa obsessão irrefutável para tê-la de qualquer forma possível, e uma prova disso, foi ter seguido seus passos até Los Angeles.

Em quarto, Marion havia colocado o nome de Nicolas Owen com lamúria. Quanto mais olhava para a caligrafia bem desenhada, preenchida por uma tinta azul, mais equivocada sentia-se. Todos os momentos em que ambos passaram juntos percorriam por suas lembranças, e seu subconsciente afirmava que não, aquilo tudo que eles viveram não poderia ser uma mentira.

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