Capítulo 8

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"A honestidade pode ser a melhor política, mas é importante lembrar que aparentemente, por eliminação, a desonestidade é a segunda melhor política."
George Carlin.

Os jogadores percorriam pelo campo, ultrapassando todos obstáculos que haviam sido colocados pelo circuito. Rolavam no chão, faziam séries de abdominais e flexões. Enquanto as líderes de torcida treinavam novos passos para coreografia e ensaiavam os antigos. Essa era uma tarefa rotineira de quase todo fim de tarde, pelo menos, em época de jogos. Todos os alunos voluntários reuniam-se para treinar, e poder impressionar o time rival no próximo torneio. Nicolas, como professor voluntário, apenas observava toda a situação, com seus braços largos cruzados firmemente em seu peitoral, e um boné de aba curvada o protegendo do sol, ao mesmo tempo que escondia seus cabelos que quase sempre estavam arrepiados.

Os acontecimentos da noite passada ainda estavam em sua memória. Ele havia tentado beijar Margot, e pela primeira vez em sua vida, estava arrependido por ser tão insolente. Até mesmo pegou o número da garota em uma planilha de telefones que ficava na diretoria para ter a possibilidade de redimir-se. Nicolas sempre bajulou a diretora Rosemarie Collier, e desde que descobriu que aquela senhora tão séria, mas ao mesmo tempo tão burlesca, tinha uma queda pelo seu pai, aprendeu a tirar vantagem disso. Bastava um copo de café e biscoitos recheados por chocolate para distraí-la, e logo pela manhã, ele aproveitou para persuadir-la:

— Senhora Collier, você está maravilhosa hoje! — Nicolas especulou, enquanto observava a senhora molhar o biscoito no café e enfiar tudo na boca. — Hoje os jogadores e líderes de torcida voluntários irão treinar comigo no final da tarde, chegarei um pouco atrasado e não tenho o número de todos para avisá-los. Poderia me emprestar a planilha de telefone dos alunos?

A senhora Collier não indagava, apenas concedia o favor, enquanto abocanhava mais um biscoito de chocolate e perguntava se Harris Owen, seu pai, estava solteiro. Nicolas sabia que era incorreto pegar o número de algum aluno por motivos pessoais, mas por alguma necessidade que nem ele compreendia, precisava pedir desculpa pelo o que havia tentado fazer ontem.

"Margot, aqui é o Nick. Desculpa por ontem, eu juro que não foi por mal. Não quero estragar nossa amizade."

A mensagem havia sido enviada, e o homem aguardava a resposta, tentando esconder até mesmo de si mesmo a ansiedade ficar esperando. A verdade é que, ele não entendia muito bem o motivo de importar-se tanto com isso. 

"Uau, somos amigos? Está perdoado, Watson. Porém, tente não ficar apaixonado por seu Sherlock."

Nicolas riu com a ironia utilizada na mensagem. Margot era, sem dúvidas, a mulher mais imprevisível que já havia conhecido. Ao fixar os olhos na tela de seu celular podia ver o quanto havia tirado as primeiras impressões precipitadamente sobre ela.

Seus devaneios foram interrompidos por alguém parando logo à sua frente. Nicolas, ao levantar a cabeça para encarar quem era, reconheceu os olhos azuis flamejantes que ardiam em fúria ao olhá-lo.

— Mark Bradley, o que quer? — Nicolas questionou, impaciente.

— Eu sei o tipo de homem que você é, e eu sei o tipo de coisa que você faz. Não quero você perto da Margot. Você não pode tratá-la igual trata todas. — Mark protestou, apontando o dedo para o rosto de Nick.

— Acho que a Margot não precisa de você para defende-la. — Alertou.

— Estou falando sério! — O jovem vociferou.

— Olha aqui, imbecil. — Aproximou-se de Mark, e indelicadamente, agarrou o colarinho de sua blusa suada com o treino recente. — Não tenho nada com a Margot, e não sei se um dia terei, mas de qualquer forma, isso não é da sua conta. Do mesmo modo que não me meto nessa obsessão esquisita que você tem por ela, que é melhor amiga da sua falecida namorada, não se meta quando eu tento ajudá-la em algo. Porque esse é meu único objetivo aqui. Ajudá-la.

A Morte Te SegueOnde histórias criam vida. Descubra agora