Capítulo 32

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"Eu acredito que às vezes são as pessoas que ninguém espera nada que fazem as coisas que ninguém consegue imaginar"
Allan Turing.

Marion estava com o carro estacionado em frente a floresta escura de Los Angeles, e todo aquele pânico avassalador havia voltado com tudo, fazendo com que seu coração palpitasse em um ritmo frenético, parecendo até mesmo que iria dilacerar seu peito. Ela respirava com dificuldade, e pensou em ir embora do local ao menos umas dez vezes desde que já havia chego, mas logo repreendeu-se por esses pensamentos. 

Ao olhar para estrada, que antes estava deserta, observou um carro sofisticado na cor preta passar com lentidão. O veículo era idêntico a um dos que estavam estacionados na garagem do seu pai anteriormente, só que os vidros escuros fechados fazia com que fosse  impossível ver quem estava dentro. Aquele automóvel, apesar de não ter parado, era evidente que havia passado observando e rondando tudo ao redor. Marion deduziu que fosse algum dos funcionários de seu pai, espionando o que ela estava fazendo, como sempre.

A garota finalmente decidiu entrar na floresta. Não demorou para que ela lembrasse da noite de horror que havia passado naquele local. Como a imensa região de árvores era extensa, com áreas que nunca foram se quer exploradas, a jovem voltou para  lugar em que tudo havia acontecido. O local em que armaram as barracas, fizeram a fogueira e passaram pelo maior pesadelo de suas vidas.

Marion caminhava pelo chão estreito e cheio de barro, enquanto iluminava tudo com a pequena lanterna que havia deixado na sua bolsa. Era uma lanterna que cabia na palma de uma mão, que sempre ficava lá para quando precisasse. Alguns achavam estranho, ela achava somente que era prevenção para quando a luz acabasse e não tivesse velas. Ela agradeceu-se mentalmente, pela primeira vez, por permanecer com medo de escuro até depois de adulta. Ao mesmo tempo em que agradeceu por isso, blasfemou em pensamentos contra si mesma por não ter trocado seus sapatos elegantes por um tênis.

As árvores delgadas, altas e bem separadas, naquela noite, faziam o ambiente ficar ainda mais sombrio. Após o que havia ocorrido com Inez, Marion realizou uma extensa pesquisa sobre aquela floresta, e constatou que havia um estranhos caso de desaparecimentos naquele lugar. Antes, ela achava que eram apenas histórias fantasiosas o fato da floresta ser conhecida como "Floresta das crianças desaparecidas", devido à lendas urbanas que poderiam fazer parte do local. Mas ao comprovar que estava equivocada, que haviam realmente crianças que nunca haviam voltado para casa ao entrar naquela reserva natural, sentia-se ainda mais temerosa com relação à sua atitude de ir para lá, ainda mais naquelas circunstâncias; sozinha, atrás de um assassino, somente com um spray de pimenta — única arma de defesa que levava cotidianamente consigo mesma — e um salto alto fino, que atolava na terra a cada passo em que ela dava.

Chegou o momento em que seus pés doíam, sua cabeça girava, e o relógio do seu celular — que ela fez questão de manter com o gravador de voz acionado, pronto para incriminar qualquer pessoa por aquelas coisas terríveis que estava sendo acusada — apontava um horário bem mais tarde do que realmente acreditava ser. Sete horas da noite. O julgamento já deveria ter acabado, ou melhor, nem começado, já que a principal pessoa que deveria estar lá não havia comparecido. Na cabeça de Marion, provavelmente, eles já teriam expedido um outro mandado de prisão, e dessa vez, ela não sabia se seu pai conseguiria evitar aquilo.

— Posso ser presa, mas claro, isso se eu passar dessa noite... — Murmurou para si mesma, enquanto suspirava profundamente enquanto pensava o quão tola estava sendo.

Os seus pensamentos foram interrompidos por barulhos de árvores ao seu lado esquerdo, e assim que iluminou o ambiente, não viu nada. Concluiu, com o objetivo de tranquilizar-se, que poderia ser algum animal, ou somente o vento, que ora ou outra dava às caras por ali. Porém, suas conclusões não permaneceram por muito tempo, pois o mesmo barulho surgiu novamente, só que dessa vez, ao seu lado direito. Ela novamente iluminou com a lanterna, e nada encontrou. Marion sentia-se observada. Sabia que por mais que não conseguisse ver ninguém, não estava sozinha.

A Morte Te SegueOnde histórias criam vida. Descubra agora