Tinha colocado sua alma alí

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Depois de muita insistência de Emma Regina aceitou  conversar. Ela queria um pouco mais de espaço, mas Emma não dava, então elas marcaram na casa da morena depois do trabalho. 

  As mãos de Emma transpirava, sua agonia era visível, ela esperava Regina na porta do seu apartamento, seu coração veio até a boca quando viu o elevador se abrir, e a figura de uma bela mulher sair dele,mas o semblante de Regina era cansando, não parecia cansaço de trabalho seus olhos estavam tristes, e ela não tinha nos lábios o sorriso que Emma tanto amava. 

— Emma tudo bem? Disse séria. 

— Tudo sim, e você? 

— Estou ótima! vamos entrar. 

Ela abriu a porta dando passagem para Emma que entrou e sem perceber deu um longo e alto suspiro. 

— Tá tudo bem mesmo Emma? Regina perguntou preocupada, ao escutar o suspiro.

— Não é nada, só tive uma semana estressante. 

— Ok. Vamos nos sentar, e podemos falar. Disse se sentando no sofá. 

— Então Regina o que eu queria...quero dizer, é que me perdoe.— Suspirou pesado. — Eu passei todos esses dias pensando em você, no que eu tinha feito...se caso, não quiser me perdoar, eu vou entender. Disse com a voz embargada. 

Regina se ajeita no sofá, e olha nos olhos de Emma,e conseguiu ver ali aquela Emma inocente, de quando elas se conheceram, ela engoliu seco, balançou a cabeça em negação, pois sabia muito bem que aquela Emma inocente nunca existiu,não do jeito que ela imagina,e  sabia também que tinha que ser firme, porque voltar com ela, só iria lhe trazer sofrimento, ambas precisavam se entender primeiro, para depois tentar entender a outra. 

— Vou tomar esse silêncio,como um não. Disse chorando,e se levantando. 

— Não Emma. —  Segurou sua perna para não se levantar. — Eu estou muito triste,mas a culpa não é toda sua,eu que me entreguei de mais de uma maneira que nunca fiz, baixei minha guarda,e é por isso que estou magoada. Disse com os olhos marejados e a voz embargada. 

— Não Regina, você não tem culpa aqui, ninguém pode se culpar por se entregar demais a alguém, por confiar, errada fui eu que te machuquei de uma maneira,que não consigo nem te pedir perdão direito. 

— Emma eu perdoo você. 

— Sério?! Disse sorrindo. 

— Sim, sério. 

Emma abraçou Regina, ela chorava, porque temia que ela não a perdoasse. Regina se desfez do abraço, e por alguns segundos se perdeu nos olhos e lábios da loira, que se aproximou devagar, mas quando foi para beijar ela, foi impedida com a mão de Regina no seu rosto, tampando sua boca e afastando ela de leve, e disse: — Emma eu perdoei você, mas isso não significa que devemos voltar. 

—  É claro me desculpa, eu vou indo, me desculpa. Disse triste. 

— Emma, por favor me entenda! — Disse se levantando. 

— Eu entendi. E está tudo bem...só quero que saiba.— Engoliu seco.— Você é maravilhosa, incrível,uma mulher extraordinária,merece todas as coisas boas da vida.—Disse com a voz embargada e os olhos marejados. — Será que posso te dar um último abraço? 

— Emma não!— Disse com olhos marejados. 

— Tudo bem então. — Emma disse baixo já chorando muito. 

Regina segurou em seus ombros e disse: — Não Emma, não quero que esse seja nosso último abraço, quero te dar vários outros, e Emma, saiba que também é uma mulher incrível, só precisa descobrir isso, não aceite migalhas, continue a viver sem medo, como fez nos últimos dias, não se tranque dentro de você novamente, porque vai ser triste demais, e você merece só o melhor. 

Regina abraçou ela forte, porque sabia que por mais que não quisesse admitir para si aquele abraço talvez não fosse o último,mas este não seria repetido tão cedo, sabia que não veria Emma de novo tão cedo,e aquilo machucava ela demais, seu pranto era de dor, assim como o de Emma, que também sabia, que após Regina, a sua vida não seria mais a mesma, e aquilo doía e ao mesmo tempo era assustador. Elas se despediram, e Emma foi embora deixando Regina encostada na porta, pensando se realmente estava fazendo o certo,a dúvida era terrível,mas deixar ela ir, era doloroso até demais. 

  Os dias passaram, Emma e Regina não se viram mais desde a última vez. Regina  estava bem triste, mas sabia que iria superar, ela precisava superar, ela pensava como alguém pode entrar em sua vida,e em tão pouco tempo fazer tanto estrago, mas ela sabia que também existia coisas maravilhosas que Emma fez por ela, ou ela não teria se apaixonado, e logo depois amar aquela mulher, a qual estava em seu apartamento também pensando em Regina, e contando para tv como sua estúpidez ela perdeu a única pessoa que ela realmente amou, ela até estava fazendo terapia pela Regina. Ela sentia uma vontade muito grande de ligar,ir atrás,mas sabia que tinha que respeitar o espaço dela, e assim Emma fez, por meses até resolver ir atrás da morena na galeria. 

— Emma, meu deus como está linda! Gideon disse alegre. 

— Obrigada. A Regina está? Será que posso falar com ela? 

— O Emma você não soube?! 

— Não soube o que? Disse apreensiva. 

— A Regina ela. 

— Aí fala pelo amor de Deus,o que aconteceu com ela? 

— Regina está em Londres, tem duas semanas, na filial da galeria, foi oferecido e ela aceitou na hora.  

— Ah eu não sabia. Disse triste. 

— Emma liga pra ela, sabe que vai atender você, na hora. Archie disse logo atrás dela. 

— Eu vou indo, até. Disse com a voz embargada, e saiu dali o mais rápido que conseguiu. 

Emma voltou para seu apartamento se sentindo derrotada, ela respirava pesado, aquilo não parecia real para ela. Sentou no sofá e começou a chorar e socar a própria cabeça,e disse: — Burra burra burra, porque não ligou pra ela, não foi atrás….foram quase três meses sem falar com ela, você Emma merece a solidão desse apartamento, merece a tristeza que está sentindo e merece morrer só,pra aprender a valorizar quem te valoriza. 

Ela parou  de falar ao ouvir o telefone tocar, pensou que fosse a Regina. 

— Talvez os meninos tenha dito que eu fui lá atrás dela... alô disse atendendo o telefone. 

— Emma estou ligando no seu celular e você não atende.

— Ah mãe é você! 

— É sou eu,está tudo bem? Perguntou ao ouvir a voz chorosa dela pelo telefone. 

— Tá sim.— Começou a chorar. — Só a Regina que foi embora pra Londres! 

— Ou Emma sinto muito. 

— Não tanto quanto eu...mas mãe eu vou ficar bem, até mais. 

Emma desligou o telefone, e foi para seu quarto que era seu ateliê, o qual ela não entrava a um bom tempo. Emma descobriu as telas, uma a uma, e retirou todas elas dos tripés, e colocou telas em branco, e começou a pintar, coisa que ela não fazia a tanto tempo que não se lembrava mais quanto, e colocou sua dor naquelas telas, ela passou a noite pintando. Quando olhou para tela começou a chorar, e percebeu que aquela era sua melhor obra, ela tinha colocado sua alma ali. 

Foi quase sem quererOnde histórias criam vida. Descubra agora