Voltas do Destino

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Oie. Então gente, só algumas ressalvas, que eu já deveria ter feito uns capítulos atrás, mas acabei esquecendo.
Essa história foi publicada em 2010, portanto, algumas coisas na narrativa, bem como certos comportamentos dos personagens, podem soar um pouco ultrapassados e até problemáticos. Obviamente tive que fazer algumas alterações, principalmente quanto à locais, nomes e algumas outras coisas pequenas, mas me limitei à isso pois mudanças maiores poderiam comprometer a obra original. Se sentirem desconfortáveis de alguma forma podem me chamar por aqui, ok? Então é isso galera 😉






Quando George Martelli a mandou chamar em sua sala, no meio da tarde do dia seguinte, Lena imediatamente concluiu que o assunto era sério. Desde o dia em que fora interpelá-la sobre a contratação de Kara como estagiária, seu chefe só falara com a subordinada preferida através de recados transmitidos pelas secretárias.

-- Sente-se, Lena.

-- Obrigada. Como foi de viagem, George?

-- Então já sabe da viagem.

-- Sim.

-- Vamos pegar um caso grande dessa vez.

-- Já vencemos vários desses.

-- Maior que os outros -- ele insistiu. -- Com mídia, com muita gente importante e com muito dinheiro envolvido. E eu quero você a frente dele. Só que para isso você vai precisar fazer algumas viagens, também.

-- Mídia, gente importante e dinheiro envolvido, seria corrupção? Sabe que não é a minha especialidade e-

-- Assassinato.

Lena refestelou-se na cadeira.

-- Nova Iorque, você disse.

-- Quando eu puder lhe dizer exatamente do que se trata você vai entender por que nenhuma firma grande de lá quis assumir o caso.

-- Dinheiro não foi o problema, presumo.

-- Diga-me, Lena, você leu os jornais de hoje?

Quando ele disse a palavra "hoje" Lena se lembrou pela primeira vez naquele dia que era o seu aniversário de vinte e oito anos.
-- Não li.

-- Eu ia fazer uma pergunta boba, mas me parece lógico que você sabe o que é a Simmons Corporation...

Ela fez uma rápida pesquisa em sua memória, afastando imediatamente os dados que não eram relevantes em uma conversa profissional:

-- Telecomunicações e investimentos -- disse.

-- Entre outras coisas. Sim. Milionários.

Lena se sentiu subitamente desconfortável e se mexeu na cadeira.

-- Então... "Assassinato"?

-- O herdeiro.

George observou que o olhar de Lena vacilou ligeiramente. Mas não conseguiu interpretar aquele fato imediatamente e resolveu continuar o assunto:

-- Peter J. Simmons Jr. Tiro na têmpora. A arma era dele e estava na sua mão direita, com seu dedo indicador no gatilho.

-- Mas você disse assassinato.

-- Uma tentativa muito chinfrim de simular suicídio que pode agravar o caso.
Lena estava achando aquilo torturante demais e resolveu fazer a pergunta que martelava seus pensamentos:

-- Quem é o acusado que você quer que eu defenda?

George virou e empurrou uma pasta sobre a mesa, em direção à advogada. Lena esticou os olhos e com a visão turva, antes de qualquer coisa, leu o que lhe pareceu uma sentença de morte: "Helena Bertinelli Simmons".

-- A esposa.

* * *

Quando subia pelo elevador de seu prédio, Lena ainda estava tonta. Passara em uma banca e comprara todos os jornais do dia, planejando preparar uma jarra de café e devorar cada linha de cada periódico. Ao abrir a porta do apartamento, entretanto, viu que seu dia estava ainda mais longe de ser "comum".

-- Surpresa!!!!

Ela não soube o que dizer. Winn e Mike haviam decorado a sala com balões, havia uma mesa com doces e um bolo, a música estava alta e Kara e Andrea sorriam ao ver sua expressão de completo espanto.

Kara rapidamente se adiantou e apanhou os jornais, a bolsa e a pasta que Lena trazia, largando-os sobre a mesa do escritório e voltando em seguida.

-- Nada de mais trabalho por hoje, doutora Luthor. Feliz Aniversário.

-- Feliz Aniversário, Le! -- Winn se atirou em seus braços.

-- Hei! Eu...

-- Você não esperava -- Andrea completou a sua frase. -- Essa é a graça das festas surpresas. Parabéns, Lena.

Mike puxou a amiga pela mão.

-- Venha soprar as velinhas!

-- Isso é tão infantil.

-- É, mas você vai fazer -- insistiu Winn.

-- Não se esquece do pedido! -- lembrou Kara.

Estavam todos rindo, e Lena se esforçava para parecer feliz como realmente estava com a grata surpresa. Mas ao fechar os olhos e tomar fôlego, o pedido que fez a lembrou de tudo que estava para acontecer, e silenciosamente ela deixou sua mente simplesmente desejar: "quero que George dê o caso a outra pessoa".

-- Espera! -- Mike a interrompeu antes que ela apagasse as velas. -- Não vale pedir nada que tenha a ver com trabalho! -- disse como se pudesse ter adivinhado pela expressão dela.

-- Certo, então vou pedir outra festa surpresa para o ano que vem.

-- Mas aí não vai ser surpresa -- disse Andrea.

-- Nem vai valer porque você não pode contar o pedido -- acrescentou Kara.

Lena balançou a cabeça. Fechou os olhos de novo, inspirou fundo de novo e tentou reformular.

-- Vamos logo com isso, Le! -- disse Winslow.

Ela entrou em pânico ao perceber que não conseguia desejar nada que não tivesse a ver com o seu trabalho, e mais especificamente, com o novo caso que seu chefe queria que ela assumisse. Olhou para os amigos, poderia muito bem desejar algo referente a eles, mas só conseguia pensar em desejos que não eram seus, mas deles. Teve vontade de chorar, mas jamais conseguiria explicar o motivo e então preferiu fechar os olhos de novo e fingir que havia feito um pedido, apagar as velas e receber as palmas dos amigos.

"-- Você mente o tempo todo?       
-- Sim."

Uma hora e meia mais tarde, quando estavam todos embriagados e Winn a lembrara de que tinha uma cópia da chave e por isso conseguira preparar tudo, Lena finalmente escolheu um pedido, mesmo sabendo que teria de esperar até o ano seguinte para fazê-lo direito. E então lembrou também que não acreditava naquilo.
Mike e Winn estavam namorando no escritório e Kara se divertia com a coleção de CD's da dona do apartamento, e ao ver aquilo, Andrea foi até a varanda, sabendo que a aniversariante estaria ali, sozinha.

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