O Final

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Chegamos ao último capítulo!


Kara aceitou o copo de suco que Lucy lhe trouxera. Ainda estava ofegante por ter subido os quatro lances de escada, sem descanso, nos últimos vinte minutos, carregando sua pequena mudança. Depois de beber, a garota se deixou ficar confortavelmente largada do sofá.

A partir daquele dia, aquela casa também seria sua.

Kara não pretendia pagar, sozinha, o aluguel de um apartamento perto o suficiente do escritório, que tivesse uma conexão fácil com a faculdade, de modo que aceitou a oferta da amiga de infância para morarem juntas e dividirem as contas.

A estagiária relutava em admitir, mas aceitara o convite também porque não queria ficar sozinha após o rompimento com Lena.

Resignada, Kara sabia que não devia mexer no punhal que sentia estar cravado no meio do peito, muito menos retirar a lâmina que lhe dilacerava. Ainda não queria ter uma morte lenta, sagrando por dentro até o fim.

Por mais que desejasse afastar qualquer lembrança do que acontecera o mais rápido possível, tentaria conviver, dia após dia, com o objeto cortante que tomara a forma do seu amor por Lena, ameaçando avançar cada vez mais para perto do seu coração e lhe arrancar um último sopro de vida.

– Kara?

“Será que a essa hora ela já está nos braços da Andrea?”

– Kara?

“Ou será que ela quer aproveitar um pouco a liberdade e mandou instalar uma trave de pole dance no meu antigo quarto?”

–KARA!

Finalmente a garota se deu conta de que a amiga estava querendo sua atenção. Sorrindo da maneira mais convincente possível, culpou o cansaço pela falta momentânea de lucidez.

Sem muito acreditar naquela desculpa esfarrapada, Lucy se inclinou na direção da amiga, buscando seus olhos antes de perguntar:

– Já sabe o que fará da vida a partir de agora?

– Você fala como seu eu precisasse recomeçar do zero, Lu! – riu Kara. – Meu relacionamento acabou, mas eu ainda tenho o meu emprego e duas faculdades para me preocupar. Isso, felizmente, não mudou.

– Emprego no qual você encontrará a sua ex diariamente, não? Ela ainda é sua chefe...

– Não precisa me lembrar de coisas ruins agora! – pediu bebericando o copo de suco.

– Kara, você não pode apenas existir para cumprir suas funções como estagiária e estudante.

– Lu, eu não disse que seria assim! Bem ou mal, ter deixado a Lena me fez perceber que não posso deixar coisas serem esquecidas apenas pela ilusão da felicidade e paz de espírito momentâneas...

– Como assim?

– A Lena fez um bom trabalho me prendendo na sua teia de mentiras, eu fiquei cega por um tempo, mas agora preciso consertar os erros que cometi. Não fui a única que saiu machuca nessa história toda...

Franzindo o cenho, Lucy tentou acompanhar o raciocínio de Kara. Fora Lena e Kara, apenas outra pessoa, pelo o que a amiga havia contado, tinha saído ferida desde que elas começaram a namorar.

Em umas das muitas conversas que tiveram desde que Lucy tinha se mudado, Kara contara o começo conflituoso e torturante que levara Kara a namorar oficialmente a advogada.

– Está se referindo a Lucy, a secretária da Martelli que você namorou?

– Ela mesma... – suspirou Kara. – A Lucy não mereceu as coisas que me ouviu dizer logo depois de ter sido despedida. O medo de toda a verdade que ela me disse naquele momento me impediu de procurá-la por todo esse tempo. Não posso mais protelar esse acerto de contas, Lu. Preciso resolver isso, entende?

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