Twenty one.

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Estava em um corredor com paredes brancas. Ele era terrivelmente longo e tinha apenas uma porta no fim. Fui caminhando, na intenção de passar por aquela porta, na esperança dela ser a saída.

Enquanto ia andando, pude ver um líquido grosso, e com mal cheiro, escorrer pelas paredes.

Adiantei meus passos, porém, parecia que quando mais eu andava, mais longe eu ficava daquela bendita porta.

O líquido começou a escorrer pelo chão e só então eu pude notar que era sangue.

Parei de andar quando uma poça que apareceu na minha frente começou a borbulhar. Dei um passo para trás, com medo, mas acabei dando de costas com uma parede. Não entendi bem como isso aconteceu.

A poça começou a se erguer.

Não tive voz para gritar. Não conseguia nem abrir a boca.

Aquela coisa foi ganhando forma humana e todo sangue escorreu pelo seu corpo relevando uma mulher.

Era minha mãe.

Ela abriu os olhos, que estavam completamente brancos, e tinha um buraco de bala na cabeça.

A mesma deu um passo para frente e segurou meu pescoço com força.

— Você me matou! — ela falou com uma voz monstruosa.

Segurei o braço dela com minhas duas mãos tentando fazer com que ela se afastasse, mas foi em vão. Ela nem sequer movia um músculo.

Sentia meu pescoço sendo apertado cada vez mais. Estava ficando quase sem ar.

— Vai matar seu irmão também! — ela falou, aproximando o rosto do meu.

— Não!

— Joalin!

Abri os olhos e dei de cara com o Bailey, em cima de mim, segurando os meus braços, minhas mãos estavam apertando o meu próprio pescoço.

Minha respiração estava descontrolada. E eu estava assustada.

Foi um pesadelo.

Ele afastou minhas mãos com delicadeza e saiu de cima de mim.

— Tudo bem? — perguntou ele, sentando ao lado.

Apenas assenti.

Estava em um quarto diferente. E devido a semelhança com o quarto que já estive, supôs que estávamos na casa dele.

A última coisa que eu lembrava, tirando meu pesadelo, foi de cair no quarto da casa noturna e apagar no chão.

— Já é a quarta vez que você tenta se enforcar... — ele falou calmo, ou talvez preocupado. — Dessa vez acordou.

Virei meu corpo para o outro lado, ficando de costas para ele. Involuntariamente, ou necessitadamente, comecei a chorar, passando a mão pelo pescoço sentindo o mesmo doer.

— Ei, o que foi? — senti sua mão no meu braço.

— Era minha mãe... — falei entre o choro. — Ela estava me enforcando...

Ele não falou nada, mas o ouvi suspirar e pelo movimento na cama, tinha levantado. Acabou por dar a volta, pois apareceu do meu lado, se ajoelhando em minha frente.

— Não vou dizer que sinto muito pelo que fiz, pois estaria mentindo. — ele disse brando. — Mas sinto por te deixar nessa situação. Sei o quanto é ruim ficar tendo pesadelos com uma pessoa que morreu... — novamente, não soube distinguir seu semblante, mas vi verdade no que ele disse. Talvez estivesse enganada, ele poderia ser um bom ator. Mas ele não teria motivos para mentir, ainda mais depois das coisas que já me fez. — Se fizer tudo certo, esse tipo de coisa não irá se repetir.

𝐓𝐡𝐢𝐞𝐟   ͟͞➳ 𝓙𝓸𝓪𝓵𝓮𝔂 𝓐𝓭𝓪𝓹𝓽𝓪𝓽𝓲𝓸𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora