Forty-four.

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— FALAR O QUÊ? — PERGUNTEI, JÁ SENTINDO minha voz vacilar.

— O que está acontecendo? Você não é assim...

— Você não me conhece-

— Conheço o suficiente para saber que está mentindo. — ele me cortou.

— Eu não estou mentindo. — disse o mais firme que consegui.

— Está sim. Você ergue a sobrancelha esquerda sem perceber sempre que mente... — ele falou, e sorriu brevemente.

De fato, sobre isso ele tinha razão. Era a mesma coisa que o meu pai dizia quando me perguntava se tinha comido a sobremesa antes do almoço e eu negava.

— Eu presto a atenção em você, Joalin... — ele continuou. — Me diz o que está acontecendo?

Eu não queria ceder, mas o olhar dele estava mexendo comigo... Mais do que o permitido. Visto que iria perder aquele jogo, coloquei o notebook na mesa e levantei da poltrona.

— Eu preciso descansar, Bailey. — falei, mas quando tentei me afastar ele segurou o meu braço e levantou-se.

— Vou ficar louco se não disser o que está acontecendo... — ele se aproximou de mim, deixando seu rosto mais perto do meu, eu podia sentir sua respiração pesada. Nossos olhos se encontravam, e eu não soube distinguir o seu semblante. Seus olhos não tinham brilho, estavam escuros e sem vida, como um dia nublado.

Eu não tinha mais saída. Não conseguiria negar por tanto tempo.

Cedi.

— Você fugiu de mim... — minha voz saiu como um sussurro.

Ele negou rapidamente.

— Eu não fugi, amor! — então tocou o meu rosto. Acabei fechando os olhos para absorver seu toque, mas os abri rapidamente quando notei que tinha trocado algumas sílabas e já estava me entregando.

Preciso tirar a dignidade do meu cu e usar!

— Fugiu sim! — disse eu, um pouco mais firme dessa vez. — Eu acordei e você não estava mais na minha cama. Agora aparece aqui dias depois de me ignorar como se não fosse nada de mais pra você... — tirei a mão dele do meu rosto.

— Eu não...

— Sei que não me deve satisfação!

— Eu não ia dizer isso.

— Mas é a verdade.

— Joalin, não fugi de você. Saí mais cedo para resolver algumas coisas e pretendia voltar à noite, mas recebi uma ligação de emergência e tive que viajar. Os problemas se agravaram por isso eu demorei mais tempo fora. Não podia manter contato com ninguém, pois estava desconfiado que tinham clonado ou grampeado o meu celular, pois o lugar que eu estava é praticamente um esconderijo e eu só combinei de estar lá com a pessoa que tinha telefonado minutos antes de aparecer ali. Não podia arriscar de falar com você e de alguma forma algo ruim te acontecer. — ele voltou com a mão no meu rosto. — Eu não desapareci por mal. Acredite em mim...

Fiquei sem palavras. Estava tão focada em só acreditar que ele estava me ignorando, que por um momento esqueci que ele tinha problemas com mafiosos. Mas isso não respondia todas as minhas dúvidas.

Ele ainda não era o tipo de pessoa pra mim.

— Me desculpa por-

— Não precisa se desculpar. — ele me cortou, e sorriu brevemente. — Tudo bem agora? — assenti. — Vai parar com essa de senhor May? Sei que estava fazendo de pirraça.

𝐓𝐡𝐢𝐞𝐟   ͟͞➳ 𝓙𝓸𝓪𝓵𝓮𝔂 𝓐𝓭𝓪𝓹𝓽𝓪𝓽𝓲𝓸𝓷Onde histórias criam vida. Descubra agora