Capítulo 44

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Sophia se levantou do chão com as caixas na mão. Mesmo sem encará-lo, ela podia sentir seu desconforto. Ela colocou as caixas no puff quadrado e pegou o copo, reabastecendo-o e bebendo um gole. — Você não é meu cliente.

— Vamos imaginar que eu seja, Doutora — disse ele, observando enquanto ela respirava fundo, suas costelas se expandindo.

— Você está falando sério? —Perguntou espantada. Este jogo é ridículo, Alistair Connor, e eu conheço bem suas regras.

— Sim — respondeu ele. — Eu, eu e eu. Sendo esse eu seu cliente e réu.

— Eu, eu e eu — repetiu ela, em um sussurro, estudando o rosto dele intensamente, a testa enrugada. Sei exatamente o que você está procurando. Mas eu não jogo para condenar alguém sem uma causa justa.

— Tenho que ouvir meu cliente primeiro. Não posso julgar antes de uma audiência justa. — Ela olhou nos olhos dele, como às vezes fazia, como se achasse que podia lê-lo, mas desta vez, teve a sensação de estar entrando em uma piscina lamacenta e pegajosa, da qual poderia não ter uma saída. — Faça seu apelo e diga seu crime, por favor.

— Muitos pecados e a maioria dos sete pecados capitais — respondeu ele rapidamente, sem pestanejar.

— Muito vago — disse ela prontamente de um jeito calmo. — Continue.

— Deboche, perversão, raiva, ódio, egoísmo, assassinato, indiferença e desapego. E dos sete pecados: luxúria, ira, orgulho e inveja — disse ele, tentando chocá-la. — Nessa ordem, desde dezembro de 1999.

— Quem fez as acusações?

Ele ficou ali olhando para ela.

— Estou esperando. — Ela bateu o pé no tapete, irritada com a tolice dessa pretensão psicológica. — Quem fez as acusações?

— Eu mesmo.

Como você pode acusar a si mesmo, Alistair Connor? Ela meditou, avaliando o rosto e a linguagem corporal, procurando por algo mais. Culpado por omissão? Talvez. Ela virou as costas para ele e apertou a ponte do nariz. Mas há mais nisso. Ele está mentindo. Por quê? Ela não negaria a ele o direito de mentir, nem para si mesmo. — Alguma evidência? Prova?


Uma briga

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Uma briga. Um carro destruído. Sangue por toda parte. Dois cadáveres. — Fotos — respondeu Alistair bruscamente.

— Nenhum documento? Testemunhos? Impressões digitais?

— Nada conclusivo. — Ele a observou andar pela sala, pensativa.

— As fotos podem ser manipuladas. O júri vê o que o advogado quer que eles vejam.

— As fotos não foram forjadas. — Sua voz profunda soou zangada e triste ao mesmo tempo. — Culpado como disse a acusação.

Ela terminou o vinho, colocando o copo na outra mesa e andou um pouco mais, pensando em voz alta — Apenas fotos. — Ela se virou e seu vestido girou em torno dela. O bastão japonês que prendia o seu coque caiu no chão e seu cabelo deslizou costas abaixo. — Quem ou o que estava nas fotos?

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