Capítulo 45

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Casa Atwood

11:03

Alistair a ajudava a lavar a louça do café da manhã – depois de ter feito amor com ela lentamente, ternamente, palavras doces sussurradas em seus ouvidos enquanto reverenciava seu corpo. Ainda na cama, eles tinham conversado sobre a infância dele e sobre sua família – claramente, ele tinha uma família feliz e sentia muita falta de sua falecida mãe – e em nenhum momento ele tocou no nome de Heather.

— Tenho que ir para casa pegar algumas roupas. Não posso usar o mesmo jeans o fim de semana todo.

Ela sorriu sedutora para ele. — Você pode ficar nu. Isso vai economizar tempo.

— Espertinha! — Ele riu e deu um tapa na sua bunda. Com força.

Ela gritou, pulou e se virou para olhá-lo, com uma expressão cautelosa no rosto. — Alistair... nós não falamos sobre a noite passada.

— Exatamente o que sobre a noite passada? — Suas feições adquiriram aquela máscara enigmática e ele se apoiou no balcão.

— A tal da dor e da violência.

— E? — Ele cruzou os braços sobre o peito, os músculos salientes.

— Você vai querer sempre isso?

Nae. Nem sempre.

— Nem sempre... — Pensativa, ela se sentou em uma cadeira perto da mesa. — Mas frequentemente?

— Depende de você. — Ele inclinou a cabeça para o lado e estudou seu olhar cauteloso. — Você disse que gostou.

— Não exatamente. Eu disse que era perturbador. Perturbador e maravilhoso. E se essa tempestade de paixão terminar? E se você me ver como eu sou? E se essa dor me dominar? — Ela questionou, entrelaçando suas dúvidas com a letra da música que ele escolhera. — A paixão é uma doença. Isso confunde e faz você fazer coisas apenas para agradar a outra pessoa. Muito diferente do amor. No amor, você se deleita apesar das falhas da pessoa.

— Eu quero ver você como você é, todos os dias que viver — respondeu ele, quase citando a música e estreitando os olhos para ela. — Você prestou atenção à música.

— Prestei atenção na música? — Não, não prestei. Como eu poderia? — Não mesmo, mas eu adoro essa música. É uma das minhas favoritas.

— É um pouco sombria e triste.

— Por que você escolheu então?

— Eu gosto do piano e da batida. E a letra é...

— Linda. É sobre um relacionamento. Mais do que isso... — Ela suspirou e seus lábios se curvaram um pouco, mais uma careta que um sorriso. — Eu sou o desânimo e a escuridão personificada.

— Você não sabe o que é a escuridão, Sophia. — Ele sentou-se na cadeira ao lado dela, segurando o queixo dela com a mão esquerda. Balançou a cabeça, sua longa franja caindo sobre o olho direito. — Você é como o ar fresco de um pomar na primavera. Eu sou a escuridão.

— Eu não acredito nessa sua opinião de si mesmo: tendenciosa e pobre. — Sophia levantou a mão para afastar o cabelo dele dos olhos. — Parece que temos muito a aprender um sobre o outro.

— Parece. — Ele inclinou a cabeça. — Eu te machuquei? Ontem?

Ela suspirou. — Eu...

Ele esfregou a mandíbula, estudando-a silenciosamente, seu rosto inescrutável novamente.

Destinos EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora