Irresistível Tentação

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Estou na cozinha às 10 da noite, procurando o que comer. Hoje já é 03 de Janeiro. Estou sem ânimo e só vou comer por que meu corpo está fraco e demonstrando que preciso me alimentar imediatamente. Pego um pão, frango assado do jantar que está na geladeira e como feito uma ogra.

Estou desanimada, triste e com olheiras por que não consigo dormir direito. Desde a noite da virada, Dener não me responde, não me atende e hoje na última vez que liguei, ele ignorou a chamada no segundo toque. O que será que esse louco viu dessa vez? Quero sentir raiva dele, mas a saudade fala mais alto. Quero confrontá-lo, quero saber por que está assim. Não sou ciumenta, mas já começo imaginar tanta coisa, lembro como as mulheres olhavam para ele nas festas, com completo desejo e sedução, ficava na minha por que sempre fui muito confiante, mas agora nessa situação estou tensa e muito ansiosa com a volta de Dener. Não sei o que virá pela frente. Por que ele está me ignorando?

- Afffff... Que pão ruim.

Largo o pão e o frango em cima do prato com força.

- O que é isso mocinha?

Meu pai aparece na porta da cozinha.

- Nada pai...

Faço bico quase de neném dengosa. Queria desabafar mas Harper não voltou ainda e Max viajou com os primos para algumas cidades vizinhas. Então estou com tudo guardado a três dias. Meu pai não pode perceber, ele não sabe de nada, então preciso fingir muito bem.

- Como nada, minha linda? Estou vendo sua carinha, e não está nada boa.

- Só estou com saudades da minha mãe.

Meus olhos enchem de lágrimas invasoras que começam a cair sem meu o consentimento.

- Xiiii... Vem cá minha querida...

Papai se aproxima muito rápido, me abraçando, acalentando minha cabeça em seu peito.

- Calma filhinha. Estou aqui. Sua mãe com certeza também está com saudades de você e em breve ela dará um jeito de voltar.

- Eu sei pai...

Suspiro alto e as lágrimas persistem.

- Minha linda, não estive presente em todos os momentos da sua vida, mas conheço bem minha filha e sei que esse não é o motivo. O que está te incomodando meu amor? Você sabe que pode contar comigo, jamais irei te julgar, estou aqui minha linda, com todo amor para te entender.

É nesse momento que penso em contar... Meu pai parece ser um homem tão compreensivo e amoroso.  Mas o que Dener vai pensar? Ele não estava pronto. E se eu contar... Dener não está me respondendo, não sei o que ele está fazendo, ou pensando. Como vai ser quando ele chegar? Só de pensar todas essas coisas eu choro ainda mais.

Papai me consola acariciando meus cabelos. Ficamos em silêncio por alguns minutos.

- Filha, vi que você e Max estavam muito próximos na virada de ano... É algo relacionado a isso ou a ele?

Fico um pouco alerta quando papai fala nesse assunto, por que mostra que ele me observa. Tinha esquecido como meu pai é observador e analista, ele percebe as coisas ao seu redor com muita facilidade.

- Ah, pai. Não... Não é Max. Ele é um grande amigo.

Falo pausadamente, tentando deixar bem claro que Max não era o causador de minas lágrimas.

- Se não é o Max, então tem alguém. Eu sinto, meu amor.

Percebo que não consigo enganá-lo.

- E se esse alguém, existisse mesmo, pai?

- Eu ficaria feliz, se você estivesse feliz. Dessa forma que você está, só me assusta filha. Não quero vê-la sofrer por amor assim tão nova. Você merece ser feliz, ser amada e como um casal adolescente, vocês merecem curtir meu amorzinho.

- Seria ótimo se fosse simples pai...

- E por que não é simples, minha filha?

Respiro fundo e não consigo evitar o comentário que sai involuntariamente da minha boca.

- Pelo simples fato de ser alguém muito próximo pai...

Ele me afasta do seu corpo um pouco, me olha nos olhos, abre a boca para me questionar mas a porta da cozinha é aberta.

🤫👀