Medo

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VIII – LOUCURAS DE AGOSTO

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CAPÍTULO XVIII - MEDO

A paisagem interiorana ia sendo deixada para trás e dando lugar as grandes e detalhadas construções conforme nos aproximávamos do centro de Paris. Como de costume, o trânsito caótico do fim de semana não ajudava em nada a acalmar nossos nervos que ainda estavam bastante alterados após deixar o Troubled Waters Mental Hospital.

Agora que eu finalmente havia me sentado e tido a chance de descansar, sinto as dores dos golpes que recebi de Claude se intensificarem. E enquanto encarava a janela do carro, tentando não expor como até mesmo respirar estava se tornando uma ação torturante, minha mente ainda trabalhava mais relembrando tudo o que aconteceu nas últimas semanas até chegarmos aqui.

Nada saiu como o planejado e eu sabia que a grande culpa disso era minha. Mesmo sem nenhuma prova, eu sempre desconfiei que os olhos do diretor do hospital viam muito mais do que tínhamos ciência. Ainda assim, eu arrisquei a vida de Sam, Carly e Gibby, acreditando que poderia protegê-los de qualquer perigo. Mas como era de se esperar, eu estava errado. Estupidamente errado.

Se não fosse por Hillary, eu e meus amigos jamais conseguiríamos ter fugido do Troubled Waters e Sam estaria em um perigo ainda maior. Por causa de minha presunção em achar que tinha tudo sob controle e que era capaz de tirar Sam do hospital psiquiátrico sozinho que Sam acabou indo parar no quarto branco, Carly e Gibby estão correndo perigo e Hillary acabou matando o próprio pai para me proteger.

Respiro fundo, procurando me acalmar. Eu sabia que não adiantava em nada ficar me martirizando agora que tudo aconteceu. Mesmo que nós tenhamos conseguido fugir do Troubled Waters, Hugh Greene continua determinado a matar a própria sobrinha ou usá-la de alguma forma para se livrar de sua situação. A prova disso foi ter enviado tantos homens perigosos atrás dela no hospital psiquiátrico, mesmo depois de ordenar a Louis Leblanc que a eliminasse.

Com a forte presença da CIA nesse caso e as ações indiscretas de Hugh, algo me dizia que a situação em Hawkins tem saído de seu controle e ele está desesperado para encontrar alguma forma de escapar. Se eu estivesse certo, era só uma questão de tempo até que os capangas de Hugh voltassem a aparecer. Com Sam em suas mãos, ele poderia usá-la de alguma forma como moeda de troca ou algo assim. Por isso, precisávamos pensar em uma forma de sair de Paris o mais rápido possível.

E enquanto eu buscava alguma solução para os nossos problemas, sinto a um aperto em minha mão. Ao olhar para o lado, encontro o azul intensos de seus olhos exibindo transmitido toda a preocupação que sentia naquele momento. Entrelaço nossas mãos e dou um fraco sorriso, tentando convencer a ela e a mim mesmo que tudo ficaria bem.

- Por causa de toda a confusão, nós não conseguimos nos apresentar, mas eu me chamo Spencer Shay. Eu sou o irmão mais velho da Carly e de consideração do Freddie. É um prazer finalmente te conhecer, Samantha Puckett. Freddie me falou muito sobre você desde que era criança. Era demônio loiro para lá, demônio loiro para cá. Era uma graça o quanto ele ficava fofo com raiva, enquanto falava sobre como você era má. – Comenta Spencer, deixando-me sem graça.

- Spencer! – Repreendo o mais velho, fazendo Carly prender o riso e Gibby me lança um olhar malicioso.

- É mesmo? – Sam me encara, abrindo um sorriso divertido. Bufo e tento puxar minha mão, voltando a encarar a paisagem pela janela do carro, mas Sam puxa minha mão de volta, virando-se para Spencer. – É um prazer te conhecer, Spencer. Pode me chamar de Sam. Obrigada por nos ajudar.

Loucuras de AgostoOnde histórias criam vida. Descubra agora