Retorno

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VIII – LOUCURAS DE AGOSTO

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CAPÍTULO XXII - RETORNO

Três dias se passaram desde que chegamos à pequena e aconchegante cada de campo emprestada pela ex-namorada de Spencer em Périgueux. Como informado pelo irmão mais velho de Carly, o lugar ficava afastado da cidade, rodeado por florestas e pelo rio Dordonha que percorria toda a região, que parecia não ter mudado muito em sua arquitetura desde os séculos passados.

Observando o sol nascer na beirada do rio que ficava há uma distância de aproximadamente vinte metros da casa, minha mente trazia algumas memórias de minha infância, na época em que eu pai ainda era vivo. Respiro fundo, apreciando a brisa agradável da manhã. Devido a vegetação densa ao nosso redor, mesmo estando no pico do verão na França, o clima ainda era refrescante e acolhedor.

De repente sinto braços finos e delicados rodearem minha cintura e o aroma suave de perfume feminino inebriam meu olfato. Sorrio e encaro os cabelos loiros pelo canto dos olhos, apertando seus braços, apreciando aquele carinho singelo. Sam deixa um beijo em meu pescoço e se coloca em minha frente, encarando-me com intensidade.

- Está tudo bem? Por que acordou tão cedo? – Questiona a linda mulher, passando os braços por cima dos meus ombros. Envolvo sua cintura e deixo um beijo demorado em sua testa.

- Eu era quem deveria estar fazendo essas perguntas. Por que está acordada a essa hora? – Retruco e ela dá de ombros, aconchegando seu corpo contra o meu, protegendo-se do frio. Ela usava um robe longo de seda branco e as botas que eu usava para procurar lenha ao nosso redor.

- Eu acordei e você não estava ao meu lado. Procurei você por toda a parte da casa e pensei que alguma coisa tivesse acontecido. Por que veio para cá? Está tudo bem? – Pergunta a loira, preocupada. Balanço a cabeça, negando, e beijo seus lábios com carinho. Era incrível como eu nunca me canso de beijá-la e de sentir o seu corpo junto ao meu.

- Está tudo bem. Eu apenas estou acostumado a acordar cedo. – Respondo, apoiando meu queixo o topo de sua cabeça. – Aproveitei para assistir o nascer do Sol. Isso me traz recordações de meu pai.

- Do seu pai? – Ela pergunta, afastando-se para me encarar com preocupação. Sorrio e assinto, virando-a para abraça-la por trás, enquanto o Sol começava a dar os seus primeiros sinais por entre as árvores que haviam próximas ao rio.

- Sim. Eu amava pescar com meu pai quando era criança. – Comento, nostálgico. – Como você sabe, minha mãe era um pouco...

- Louca? – Completa Sam e eu acabo rindo.

- Eu queria dizer controladora, mas acho que essa palavra define muito bem Marissa Benson. – Respondo e Sam dá uma breve risada anasalada. – Minha mãe sempre foi uma pessoa difícil de lidar. Com meu pai longe de casa, servindo às forças armadas, ela gostava de controlar todos os meus passos e isso era sufocante. Por isso, sempre que ele estava de folga, meu pai arrumava um jeito de irmos pescar. Minha mãe odiava e até hoje não suporta a mata. Ela tem pavor a insetos e era uma luta todas as vezes em que queríamos sair, mas meu pai tinha seus métodos para dobrar a dona Marissa. Nessas oportunidades, nós acampávamos no meio da selva, observávamos as estrelas, compartilhávamos de sonhos e eu ouvia suas histórias sobre sua infância e o que ele enfrentava em suas missões.

- Apesar de ter o visto poucas vezes nos aniversários de Elena, eu me lembro do seu pai. – Comenta a loira, encarando-me com um fraco sorriso. – Ele era uma pessoa muito divertida. O completo oposto de sua mãe. Ela estava sempre gritando comigo e fazendo de tudo para me manter afastada de você. Às veze eu implicava com você apenas para ver a sra. Benson ter suas crises de histeria.

Loucuras de AgostoOnde histórias criam vida. Descubra agora