Encanto

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VIII - LOUCURAS DE AGOSTO

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CAPÍTULO XX - ENCANTO

Já se passavam das duas da manhã quando eu finalmente paro o carro de frente a um hotel em uma pequena cidade que ficava há umas três horas de nosso destino final. Assim como previsto por Carly, depois do dia cansativo e horas dirigindo, eu precisava descansar um pouco e repor as energias ou acabaria dormindo no volante.

Suspiro cansado e me espreguiço, observando o hotel simples. Sam dormia tranquilamente ao meu lado e parecia estar em um sonho bom, sorrindo e sussurrando algumas palavras desconexas. Sorrio e coloco uma mecha da peruca preta que ela usava que estava sobre seu rosto para atrás de sua orelha. A loira se remexe, mas não demora a assumir a expressão tranquila. Apoio meu rosto sobre o volante e a observo, entretido com os detalhes de sua face.

- Freddie. - Sussurra a loira de repente, surpreendendo-me. Sinto meu coração acelerar como um louco. Era ridículo como meu corpo reage como um louco em situações bobas como ela me chamar pelo nome ou me tocar. Era como se eu tivesse voltado a adolescência, com os hormônios a flor da pele e todas aquelas reações exageradas. - Eu quero... frango frito.

Rio e reviro os olhos ao ver como a loira conseguia ser gulosa até mesmo enquanto dormia. Respiro fundo, ainda incomodado com os machucados em meu corpo. Retiro o cinto de segurança e observo Sam mais uma vez, ponderando se deveria deixá-la dormir mais um pouco ou acordá-la para tentar fazer o check-in no hotel.

- Frango... frito. Presunto... Bacon. - Sam se aconchega melhor no banco e sorri. Ela definitivamente estava tendo um excelente sonho. Por isso, decido que é melhor eu ir sozinho. De qualquer forma, ela não conseguiria se comunicar com a recepcionista e sempre fica muito mal-humorada quando é acordada.

Pego a carteira com os documentos e dinheiro que Spencer preparou para nós. Desço do carro e encaro Sam por um tempo, mas ela nem mesmo se move. Sorrio e sigo para a entrada simples do hotel. A recepcionista que mexia em seu próprio celular só parece notar a minha presença quando alcanço o balcão. Ela sorri sem graça e guarda o aparelho, voltando sua atenção para mim.

- Boa noite. Como posso ajudá-lo? - Cumprimenta a mulher com cabelos pretos presos em um coque e de olhos verdes escondidos por detrás de óculos de grossas lentes.

- Boa noite. Eu preciso de um quarto para mim e a minha... namorada. - Respondo um pouco envergonhado por dizer que Sam era minha namorada. - Vocês possuem algum quarto disponível para nós apenas para essa noite? Sei que já é tarde, mas estamos cansados e precisando de uma noite confortável de sono.

- Sim. Nós temos. Poderia apenas me passar um documento de identificação seu e o de sua namorada? - Pede a mulher, dando um sorriso educado.

- Claro. - Concordo, puxando a carteira de meu bolso. Preciso segurar a vontade de rir ao pegar a identidade falsificada. Chegava a ser irônico pensar que eu estava prestes a cometer um crime. Se fosse há alguns meses atrás, eu definitivamente estaria em desespero nesse momento, mas depois de tudo o que aconteceu nessas últimas semanas, eu realmente não me importava. - Aqui está o meu. Eu só preciso ver onde está o documento da minha namorada.

- Certo. Eu posso começar o cadastro com os dados do senhor, enquanto isso...

- Ei, nerd. Que ideia foi essa de me deixar sozinha no carro? Onde nós estamos? - Pergunta Sam, surgindo de repente. A recepcionista e eu viramos para trás e a loira não parecia nenhum pouco feliz.

Loucuras de AgostoOnde histórias criam vida. Descubra agora