Perseguição

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VIII – LOUCURAS DE AGOSTO

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CAPÍTULO XXIV - PERSEGUIÇÃO

O carro seguia a toda velocidade pela estrada desregular da floresta, enquanto ainda era possível ouvir a troca de tiros que ocorria na casa onde nos mantivemos escondidos por três dias. Ou talvez o som das armas sendo disparadas tivesse sido gravada e minha mente continuassem a ecoar o barulho ensurdecedor.

Com a adrenalina percorrendo minhas veias e o coração ainda descompassado pela fuga arriscada durante o ataque surpresa das pessoas que imaginei serem capangas de Hugh, encaro Sam pelo canto do olho e ela parecia tão abalada quanto eu.

- Você está bem? – Pergunto, voltando a prestar atenção na rota perigosa que eu fazia em alta velocidade, temendo que estivéssemos sendo seguidos.

- Sim. Eu... eu não estou machucada. E você? – Responde com a respiração pesada. Ela tremia levemente e estava incrivelmente pálida. Sam me encara com atenção, analisando cada membro de meu corpo. – Está machucado? Algum dos tiros te atingiu?

- Não. Eu estou bem. Não se preocupe. – Afirmo, dando o melhor sorriso que eu poderia dar nas circunstâncias em que nos encontrávamos.

E quando finalmente alcançamos a pista asfaltada, respiro aliviado por ver que tínhamos conseguidos chegar a salvos em uma rota de fuga mais segura e confortável. Volto a encarar Sam, preocupado. Ainda que ela não estivesse ferida, ela havia acabado de se encontrar com a prima que imaginou ter morrido a dez anos atrás.

Muitas informações complexas foram jogadas em cima dela e relembrar de todo o sofrimento pelo qual ela e a família passou desde a morte de Sara não deveria estar sendo fácil. Sua mente deveria estar uma grande confusão. Respiro fundo, procurando me acalmar.

- Você tem certeza de que está bem? – Insisto e Sam me encara, arrumando sua postura no banco. – Quer dizer, a Sara apareceu e...

- Eu não sei. – Responde com sinceridade, enquanto encara a paisagem pela janela do carro. Uma fina chuva começa a cair pela cidade, tornando o cenário ainda mais melancólico. – Eu estou confusa. Ao mesmo tempo em que eu estou feliz por saber que ela está viva e bem, não consigo evitar me sentir traída. Ela era uma das minhas melhores amigas. Foi muito doloroso quando ela morreu. Tanto que quando nossa família está reunida, evitamos falar sobre ela. Então, reencontrá-la depois de dez anos é... é... eu não sei. É difícil explicar o que eu estou sentindo nesse momento. E também acho que essa não é a melhor hora para pensar sobre isso. Pelo visto Hugh encontrou a minha localização e mandou seus capangas virem atrás de mim. O melhor a fazer é nos concentrarmos no nosso objetivo de chegarmos vivos em Hawkins como pediu tia Tasha.

- Tudo bem. Vamos nos focar. – Concordo, voltando a prestar atenção no trânsito que começava a se fazer presente com a chuva aumentando sua intensidade a cada instante. – Espero que Hillary e Sara fiquem bem.

- Elas vão sobreviver. Minha prima já forjou a própria morte e foi treinada por tia Tasha e vimos como Hillary pode ser bem perigosa. – Responde Sam, puxando a mochila que estava no banco de trás do carro. – Agora vamos ver que horas é o nosso embarque e o que elas trouxeram para nós.

Sam abre a mochila e puxa de dentro dela dois passaportes, que estavam com dois papeis destacados, que imaginei serem o nosso ticket de embarque. Ela abre os passaportes e ler as informações presentes neles. Em seguida, os papeis em destaque são lidos e ela encara o relógio que usava em seu pulso.

Loucuras de AgostoOnde histórias criam vida. Descubra agora