Promessa

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VIII – LOUCURAS DE AGOSTO

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CAPÍTULO III - PROMESSA

Todos possuem algo do qual se envergonha de ter feito no passado. Seja uma atitude infantil tomada, uma resposta desnecessária ou uma fase da qual gostaria de apagar da mente. E comigo não poderia ser diferente. Tenho que admitir que eu não fui uma criança fácil de lidar e minha personalidade se tornou ainda pior na adolescência.

Eu gostava de implicar com as crianças e não me orgulho de dizer que merecia e muito o apelido de demônio loiro. No entanto, de todos os garotos e garotas que foram vítimas de minhas brincadeiras dolorosas, havia uma pessoa na qual que ocupava o primeiro lugar a ser mártir em minhas mãos: Fredward Karl Benson, ou simplesmente, Freddie Benson.

O garoto de bons centímetros mais baixo que eu, de corpo delgado e inteligente acima da média era um perfeito nerd. Por causa de sua mãe controladora e do jeito estranho dele, Freddie era sempre vítima das zombarias das outras crianças. No entanto, havia algo que o diferenciava de todos os outros nerds da Ridgeway Middle School. Ele era o único que tinha coragem o bastante para me enfrentar.

Eu me lembro de como ele geralmente era calmo e extremamente tímido, no entanto, Freddie nunca aceitava completamente as minhas ofensas. Mesmo tremendo de medo, o garoto reunia toda a sua coragem para me enfrentar quando achava que eu estava sendo injusta. E essa era uma qualidade que eu admirava em Freddie. Ele nunca aceitava injustiça, ainda que no final, ele acabasse sofrendo as consequências de se meter onde não era da conta dele.

Talvez fosse isso que me fazia ser tão fissurada em Freddie. Eu amava implicar com ele. O meu passatempo preferido era ver até onde iria sua paciência, apostar comigo mesma até que ponto ele aguentaria as minhas provocações, o que geralmente não durava mais do que alguns minutos. Aparentemente, sua calma invejável não existia quando estava lidando comigo. E de certa forma, isso fazia eu me sentir especial.

Mesmo não querendo admitir na época, eu sofri bastante quando sua mãe o tirou da escola. Eu me senti culpada. Passei inúmeras noites em claro, achando que ele saiu da escola por não suportar mais ter que conviver comigo. No entanto, descobri dias depois por Elena Gilbert, o nosso maior ponto em comum, que a verdade era que graças a inteligência anormal do nerd, ele tinha conseguido uma bolsa de estudos em uma escola para superdotados do outro lado do país.

E agora, quase dez anos depois de termos nos encontrado, aqui estou eu, diante de um lindo homem de físico de tirar o folego e olhos castanhos gentis, que transmitiam uma tranquilidade que eu não tinha naquele momento com as mãos presas a cama, completamente perdida e assustada. Sim. Eu não queria admitir, mas estava com medo. Muito medo. Eu não sabia o que poderia acontecer comigo naquele lugar desconhecido.

Minhas memórias ainda estavam bastante vagas e confusas. A última lembrança que tenho é de estar lutando contra meu tio Hugh, após descobrir que ele havia sido o mandante do assassinato de meu pai, e ser atingida por um pedaço de madeira. Eu não fazia ideia de quanto tempo se passou desde então e nem para onde me trouxeram.

Pessoas tentavam a todo instante me medicar e me tratavam como se eu fosse um monstro. Eu não parava de pensar em minha irmã mais velha e em como ela deveria ter ficado desesperada ao notar que eu não estava presente. Então o medo de Hugh fazer alguma coisa contra Beth me deixa ainda mais desesperada. E era por isso que eu precisava sair o mais rápido possível desse maldito lugar.

Freddie me observava em dúvida, provavelmente ponderando as minhas palavras. Eu não o julgava. Nada daquilo fazia sentido. Nós passamos quase dez anos sem nos vermos, depois que eu fiz da vida dele um inferno, então em um dia qualquer, nós transamos pensando que não nos conhecíamos. Seis meses depois, ele me encontra algemada, lutando contra aquele babacas que tentavam me dopar.

Loucuras de AgostoOnde histórias criam vida. Descubra agora