Plano

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ROMANCES MENSAIS

LIVRO VIII – LOUCURAS DE AGOSTO

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CAPÍTULO XI - PLANO

Freddie havia se machucado. Ainda que eu soubesse que não tinha sido nada grave, naquele momento, a ficha do perigo que ele está correndo para me ajudar finalmente caiu. Não que eu não tivesse ciência antes do quanto ele estava se arriscando para me ajudar a sair desse hospital psiquiátrico, mas ver o grande hematoma em sua costela foi o gatilho que eu precisava para entender que não era apenas o emprego dele que estava sendo colocado a prova.

Hugh matou meu pai e me enviou para um hospital psiquiátrico sem qualquer hesitação para apenas conseguir assumir o controle de uma empresa. Matar mais uma pessoa apenas para garantir permanecer no controle não seria nada demais para ele. E com o diretor do Troubled Waters Mental Hospital ao seu lado, pronto para relatar nossas ações ao meu cruel tio materno, nossa situação se tornava ainda mais perigosa.

Observo Freddie recolher alguns cacos dos objetos quebrados que caíram da mesa de Carly ou se quebraram com o choque da grade de ferro que protegia o duto de ventilação da sala. Enquanto isso, a psicóloga examina Gibby, que também havia sofrido alguns ferimentos com a queda. Sentindo a culpa me atingir brutalmente, abaixo-me e começo a ajudar Freddie.

- Não precisa fazer isso. Você vai acabar se cortando. – Responde o rapaz ao me ver ao seu lado.

- Eu não sou uma garotinha indefesa, nerd... au. – Sussurro a última parte ao sentir um caco de vidro cortar meu dedo.

- O que foi que eu disse? – Freddie me repreende, mas se aproxima para verificar o pequeno corte, que sangrava mais do que o necessário. Ele pega meu dedo com cuidado e o examina.

- Isso não é nada demais, nerd. Foi apenas um corte idiota. – Resmungo, puxando minha mão de volta. Coloco meu dedo na boca e ele me encara com repreensão, antes de se levantar e ir até Carly, que mexia na maleta de primeiros-socorros em busca de curativos para os machucados de Gibby.

- O que houve? – Questiona a psicóloga, quando Freddie pega algodão, antisséptico e um curativo adesivo. – Vocês se machucaram? Eu falei que não precisava arrumar, que eu ia limpar depois que terminasse aqui.

- Está tudo bem. A Sam apenas cortou superficialmente o dedo. Eu já estou terminando a limpeza. É melhor ganharmos tempo. Claude logo vai desconfiar da demora dessa consulta. - Responde Freddie, voltando a se sentar de frente para mim. Ele estende a mão. – Deixa eu ver.

- Não precisa disso tudo. –Resmungo e Freddie continua a me encarar com repreensão. Suspiro e estendo minha mão para que ele limpasse o corte e colocasse o curativo.

Com delicadeza, Freddie limpa o pequeno corte e coloca o curativo em meu dedo. Ao fim, ele me encara e dá um pequeno sorriso. Nossos olhos se encontram e sinto minha pele se arrepiar diante da intensidade com a qual eu era observada por Freddie. E novamente sinto as malditas palpitações e a boca seca. Estávamos perto demais e ao mesmo tempo eu sentia o desejo de encerrar aquele espaço que ainda havia entre nós.

Tudo intenso e insano demais. De repente, não perecia assim tão errado eu ter sido internada em um manicômio. No entanto, por mais que eu tentasse ignorar ou exterminar esses sentimentos malucos, eles continuavam a tomar cada vez mais espaço dentro de meu coração. E o pior disso tudo é que, por mais que eu tenha uma leve suspeita do que estar acontecendo comigo, eu sei que não posso jamais me envolver com Freddie. Não por causa dele em si, mas por mim.

Loucuras de AgostoOnde histórias criam vida. Descubra agora