Capitulo 1 Isa

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A primeira vez que desconfiei que seria traída, estava com ele em um jantar, sentada ao seu lado na mesa, arrodeada de gente que se auto-intitula como "a elite da sociedade". Ela, a filha de um amigo do pai dele, chamava -se Sarah, era uma jovem linda e estava do lado oposto da mesa, exatamente de frente para ele. No primeiro momento notei seu olhar sobre aquele decote que parecia não ter fim. Passei a observar a reação dela a tantos olhares dele e percebi que os seus olhos brilhavam mais até do que os próprios olhos dele.

Pensei que talvez ele tivesse esquecido que eu estava ali e que há exatamente 5 semanas ele era um homem casado, então puxei sua mão e a segurei sobre meu colo, não falei nada, somente olhei para ele e sorri. Ele sorriu e me beijou. Aquele beijo foi como uma brisa em um dia quente e refrescou qualquer insegurança que estava queimando os meus nervos. Até minha musculatura que não percebi que estava contraída, relaxou de um jeito que temi nem conseguir me levantar. Aquela sensação que me confortou durou pouco, bem pouco.

Miguel, o homem mais lindo que já vi na vida, colocou uma aliança no meu dedo e me pediu em casamento quando tínhamos apenas 4 meses de namoro, isso foi há 1 ano atrás. O conheci na festa de aniversário da minha melhor amiga, Joana. Ele foi com o carinha que, segundo ela, estava "pegando" e chamou a atenção de todas as mulheres da festa. Ele tinha um semblante diferente dos homens que estavam naquele lugar. Apenas 27 anos, com um olhar de quem já viveu uma vida inteira.

Meia hora de conversa depois, ainda não acreditava que o próprio Adônis estava lá na minha frente e me dando atenção. Eu imaginava que se piscasse, a miragem que era ter aquele Deus grego na minha frente, iria simplesmente sumir.

Em meus 24 anos de vida, nunca tinha visto alguém com os dentes tão lindos, brancos e perfeitos envolto por lábios macios e grandes na medida certa que entravam em uma sintonia com aquele nariz reto e másculo, os olhos eu não conseguia descrever se eram verdes ou castanhos claros, os cabelos eram castanhos com fios mais claros, curtos e espetados um pouco.

Ele devia ter 1,90m e tinha um corpo que se ele não malha todo dia, só pode ter sido esculpido no Olimpo mesmo. Usava uma calça jeans clara e uma blusa gola polo branca, com um sapato esporte claro muito bonito. Seu cheiro? Ele cheirava tão bem que achei que seu perfume tinha sido feito com algo para enfeitiçar quem sentisse, por que era assim que eu me sentia, completamente hipnotizada pela voz que fazia os pêlos dos meus braços arrepiarem.

Descobri que desde os 22, tomou frente dos negócios da família depois que em um trágico acidente de helicóptero, seu pai veio a falecer. Entendi que a postura firme e o tom austero dele, foi moldado pela profissão que exerce e por ter se tornado o responsável pelo patrimônio da família.

Depois que a quase rigidez cadavérica que apresentei passou, consegui interagir e descobri que tem mais um irmão que é um ano mais novo do que ele e uma irmã da minha idade e que todos viviam juntos em uma mansão no distrito de Eusébio, há 24 km da capital onde estávamos, Fortaleza, junto com sua mãe. Miguel preside uma grande empresa no ramo de confecção e venda de móveis de luxo. Ele falou que exportam para Argentina, Uruguai e Espanha.

- Isadora, você é de Fortaleza mesmo? Ando em muitos lugares aqui da cidade, mas nunca te vi. Com certeza você é o tipo de mulher que não esquecemos de ter conhecido. - falou aquilo e depois deu um sorriso que me tirou do ar nos próximos 30 segundos.

- Não, Miguel. Eu e meus pais viemos da capital de São Paulo há 9 anos passar férias, gostamos tanto que no mês seguinte já estávamos alugando um apartamento aqui para morar. Meu pai era professor da Federal de lá, então ele só pediu transferência para a Universidade Federal daqui e aqui estamos até hoje.- Ainda não sei como consegui falar tanto, estava tão nervosa!

- Legal ver pessoas que não são daqui falar bem da minha terra. Já viajei esse país todo e em alguns lugares do sul e sudeste, já me deparei com preconceito quando digo de onde eu sou. Não importa se eu fiz ensino superior no exterior, se sou diretor de uma grande empresa que exporta e se falo 3 idiomas fora o meu, sempre tem alguém que me olha torto e até duvida da minha capacidade nos negócios. -minha nossa! Se não der certo, como vou fazer pra me desapaixonar desse deus?

Ele me perguntou o que eu fazia e mostrou interesse quando eu falei que tinha me formado há seis meses em Odontologia e que trabalhava em um consultório desde meus estágios da faculdade. Nem precisei falar que eu não nasci no meio de tanta riqueza, ele com certeza percebeu isso quando ofereceu para me deixar em casa e viu que o prédio que eu moro no Bairro de Fátima, não vê uma boa pintura há mais de uma década.

Naquela noite, quando eu abri a porta para descer do seu Range Rover depois de ter agradecido a carona e ter desejado boa noite, ele segurou no meu braço, se inclinou sob mim, puxou a porta de volta a fechando e aproveitou que seu perfume maldito já tinha conseguido fazer seu trabalho me paralisando com sucesso, chegou bem próximo ao meu rosto, senti sua respiração na minha boca, mas não me beijou. Ficou lá, parado respirando pacientemente, enquanto eu estava com um tambor no lugar do coração, com a respiração de uma sedentária que correu 200km, sem tirar os olhos um do outro. Não aguentei e avancei o centímetro que nos separava. Foi um beijo muito excitante, suas mãos viajaram no meu corpo e me acenderam de um jeito que nunca em um primeiro beijo me entreguei a esse ponto.

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora