Capitulo 21 Pedro

698 40 32
                                    

O jantar foi tenso para mim e para Isa. Evitamos nos olhar, mas sempre que acontecia, o desejo de poder pegar em sua mão e beijar aquela boca carnuda era extremo e via seus olhos brilharem com o mesmo desejo. Lembrei de tudo que Isa passou hoje e da tarde gostosa que passamos juntos. Sentei do lado direito de minha mãe, que ocupava a cadeira na cabeceira da grande mesa. Isa estava de seu lado esquerdo, exatamente de frente para mim, com Miguel ao seu lado.

          Ergui meu pé e encostei no de Isa, fazendo um leve carinho. Isa baixou a cabeça, mexeu em seu prato com o talher e deu meio sorriso que só eu consegui ver. Miguel segurou em sua mão no momento em que ela soltou os talheres e pôs a mão esquerda sobre a mesa, para pegar seu copo com a mão direita. Isa ergueu a cabeça, me olhou com aqueles olhos azuis transparentes e puxou a mão de baixo da mão de meu irmão, pegando o guardanapo de pano em seguida para limpar a boca, disfarçando. Miguel sorriu.

- Minha vida, soube através de alguns funcionários da empresa que, depois de sua visita, você saiu junto de Pedro. Pra onde vocês foram? – Miguel perguntou curioso olhando para mim e para ela e Isa fechou a cara.

- Eu não estava em condições de dirigir e Pedro fez a gentileza de me levar até em casa.- Ela falou sem me olhar.

- E  o que você, Pedro, ficou fazendo a tarde toda no apartamento de meus sogros com a minha mulher?- Ele me olhou firmemente esperando minha resposta, como fiquei calado, continuou.- Fui lhe procurar no meio da tarde e sua secretária me informou que você ainda não havia retornado.- O silêncio prevaleceu pelos próximos dez segundos.

- Ele foi comigo conversar com o gerente de minha conta no banco, Miguel. Porquê? Era urgente o que você queria falar com seu irmão? Eu não queria lhes atrapalhar. – Olhei para mamãe a agradecendo com o olhar.

- Não mamãe, era bobagem. Já até resolvi.- Ele olhou para mim e disse- Sem problemas irmão  e obrigado por ter cuidado da “minha vida”.- Agarrou Isa pelos ombros e deu um selinho em sua boca de surpresa. Isa não gostou e afastou as mãos dele. Baixei minha cabeça e fechei as mãos em punho sem poder tomar a mulher que eu amo, das mãos de meu irmão, que não a merece.

- Isa, minha vida. Já que você acabou, vamos subir? Estou com muita saudade de você. Temos que descontar o tempo perdido.- Miguel se levantou sorrindo e pegou na mão de Isa a erguendo. Ela olhou para mim e para minha mãe, puxou sua mão e disse.

- Eu consigo fazer isso sozinha, Miguel!- Isa estava tensa.

Enquanto meu irmão deu as costas para subir as escadas, me levantei mexi meus lábios falando.

- Calma amor! Se ele fizer qualquer coisa, grita por mim. – Isa confirmou com a cabeça e subiu logo atrás de Miguel. Não consegui mais comer e nem ficar sentado. Comecei a me sentir sufocado, sentindo a impotência de não poder gritar e bater nele até fazê-lo esquecer dessa chantagem. Impotência de não poder ter Isa nos meus braços e beijar todo aquele corpo e fazer amor com ela até ela esquecer do mundo e dormir agarrada a mim.

- Filho, vamos para a sala de estar, você está abrindo um buraco na sala de jantar. – Minha mãe me agarrou pelo braço e foi comigo até o outro compartimento- não vai acontecer nada. Isa é bem grandinha e vai saber dobrar Miguel direitinho.

- Mãe, se ele usar essa chantagem para conseguir que Isa faça tudo que ele quer? Acho que vou enlouquecer! Se Miguel fizer algo contra Isa, sinto muito lhe dizer isso, mas eu acabo com ele.

- Calma, Pedro!- Ela preparou uma dose de whisky e me entregou o copo- não vai resolver nada com violência e vai ser pior você agir e ele tirá-la de vez daqui. Aqui em casa, ela pode gritar e rápido a socorremos, mas na cobertura , vai ser tudo mais difícil pra ela. Nunca pensei que meu próprio filho seria capaz de chantagear alguém para que seja feita a sua vontade.

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora