Capítulo 41 Isa

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Rolei na cama a noite inteira pensando em toda essa história mirabolante desde quando meu pai fugiu comigo deixando para trás uma mulher que não pensou duas vezes antes de me trocar pelas drogas.

Aquele homem, tio Felipe, sabe de muito mais e eu sei que é ele quem pode livrar meu pai de pagar por algo que não fez.

Me virei, vendo a paisagem da "minha praia" na parede e ao lado, o sol já entrava pela janela. Chegou a hora de enfrentar meu primeiro grande desafio: acertar de uma vez por todas as contas com Miguel.

Depois da minha higiene matinal, vesti meu blazer branco, uma calça preta social, uma blusa de seda preta de alcinhas por dentro do blazer e calcei scarpin nude. Meu advogado marcou para as nove horas em sua sala no prédio na avenida Santos Dumont. Cheguei ás oito e quarenta e cinco e ficamos esperando até as nove e quarenta, quando Miguel resolveu aparecer.

-Olá minha vida. Você não sabe o quanto estou decepcionado com essa sua atitude. Porque insiste nessa palhaçada? - falou ironicamente, se sentando em uma cadeira oposta a mim, na mesa central do grande escritório.

-Olá Miguel, eu que lhe pergunto: Porque você ainda insiste nessa palhaçada que é esse casamento?

-Hahahah...tem como não continuar apaixonado por essa boquinha deliciosa que tem resposta pra tudo? - além do seu atraso e de seu deboche, ainda constatei que ele se divertia mesmo.

-Ok, chega. Vamos direto ao assunto! - o advogado colocou os documentos na mesa e pediu que lêssemos antes de assinarmos. Lemos silenciosamente e estava tudo conforme combinei com dr. Pereira.

-Espera, é isso mesmo? Você está renunciando a meação? Não vai querer nenhum bem? Por que isso, Isa? - Miguel perguntou confuso, mas continuava com seu sorrisinho de lado.

-Não quero nada que venha de você, Miguel! Quanto ao meu Troller, vou depositar em sua conta o valor que você pagou por ele. Só quero a minha liberdade.

-A sua liberdade para trepar com meu irmão sem peso na consciência, não é isso? - se levantou falando alto, debochado, sem se importar se o advogado estava na sala.

-Quero a minha liberdade para viver ao lado de quem eu confio e sei que não vai me trair e nem me chantagear com nenhuma informação que possa pôr em risco alguém que eu amo – falei baixo, calma, sem me exaltar.

-Você acredita em Papai Noel ainda, querida? Alguém que não vai te trair? Hahaha... Acorda Isadora, todo homem trai! ...Hahaha

-Miguel, assina logo isso, por que tenho mais o que fazer - já não existia mais uma gota de paciência no meu corpo. Assinei e me levantei.

-Claro, vou assinar quando levar esse documento para meu advogado ver – foi falando enquanto dobrava as folhas - Estou achando muito estranho essa sua atitude de não querer ter direito a metade de tudo que é meu, já que casamos com comunhão de bens.

-Ah não, me diz o que você quer para eu me livrar de você de uma vez. Não aguento mais isso! Qual o truque agora, Miguel? - falei me apoiando com as duas mãos abertas no tampo da mesa.

-Não tem truque, minha linda! - sorriu brilhantemente, se deliciando com o sucesso de ter me tirado do sério - quero apenas conversar com você sem um pateta como esse seu advogado, nos pajeando – falou e foi saindo.

-Espera Miguel...isso não acabou – ele continuou andando rápido em direção ao elevador, enquanto eu tentava lhe alcançar. Parei para me despedir do dr. Pereira e lhe informar que lhe procuraria em breve e corri. O cafajeste do meu marido já havia descido.

Peguei outro elevador e desci no estacionamento do prédio comercial, avistando de longe, o desgraçado entrar em sua RangeRover. Entrei em meu carro e o segui direto a já conhecida marina do Marina Park Hotel. Parei o carro ao lado do seu, abri a porta e chamei seu nome. Desceu sem ao menos me olhar.

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora