Estava me sentindo dormente e havia uma dor dentro de mim, que eu não conseguia explicar seu local exato. Eu não posso ter sido traída até por meus pais. Estava encolhida em forma de uma bola, sem sapatos, em cima de Pedro chorando, enquanto ele me abraçava e dizia sem parar que vamos resolver isso.
Não sei o que eu faria se não tivesse ele ao meu lado. Não posso me vitimizar e nem me precipitar, tenho que falar com a única pessoa que eu conheço que saberá confirmar tudo isso, minha mãe, D. Rosana.
- Pedro, tenho que ir. Tenho que procurar minha mãe para saber se isso é verdade.- Falei enquanto tentava calçar meus sapatos. Pedro concordou e disse.
- Tudo bem, acho que é a decisão certa, vamos!- Falou se levantando.
- Você vai também? E a empresa? - Questionei, pois ele está em horário de expediente.
- Você acha mesmo que vou deixar você sozinha agora? Qual a parte de " Eu vou lutar por você" não deu para entender?- me voltei para ele e abracei seu pescoço olhando em seus olhos.
- Eu amo você, Pedro. Sou feliz por ter você ao meu lado. - Abri meu coração para Pedro, espero não me decepcionar. Ele abriu o sorriso mais caloroso que já vi.
- E eu amo você, Isadora. Há algum tempo, você é meu tudo.- Os olhos dele brilhavam úmidos. Fiquei sem fôlego por sentir tanto amor por alguém.
Achei ter amado Miguel o suficiente para me casar, mas nunca os sentimentos foram tão urgentes. Beijei sua boca enquanto minhas lágrimas não paravam de rolar por meu rosto.
Saímos da Lemansk às nove e vinte e cinco em direção a minha casa. Mamãe está sozinha nesse horário, pois meu pai está jogando xadrez todos os dias em uma pracinha nas redondezas do prédio aonde moramos, até a hora do almoço. Fomos no Camaro de Pedro e ele desceu comigo para falar com mamãe. Entramos e a encontramos na cozinha.
- Oi mãe, a senhora pode vir na sala por favor?- Falei baixinho.
- Bom dia, dona Rosana.- Pedro a cumprimentou.
- Oi filha, bom dia Pedro! O que vocês dois estão fazendo aqui a essa hora? - Mamãe falou enquanto nos seguia até a sala, enxugando as mãos em um avental vermelho que usa todos os dias. Eu estava com o maldito dossiê em mãos.
- Senta mãe. A conversa que teremos aqui não vai ser fácil. - Mamãe se sentou no sofá de dois lugares, enquanto eu e Pedro sentamos no outro sofá. Coloquei o dossiê sobre a mesinha de vidro de centro e o abri na página quatro.- Mamãe, por favor, leia aqui e me diga se isso é verdade.
Ela pegou o óculos de leitura de papai, que estavam em uma mesinha de apoio, em cima do livro " A arte de fazer acontecer" de David Allen, atual leitura de meu pai e ao lado de alguns porta-retratos, colocou no rosto e leu. Era a cópia de um relatório policial. Lá o sobrenome de meu pai não era Félix e sim, Souza Aragão mas a foto era dele, como se tivesse sido preso.
Vi uma lágrima descer pelo rosto de minha mãe e ela colocou as duas mãos juntas sobre a boca, escondendo um soluço do choro sendo segurado. Ela tirou os óculos e limpou as lágrimas.
- Aonde você conseguiu isso, Isadora?- Mamãe perguntou com a voz trêmula.
- Não importa de onde veio, só preciso que a senhora me confirme se é verdade. Porque o nome de papai está escrito com outro sobrenome, está nesse dossiê como procurado pela polícia e que história é essa de que sou filha de outra mulher?- Perguntei rápido, me tremendo com medo da resposta.
Ela engoliu seco, ainda segurando as lágrimas, enquanto eu não conseguia conter as minhas.
- Podemos conversar em particular, filha?- Mamãe perguntou se referindo a Pedro.
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Traição
RomanceDifícil pensar que confiei, que amei...me entreguei sem reservas a alguém e hoje sinto o gosto amargo na boca, pela punhalada que levei pelas costas. Meu nome é Isadora, mas pode me chamar de Isa. Sou paulista, mas moro há dez anos em Fortaleza -C...