Capitulo 11 Isa

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Cheguei com meus pais em casa. Minha mãe perguntou aonde estava o carro que Miguel tinha me dado. Expliquei para minha mãe, enquanto meu pai descansava, que meu carro quebrou. Acabei contando tudo para ela com calma, sobre a traição de Miguel que já vinha acontecendo há um ano e aquela fatídica noite em que o peguei na cama com a amante. Minha mãe ficou horrorizada e questionou sobre o que eu iria fazer.
- Mãe, pensei em alugar um apartamento pequeno, não queria atrapalhar vocês.
- Nem pensar, dona Isadora, você tem pais que lhe amam. Não vai ficar desamparada, não! - Chorei abraçada a minha mãe, enquanto ela me dava um conforto que só colinho de mãe dá.
Passei o fim de tarde conversando com meus pais e informei a minha mãe que não ia jantar em casa.
- Isa, filha, você vai jantar com quem?
- Pedro me convidou para conversarmos sobre o que aconteceu. Acho que quer me convencer a voltar para o irmão.
- Isa, você não percebeu ainda que esse rapaz gosta de você. Olhe lá se não está apaixonado. - Mamãe sempre com sua mente fértil.
- Mãe, a senhora anda assistindo muita novela, romantiza tudo! Pedro é só uma pessoa muito especial que está tentando apaziguar a situação.
- Tudo bem, depois não diga que não avisei. Agora quanto ao seu pai, acho bom contarmos para ele, devagar, sem muitos detalhes, porque ele vai estranhar você estar sempre aqui.
- Mãe, deixa passar uns dois ou três dias. A senhora pode dizer que estou aqui por causa dele, para passar mais tempo com ele. - Falei a ideia que tive.
Fui no pequeno closet de meu antigo quarto, ver o que tinha ficado lá que poderia usar. Escolhi um preto longo de alcinhas finas que valorizava bem meu busto. Está calor para usar preto, mas esse vestido tem uma malha fria bem gostosa. Escolhi uma clutch metalizada cor de rosa envelhecido, gosto tanto dela, não sei porque a deixei aqui. Calcei uma sandália fina Pink, de saltos de dez centímetros. Achei melhor fazer uma maquiagem leve e deixei as ondas do cabelo ao natural. Ainda estou com o bronzeado de domingo e me sinto bem assim.
Adorei a escolha do restaurante, CôcoBambu na Beira Mar. A especialidade é frutos do mar e eu amo. Chamei um carro por aplicativo para não levar o sedan HB 20 de meus pais, no caso de uma emergência, minha mãe pode dirigir e segui para o bairro Beira Mar.
A hostess era uma moça muito bonita e muito bem vestida. Falei o nome de Pedro Lemansk e ela me levou em direção a área aberta, até nisso ele acertou, prefiro o vento natural, a maresia, o cheirinho de areia da praia molhada. Pedro estava lindo como sempre, realmente notável, mas é o meu cunhado e futuro ex-cunhado. Não posso viajar nessas coisas que mamãe fala, não sou protagonista da nova das nove, como ela acha.
Pedro estava com uma calça social escura, azul quase preta e uma blusa azul clarinha, quase da cor dos meus olhos, com listras verticais brancas fininhas, mangas dobradas até o antebraço. Cabelo molhado, jogado para o lado, meio bagunçado, a linda barba bem aparada ,sorriso matador e um cheiro...Quando eu penso em cheiro de homem, imagino que deve ser esse cheiro. Ele não apertou minha mão, chegou próximo a mim e me abraçou. Moldou seu corpo junto ao meu me deixando sem ação inicialmente.
Como Pedro não me soltou logo, o abracei também e meu queixo ficou na curva do pescoço dele, meu nariz em sua orelha e me vi embriagada por seu cheiro. Soltei o aperto do abraço e ele parece ter notado que estava há mais tempo do que o aceitável para um abraço amigável e me olhou meio constrangido com os olhos brilhando.
- Que bom que você veio! Desculpa o abraço, é que fiquei feliz em lhe ver bem.
- Claro que eu vim, não foi isso que combinamos? Quanto ao abraço, é muito bom ser recebida assim, obrigada pelo seu abraço, me confortou depois desses dias difíceis.
- Tudo bem então. Você que beber o que? - Pedro perguntou.
- Nesse calorão, quero uma caipirinha.- Quase a beira da praia, nesse dia quente, tem que ser.
- Hahaha...não sei porque ainda me surpreendo com sua simplicidade! Você é adorável Isa! Vou de caipirinha também. Já sabe o que vai pedir de entrada e prato principal? -Pedro perguntou para mim consultando o cardápio em sua mão.
Meu rosto estava quente, tenho certeza que estava parecendo uma pimenta malagueta.
- Obrigada pelo elogio! Se você tivesse convivido mais comigo, teria percebido que não sou difícil de agradar. Seu irmão sempre comprou joias para mim, mas não usei metade e não faço questão. O que eu mais gosto de fazer é...
- Ir a praia! Isso eu percebi domingo, quando descemos para a praia privada. Percebi seu sorriso aberto quando sentiu o sol e viu as ondas. Seus olhos me disseram que a praia é o paraíso pra você.
- Você percebeu? - Não acredito!- Seu irmão até hoje, quando fala em viagens, sempre dá opção de serras no sul do país, ou para lugares como Suíça, Nova York, esquiar perto dos Alpes Italianos. Na nossa lua de Mel, eu queria muito ir para Fernando de Noronha, ele achou melhor Paris e ainda mais no inverno.
- Ah Isa, Miguel sempre gostou muito do frio. Ficou aqui mesmo por causa da empresa, mas acredito que não conheça as praia lindas do nosso estado.
Nossas bebidas chegaram e pedimos as refeições. Me senti muito a vontade com Pedro, jantando e conversando coisas leves, até que a conversa não ficou mais tão leve assim. Pedro me contou o que Luiza tramou junto à tal de Amanda, uma patricinha que grudou em Miguel. Entendi, mas não justifica ele ter transado com ela por um ano. Sua irmã, era de se esperar, ela nunca gostou de mim, mas até pra ela essa historia de combinar com outra pessoa para me afastar de Miguel, dá até medo. Até aonde uma pessoa com uma raiva dessas pode ir? Tomei três caipirinhas e pedi para Pedro andar na praia comigo.
A Beija Mar estava lotada como sempre. Tirei as sandálias, Pedro tirou os sapatos e andamos até aonde não tinha mais barracas e tantas pessoas. Sentei na areia, um pouco tonta e Pedro sentou do meu lado. Acho que Pedro bebeu bem mais.
- Sabe Pedro, eu confiava no seu irmão, às vezes acho que o amo, às vezes tenho vontade de matá-lo, principalmente quando lembro da cena daquela noite. Pedro, me diz como você descobriu? Por favor!
- Acho melhor não, Isa. Você não precisa mais se machucar com isso! Pensa no que você já viveu de bom com o Miguel e pense se vale a pena perdoá-lo. Ele está bem arrependido! - Pedro parece querer acreditar na mudança do irmão.
- Pedro, não quero mais falar nele. Você, como está? Vai me falar desse hematoma ou não?
- Foi só um acerto de contas. Cumpri parte de uma promessa. - Pedro falou pensativo.
- Espero que o outro tenha ficado pior! - Falei sorrindo.
- Ficou sim, bem pior!- Falou com a voz de trovão, pensativo olhando para o mar. Meu sorriso até sumiu, frente a seriedade dele.
- Se tem uma coisa que faz bem para o ânimo é água salgada.- Falei me levantando e andando em direção ao mar.
- O que? Não acredito no que você está fazendo!- Pedro levantou e me seguiu. Deixando as coisas meio enterradas na areia.
- Não vou entrar no mar, seu bobinho, - Falei andando de costas para o mar -vou só molhar os pés e o rosto. Para mim qualquer contato com o mar, levanta meu astral - virei para a água de novo e me aproximei até sentir o contato.
Pedro apareceu do meu lado e fechou os olhos com a sensação da água morninha, enquanto o corpo está na brisa fria que vem do mar. Me abaixei molhando as mãos e o rosto, com as mãos molhadas cheguei perto do rosto de Pedro, erguendo os braços por ser bem mais baixa do que ele, passei a mão direita molhada por sua testa e a esquerda deslizando do seu nariz até sua face direita, por cima da barba. Molhei todo o seu rosto bem devagar para não cair em seus olhos verdes, enquanto ele olhava para meus olhos e minha boca. Por último passei um dedo molhado de água salgada em seus lábios e ele abriu a boca. Olhei em seus olhos e ele nos meus, passou a língua quente em meu dedo. Minha respiração começou a acelerar, fiquei quase sem fôlego, quando ele prendeu meu dedo suavemente com os dentes e fechou os lábios chupando-o. Senti um pulsar no meu clítoris, já me sentia tonta antes, agora sinto que perdi o comando das minhas pernas. Fechei meus olhos e me desequilibrei. Pedro me puxou, me segurando com um aperto forte na cintura. Senti sua ereção despontar em minha barriga. Quando eu abri os olhos, Pedro estava muito próximo com aquela boca carnuda, foi quando deu um estalo na minha cabeça. Não posso fazer isso, eu não sou assim. Afastei minha cabeça para trás e disse.
- Acho que bebemos caipirinhas demais.
Pedro sério disse.
- Tem razão, é melhor irmos.
Voltei andando rápido até nossas coisas. Pedro apareceu para pegar suas coisas também e não falamos mais nada até chegarmos no carro. Molhamos os pés e enxugamos em uma barraca próxima ao restaurante em que estávamos para calçarmos nossos sapatos. Entramos no carro calados e ele me levou até o condomínio de meus pais, conversando sobre a melhora de meu pai depois do procedimento e sobre a preocupação de sua mãe com tudo que está acontecendo. Dona Bete me ligou hoje depois do almoço, antes de eu ir buscar meu pai.
Quando parou em frente ao prédio, falou.
- Amanhã , quando você for sair para trabalhar, vai encontrar seu carro na outra vaga do seus pais. Entrei em contato com o seguro e eles concordaram em devolver seu carro até as sete horas de amanhã.
- Não acredito! Pedro você não existe. Obrigada, muito obrigada mesmo!- Cheguei perto dele e beijei sua face. Esperou eu me afastar e me deu um beijo no rosto também, sorriu e eu sorri.
- Não precisa agradecer, Isa, não foi nada.
- Pra mim foi sim. A mulher com quem você casar, vai ser uma mulher de sorte, Pedro. - Ele abaixou o rosto e falou.
- Preciso ir, Isa. Vou pedir ao Miguel para ter paciência, mas vocês realmente precisam conversar para que você possa tomar a decisão certa.
- Não tem o que pensar, Pedro. Se fosse você no meu lugar, você perdoaria?
- Não sei, Isa. Não sei até que ponto você o ama. Eu não me julgo um cara romântico, mas por esses dias li um poema do Luís Fernando Verissimo que diz assim " Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo." Acho que você tem que pôr na balança o que você sente. Se alguém inteligente como Verissimo disse que pros erros há perdão, quem sou eu para dizer o contrário?
- Pedro, é você quem me surpreende a cada dia. Adorei ter jantado com você!- Abri a porta de seu Camaro preto e desci.
Hoje tive uma noite maravilhosa com quem eu menos esperava. Pedro é um maravilhoso amigo!

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