- Alô. - uma voz feminina atendeu o telefone da Pedro quando liguei do celular de minha mãe. Inibi o número e entrei no banheiro para ligar para ele e uma voz feminina e sonolenta atende bruscamente, como se eu estivesse a atrapalhando.
Não! Pedro não faria isso comigo...ou faria? Será que ele não lembra da chantagem? Que Miguel ameaça meu pai em troca de que eu faça o que ele quer? Odeio o Miguel! Odeio! Choro, mas logo lembro aonde estou e me recomponho, aqui ninguém pode desconfiar sobre o que estou passando.
Me despeço de todos e vou embora. Cheguei em casa e entrei no quarto de Pedro só para ver como Capitão está e aproveito para ir ao banheiro e sentir o cheiro de Pedro através de seu perfume. Adorava sentir o cheiro dele quando estávamos juntinhos.
Sai de lá antes de começar a chorar de novo com as lembranças do pouco que vivemos, eu não gosto disso. Não sou assim, não gosto de me vitimizar, gosto de lutar, acordo todos os dias com a intenção de fazer desse dia melhor do que o que passou. Entro no meu quarto e ligo para Joana, estou devendo um retorno a ela. Conto resumidamente sobre o que está acontecendo. Ela sai do trabalho meia hora depois para vir ao meu encontro e a chamo para jantar, decidi que dessa vez não vou me afastar de quem eu amo por causa de Miguel.
Joana chegou uma hora depois. Estava tão linda com uma calça social branca e camisa de botão fina cinza, scarpin nude, cores contrastando com a cor linda de sua pele. Pedro e Miguel estavam demorando muito para chegar, aproveitamos para colocar a conversa em dia em meu quarto. Contei tudo com detalhes.
No primeiro momento, quando contei sobre eu ter me apaixonado por Pedro, ela sorriu e me falou que sentiu que isso aconteceria desde nosso último encontro. Falei sobre os momentos maravilhosos que vivemos juntos, até a chantagem de Miguel e toda a tensão que tenho vivido até a armação da lancha em que acabei falando sobre Pedro para ele.
- Que raiva desse seu marido, Isa! Como a pessoa pode ser tão mau-caráter assim?- Joana falou enquanto dava voltas ao redor da cama.
- Jo, já estou tonta. Senta aqui, por favor, ainda não acabei.- Ela sentou e falei sobre a ligação que fiz para Pedro.
- Amiga, acho que ele deve ter alguma justificativa para isso. Não tire conclusões precipitadas, converse antes.
- É isso que pretendo, mas nem ele me ligou, nem eu tive coragem de ligar de novo.
- Vamos esperar ele chegar e assim vocês podem marcar algo.
Jantamos só eu, dona Bete e Joana, resolvemos não esperar mais, pois os dois estavam atrasados. Joana foi embora antes das vinte e duas horas. Resolvi não esperar por ninguém, cuidei de minha higiene, vesti uma calça confortável de pijama, com um blusão e dormi.
Acordei as seis e meia, Miguel dormia ao meu lado. Não o vi chegar e não sei se Pedro dormiu em casa. Tomei um banho rápido, hidratei minha pele e vesti um vestido longo de malha verde água, calcei uma rasteirinha nude, alguns acessórios, peguei minha bolsa e sete e quinze estava saindo de casa.Não tomei café, Denise ainda estava arrumando a mesa, então peguei uma tapioca quentinha e vim comendo enquanto parava no sinal.
Cheguei na casa de meus pais ás sete e quarenta e cinco. Acordei Luiza, que não queria levantar, a fiz tomar uma xícara de café e fomos ao médico. Ela fez exames e o médico a liberou dando algumas recomendações para que não faça nenhum grande esforço e passe mais um mês se resguardando o máximo que puder. Ela não gostou, pois se sentia bem, mas concordou em seguir os conselhos de Dr.Chagas.Saímos de lá direto para uma delicatessem para tomar um café com pão de queijo.
- Então, você voltou mesmo para o meu irmão?- Luiza falou enquanto passava requeijão no pãozinho.
- Sim, viajaremos agora a tarde pra Paris.- Falei enquanto abria o sachê do adoçante.
- Porque você está fazendo isso? Só quem é cego não vê que você está infeliz! É por dinheiro, Isa? Por causa dessas viagens, jóias? Você pode arrancar muito mais dele em um divórcio!- não acreditei que Luiza estava me perguntando isso.
- Luiza, você já me viu com alguma das jóias que Miguel me deu? Alguma vez já me viu esbanjando dinheiro em coisas fúteis?- Ela baixou a cabeça.
- Não, nunca, mas...
- Você passou dias com meus pais, você acha que uma criança que cresceu seguindo os princípios que minha mãe e meu pai vivem, venderia a felicidade por um dúzia de pulseiras e colares ou viagens? - Ela encheu os olhos de lágrimas. - Eu estudei cinco anos para ter minha profissão e acordo cedo todos os dias para trabalhar, para não depender dos meus pais, nem de marido.
- Desculpa! Eu sei, Isa. Não quis ofender, é que vejo você tão desanimada por ter voltado com Miguel que tem que haver um porquê.
- Tudo bem. Luiza, há um porquê, mas não me sinto a vontade compartilhando com você ainda. Desculpa minha explosão é que estou tensa, cansada. Não me preparei para essa viagem. - Meu telefone toca.
- Oi Miguel.- atendi e Luiza passou os dedos na boca, pedindo para eu não falar que estava com ela. Ele responde grosseiramente.
- Oi Miguel? Porque você saiu sem me acordar? Aonde você está agora?- foi me bombardeando de perguntas.
- Porque acordei cedo e queria ver meus pais antes de começar a me preparar para viajar.
- Nosso vôo sai as catorze horas, temos que estar no aeroporto as treze. Já são dez e meia e não vi uma mala sua arrumada ainda.
- Estou indo para casa agora, Miguel, não precisa se preocupar.
- Estou em casa, trabalhei no escritório hoje. Estou lhe aguardando.- Desligou.
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Traição
RomanceDifícil pensar que confiei, que amei...me entreguei sem reservas a alguém e hoje sinto o gosto amargo na boca, pela punhalada que levei pelas costas. Meu nome é Isadora, mas pode me chamar de Isa. Sou paulista, mas moro há dez anos em Fortaleza -C...