Capitulo 26 Pedro

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“Ela me perdoou, irmão. Me diz, eu não tenho a mulher mais perfeita do mundo?”

Essa frase de Miguel não sai da minha cabeça. Não, ela não perdoou você e você não a tem, seu idiota! Quando ele a beijou, eu não vi mais nada na minha frente, eu só precisava sair dali e acabei de passar pelo segundo sinal vermelho.

Eu sabia que uma hora ele iria subir o nível das ameaças, eu sabia que uma hora isso ia acontecer, mas o que o fez decidir por fazer isso agora?

Desço na empresa, entro em minha sala e coloco uma dose dupla do whisky mais forte que tenho e desce queimando tudo, menos a dor que estou sentindo por saber que a minha mulher vai se submeter aquele doente do meu irmão. Ligo para César, o detetive que contratei em São Paulo.

- Bom dia, César.

- Bom dia, senhor Pedro!

- Você tem alguma novidade pra mim?

- Senhor Pedro, fiquei até tarde ontem, pois meu contato dentro da policia pegou o turno da noite. Ele viu que o senhor Fernando Souza Aragão foi considerado culpado antes mesmo da perícia ter sido feita. Consta nos autos uma testemunha, o nome dela é Soraya Kalil. Ela informou que morava ao lado e ouviu gritos de socorro que vinham de dentro da casa, com voz de mulher na hora da morte.

- Uma testemunha? Porque o suspeito nunca soube dessa testemunha?- Fica cada vez mais estranho esse caso- César, tenho pressa em descobrir quem está por trás dessa acusação. Preciso que você veja se essa testemunha ainda mora no mesmo lugar e ofereça dinheiro se for preciso, mas faça ela falar, por favor.

- Tudo bem, senhor Pedro. Entro em contato quando conseguir e será o mais rápido, não se preocupe.

- Obrigado. Até breve. – desliguei o telefone com uma sensação de estar cada vez mais perto de libertar Isa e poder assumir para todos que nos amamos.

Preciso ligar para Isa, tenho que compartilhar com ela o passo que demos hoje. Liguei para seu celular, mas ela não atendeu. Liguei para casa e Denise informou que Isa estava no meu quarto cuidando do cachorro. No meu quarto! Nem acreditei. Decidi ir para casa vê-la pessoalmente, aproveitar que Miguel não está, para conversar com ela. Peguei as chaves do carro que estavam em minha mesa ao lado do celular, quando senti sua vibração na mesa e seu toque começou a soar alto, era Débora me ligando.

- Pedro, socorro, ele quer me bater...- uma Débora chorando e sussurrando para não ser ouvida por alguém, começa a falar.

- Débora? Ele quem? Aonde você está?

- Não tenho muito tempo. Vem rápido! Ontem fui com uma amiga até um clube de sexo,  mas acabei saindo de lá com um cara que conheci e vim parar na casa dele. Anota o endereço, rápido.

Débora me passou o endereço e sei quem é o cara. Já fui a uma festa na casa dele com dois amigos que conheci na faculdade. Ele é do departamento administrativo da policia civil .

- Espera que estou chegando. Aonde você está escondida?

- Estou na despen...NÃO!- ouvi barulho de alguém tentando abrir uma porta e voz de homem.- SOCORRO! NÃO! ME DEIXA EM PAZ!

Corri até o elevador privativo e desci. Dirigi pela cidade mais uma vez feito louco, mas em menos de vinte minutos cheguei no bairro Água Fria e segui para o endereço que Débora me passou. Era uma casa grande, com portão branco de ferro assim como eu lembrava, tinha um carro Polo preto estacionado na garagem e na entrada um jardim mal cuidado.

Estava tudo muito silencioso quando apertei a campainha, mas continuou silencioso. Apertei insistentemente, quando vi , através do portão, o filho de uma puta abrir a porta. Acenei com a mão e ele não me reconheceu. Veio em direção aonde eu estou, vestindo só a calça de pijama. Tinha duas tatuagens no abdômen.

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora