Cheguei na delegacia Metropolitana do Eusébio meia hora depois. O delegado perguntou se eu era o advogado de Miguel e quando viu que não, falou logo que meu irmão ficaria preso por dezoito anos e que no distrito dele, ninguém admite suborno. Se meu irmão não tivesse preso aqui eu ia aplaudir esse cara e dar um abraço nele só de ouvir que pelo menos naquela região e por conta da polícia, não há corrupção. Isso no Brasil é raro.
Como tenho que pensar naquele traidor de um figa, vou ligar para o Saulo e ver o que posso fazer por hoje para tirá-lo daqui.
Nossa sorte foi que Saulo já havia contactado um juiz e já estava com o valor da fiança estipulado. Como atentado ao pudor o condenado cumpre de seis a dez anos de prisão e tentativa de suborno de um a oito anos de prisão e Miguel conseguiu a proeza de colecionar esses dois crimes de uma vez e hoje é domingo, o juiz com certeza não gostou de ser incomodado no seu descanso, estipulou o valor de treze mil reais. Saulo ainda disse que demoraria mais três horas para chegar, portanto se eu pudesse ir adiantando e pagando logo a fiança, mais rápido meu irmão sairia. Mesmo pagando a fiança, Miguel vai ter comparecer à uma audiência na presença do juiz em até vinte e quatro horas. Espero que Saulo consiga trabalhar em sua defesa hoje ainda.
Paguei a fiança e pedi para ver meu irmão. Ele veio cabisbaixo, suspirou fundo e me abraçou.
- Obrigado, Pedro. Estou te devendo essa.
Respirei fundo e o soltei.
- Só não te encho de porrada porque senão eu seria preso e você teria que além de me soltar, já que providenciei sua liberdade, explicar para a Isa como que ela saiu e te deixou dormindo e ela voltou e te encontrou com um olho roxo. Miguel, cara, seja homem! Não machuque a Isa senão você vai se ver comigo.
- Eu sei, Pedro, eu sei. Não vou fazer mais isso... - Interrompi, porque não aguentei.
- De novo? A mesma promessa que você já fez, quebrou e está prometendo a mesma coisa! Vamos ter uma conversa com nossa mãe, Miguel. Não pode ficar assim. Ainda bem que Isa não sabe. É melhor você parar antes dela saber.
- Já falei que vou parar, agora me responde uma coisa, você não contactou nenhum advogado da empresa não, né Pedro. Você sabe que se essa bomba explodir, vai comprometer meu cargo.
- Bom ver que além do seu casamento você ainda tem o cargo de CEO que pode sofrer danos por causa de suas escolhas. É muito a perder, seu inconsequente. Vê se cresce agora!
Quando estávamos conversando, um guarda veio e liberou Miguel. Fomos direto para casa já ligando para nossa mãe. A mantive informada durante todo o tempo em que estive na delegacia, sobre os trâmites da liberação dele. Ela disse que Isa não desconfiou.
Chegamos em casa, tomei um banho e me tranquei no quarto. Aproveitei para dormir e não queria ver a cara da Isa , sendo enganada mais uma vez pelo canalha do meu irmão.
Já passava das vinte horas quando alguém bateu na minha porta. Eu estava só de cueca boxer, mas me levantei meio sonolento e abri a porta. Para minha surpresa Isa estava em pé na minha porta, com uma bandeja e um vestido tomara que caia que ia até a metade da coxa, com florezinhas e uma marquinha de biquíni que me deixou com a boca aberta e o pau duro na hora.
Ela estava sorrindo e falando.
- Já que você não desc... - Parou, com a boca aberta, olhando para minha ereção. Começou a piscar sem parar mas não parava de olhar.
Fiquei muito desconcertado , mas me justifiquei.
- Eu estava dormindo..., você sabe...é natural, é só eu me aliviar ali ...no banheiro. - A situação mais constrangedora da minha vida que se transformou na porra de uma cena pornô, porque Isa ao invés de agir e dar meia volta, não desviou os olhos do meu "Joystick" tamanho família, ainda passou a língua para hidratar os lábios mas no pedaço antes inabitado do meu cérebro, ela estava se preparando para me dar o bote e me devorar com a parte mais quente e escorregadia do corpo dela...ah, como será enfiar até o talo nela? Droga, estou mais duro!
Corri, peguei uma almofada da poltrona ao lado da minha cama e tentei esconder minha situação não tão vergonhosa assim, porque além de eu malhar muito, vamos dizer que passei várias vezes na fila de tamanho...de algo bem importante!
Finalmente ela olhou nos meus olhos, com o " parque de diversões" interditado pela almofada.
- É...trouxe seu jantar, já que você não desceu. Olha só, desculpa Pedro, sei que estou invadindo a sua privacidade, não foi essa minha intenção, só que sua mãe também não desceu dizendo que estava com dor de cabeça e pediu para a Aurélia levar o jantar dela. Como todos parecem estranhos hoje, achei melhor trazer o seu jantar e aproveitar para conversar sobre o que está acontecendo. Miguel só sabe dizer que está tudo bem, mas sei que não está. E aí, vai me dizer ou vai me frustrar com uma resposta evasiva, também?
- Isa, não sei do que você está falando.- Falei com um nó na garganta, por mentir para ela.- Fiquei bem pouco em casa desde ontem, não tenho a menor ideia do que você está falando.- Peguei a bandeja da mão dela, agradeci e fechei a porta bem rápido, com medo dela escutar as batidas aceleradas do meu coração e perceber que realmente há algo errado. Me sinto um merda mentindo para ela, mas não posso destruir o casamento do meu irmão, não posso.
Finalmente amanheceu o dia e por mais que esteja chuvoso, o que já é uma coisa boa nesse calor, aquele dia difícil de ontem, acabou. Hoje Miguel terá que prestar conta com a justiça, mas fora isso, será um dia como todos os outros, normal. Depois que tomei meu café, fui em direção ao meu carro para seguir destino a Lemansk e encontrei Isa toda molhada, entrando pelo portão principal da propriedade com uma cara péssima. Mesmo com raiva e toda molhada, parecendo que foi banhada por um caminhão pipa, é linda.
Perguntei estranhando.
- O que houve, Isa? Cadê seu carro?
Ela levantou os olhos e respondeu.
- Acho que hoje levantei com o pé esquerdo, Pedro! O carro quebrou dois quarteirões daqui, tentei ligar para alguém me ajudar, mas meu celular descarregou na hora que chamou e esqueci o carregador portátil no criado mudo do quarto. Tive que voltar andando nessa chuva e não achei nem o guarda chuva que guardo no carro. Não posso faltar o trabalho hoje. É segunda feira, o dia mais cheio na clínica. Me dá uma carona, Pedro? -
Ah não! É tentação demais. Eu e ela, sozinhos, no meu carro. Todo dia isso agora, Senhor? Não consigo me controlar na frente dela e acho que uma hora Isa vai acabar desconfiando.
- Aonde está o Miguel? Porque você não pediu carona a ele? Aurélio, motorista da minha mãe, cadê ele?- Perguntei tenso.
Isa uniu as sobrancelhas, estranhando minha tensão.
- Miguel já saiu e sua mãe tinha terapia hoje cedo, acordou antes de todos nós. Pedro, porque você está agindo estranho? A clínica nem é tão longe da Lemansk. Se não quiser me levar, é só dizer, mas tudo bem. Vou chamar um táxi.
- Não Isa, acho que você me entendeu errado. Queria saber por que Miguel já saiu tão cedo, só isso. Vai lá trocar de roupa que eu te espero, vai.
- Oh, Pedro! Obrigada! Juro que não vou demorar. - Isa falou correndo escada a cima, quase esbarrando com Luiza, que estava descendo.
- Pedro, o que houve com a doutora? - Perguntou sarcástica achando estranho a correria de Isa.
- Porquê você não vai com a cara dela, Lu? E o que está fazendo de pé tão cedo?
Ela respondeu indiferente.
- Depois que a doutora perfeitinha chegou na família, mamãe tem cobrado de mim para que eu termine a faculdade. Ela não entende que não estou preparada. Essa Isa acha que pode segurar o Guel, mas ela não sabe de nada. - Falou a ultima parte sorrindo.- Agora deixa eu ir, Pedro, porque tenho uns exames para fazer. Nada sério. Exame de rotina.
- Vai lá, maninha. - Falei e fiquei pensativo sobre o que ela quis dizer com tudo aquilo.
Quinze minutos depois, Isa estava descendo as escadas com uma blusa branca de malha colada no corpo, de manga comprida e uma calça cinza grafite. Chegou pertinho falando e conectando o carregador portátil no celular descarregado.
- Você viu a Luíza? Não fala comigo nunca. Se tivermos na mesa e ela quiser a geleia que está perto de mim para passar na torrada, ela me olha com a cara feia e come a torrada seca. Não consigo entender qual o problema dela comigo.
Fomos andando em direção ao carro. Abri a porta para ela e depois que Isa sentou eu fechei, arrodeei e me sentei no acento do motorista. Percebi que não faço isso nunca, a não ser com minha mãe. - Quando ajo naturalmente com Isa, sempre faço coisas como essa.
- Esquece, Isa. A Lu só está precisando voltar a viver como vivia antes da morte de nosso pai. Ela era cheia de vida, dedicada ao seu curso na faculdade. Não quis estudar no exterior para ficar mais perto dele. De nós três, ela era a mais grudada nele. Só tem que ter paciência. -Falei apaziguando a situação.
- Ah entendo, mas gostaria muito que ela não me isolasse de sua vida. - Senti sinceridade em suas palavras.
O telefone de Isa tocou.
- Bom dia, mãezinha.- O sorriso de quando atendeu o telefone sumiu.- Mãe, porque a senhora está chorando? O que aconteceu com meu pai? O QUÊ? INFARTO? AONDE VOCÊS ESTÃO? Hospital MontiKlinikum. Certo, mãe. Fica calma! Estou chegando aí!
Seu Fernando teve um infarto, que dó da minha linda...quer dizer, da Isa! Falei acelerando o carro e pedi para que ela ajuatasse o GPS para pegarmos o caminho menos congestionado.
- Vamos chegar lá rapidinho. Fica tranquila! Daqui a pouco você vai ver como está seu pai. - Peguei no joelho dela com minha mão direita, deixando a outra no volante. Isa chorava tanto que soluçava. Agarrou minha mão e colocou entre os seios pressionando, como se minha mão fosse tirar a dor e angústia do peito dela. Se não estivéssemos com pressa, e ela fosse minha, a pegaria no colo para ampará-la até se acalmar. Estou aqui por ela, faço qualquer coisa por essa mulher que infelizmente, não é minha e nunca vai ser.************************************
Olá galera!
Isa vivendo um " bad day" mas pode piorar...ops!
Comentem o que vocês estão achando de o Pedro começar a dar mais abertura para Isa se aproximar.
Não esqueçam de votar!Obrigada e beijinhos!
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Traição
RomanceDifícil pensar que confiei, que amei...me entreguei sem reservas a alguém e hoje sinto o gosto amargo na boca, pela punhalada que levei pelas costas. Meu nome é Isadora, mas pode me chamar de Isa. Sou paulista, mas moro há dez anos em Fortaleza -C...