Capítulo 37 Isa

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Saí de lá, atropelando algumas plantas do jardim de dona Bete e quase choquei meu carro com a coluna ao lado do portão da mansão. Minha cabeça doía, eu não conseguia parar de chorar. Mentiroso, é isso que ele é. Pedro é um hipócrita, pois falava do irmão enquanto me enganava do mesmo jeito, me fazendo acreditar que ele era diferente. Eu sou uma tola, nem por Miguel senti o que sinto pelo Pedro e ele me apunhala pelas costas como o irmão fez comigo.

Meu celular toca e paro no sinal vermelho vendo o nome de Joana no visor. Atendi e ela estranhou minha voz na hora. Marquei no aterro da Praia de Iracema para nos encontrarmos e conversarmos, já que a chuva tinha passado. Cheguei quinze minutos depois e sentei em um quiosque de venda de água de coco, pois a areia da praia estava molhada depois da chuva de hoje e esperei por minha amiga que chegou vinte minutos depois de mim. Contei tudo enquanto ela calada, me ouvia.

-Você tem certeza que ela estava pelada?

-Claro, Jô. Não sou cega, né? - falei sentindo minha cabeça latejar e meus olhos começando a inchar.

-Tem que haver alguma explicação, amiga. Ele se mostrava tão apaixonado por você e ontem mesmo vocês transaram, como você falou. Não havia necessidade dele procurar por outra.

-A explicação é que ele é homem e ela é linda e o pior, ele tem o mesmo DNA do irmão, você quer outra explicação? - Joana passou a mão em meu braço me consolando.

-Vocês precisam conversar, isso sim. Pelo que você contou, nem deu espaço para ele se explicar.

-O que eu vi hoje, não deixa margem para explicação.

Fechei meus olhos relembrando a cena toda. Lembrando quando ele me contou na festa que ela era sua foda casual, ele no hotel falando que tinha ficado todos esses dias sem transar, o corpo esculpido de Débora. Não, não é possível que eles não tenham feito nada. Tomamos água de coco e Joana tentou me distrair contando um fato engraçado que aconteceu com ela e seu namorado. Me despedi de minha amiga quase duas horas depois, indo direto para o apartamento de meus pais.

Eles já estavam dormindo, mas minha mãe apareceu com um robe por cima da camisola, assustada, entrando em meu quarto enquanto eu procurava uma roupa de dormir dentro da mala.

-Filha, o que aconteceu? Trouxe sua mala e finalmente deu um chute no mala do seu marido?

-Desculpa por ter lhe acordado, mãezinha. A mala estava pesada e quando passei na sala, esbarrou em algumas coisas pelo caminho – falei sem a olhar nos olhos, os sentindo meus olhos arderem.

-Olha pra mim, querida. Você andou chorando? O que aquele monstro fez? - ela perguntou alterando um pouco a voz.

-Não foi Miguel. Consegui umas provas contra ele e finalmente saí de casa. Amanhã vou acionar dr. Pereira para providenciar novamente a papelada do divórcio.

-Que perigoso, Isa! Ele poderia tentar algo contra você, minha filha.

-Não mãe, Pedro já estava sabendo. Ele não pode arriscar me fazendo algum mal.

-Então o que houve para você estar aqui desse jeito, com os olhos tão vermelhos e inchados?

-É uma longa história mãe, amanhã lhe conto. Vamos dormir, senão amanhã estarei pior e a senhora gosta de acordar cedo, então é bom dormir cedo – me aproximei a abraçando, beijando seu rosto, enquanto ela me olhava com carinho, passando a mão em meu rosto.

Depois que ela saiu, tomei um banho relaxante com um peso em meu coração por tudo que vivi hoje e pela incapacidade de continuar chorando, pois minha cabeça estava me matando. Tomei um comprimido e deitei, vendo algumas chamadas do celular de Pedro perdidas há mais ou menos quinze minutos, enquanto eu estava no banho.

TraiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora