Capitulo 12 Pedro

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Estou ferrado! Achei que tudo o que sentia por Isadora fosse tesão, atração física, vontade de foder todos os orifícios dela que a minha mente suja é capaz de pensar, mas quando Isa pisou naquele restaurante parecendo uma deusa do sexo, pensei " Deus está me testando!", aí ela chegou mais perto e tudo que eu queria era tê-la para mim, a abracei, quase corri em sua direção para acelerar aquele andar em câmera lenta que ela estava fazendo. Foi mais forte do que eu, o que é que eu posso fazer?
Nunca, na porra da minha vida, saí com uma mulher linda, inteligente e gente boa como Isa e ela pediu uma caipirinha, acho que nem na faculdade, por que quando a mulher sabe que você tem dinheiro, quer dar uma de "fina" e mostrar que pode ocupar o lugar vago ao seu lado. Até a Débora, pensando bem, até ela sempre pede bebida fina, mas não a Isa, ela é o que é e pronto!
Contei tudo que a infeliz da minha irmã com a piranha da Amanda tramaram, fiz minha parte, falei para ela perdoar o cabeça oca do meu irmão e mantive a conversa o mais leve e descontraída o possível, até Isa ter a bendita ideia de andar na praia. Não quero culpar o álcool, mas foi culpa dele sim! Como pode? Me segurei o tempo inteiro para não pegar na mão dela sobre a mesa, depois de a imagem dela me inebriar e eu tê-la apertado quando chegou, me policiei o tempo inteiro para não dar na cara que ela é a mulher dos meus sonhos, vem a Isa com as mãos morninhas da água do mar, acaricia meu rosto e fica próxima o suficiente me deixando tão doido que não lembrava nem que um dia tive um irmão.
Morri na praia, quase literalmente. Se não fosse por Isa, teríamos feito o nosso primeiro filho, porque nem preservativo levei pra não cair em tentação e fazer o que se passa na minha cabeça há mais de um ano. Não que ela fosse querer, mas é melhor evitar. Naquela noite, descobri o significado de " borboletas no estômago" que ouvi desde a adolescência outras pessoas dizerem e pensei que seria só uma vez que aconteceria para lhe dizer " pronto, é essa aí a 'sua pessoa' ", mas não, aconteceu as trinta e duas vezes que olhei para ela nessa noite. Lá pela décima sétima vez, fui ao banheiro e lá disse, olhando pra minha barriga " Já entendi, mas ela não é 'minha pessoa' !" Não, não resolveu e sim, eu contei todas as vezes que a olhei!
Voltando para casa agora, não estou bêbado, mas bebi e sei o quanto isso é errado. Poderia não só me machucar, mas machucar outra pessoa, ou até mesmo ser algo fatal! Não faço mais isso!
Entro em casa depois de estacionar meu carro na garagem subterrânea. Ainda hoje quando penso, acho um exagero, parece que moro em um shopping! Dou um pulo para traz com o susto que tomei. A luz está apagada e meu irmão está de pé em frente a porta, com um calção folgado de pijama e uma camisa folgada, braços cruzados e batendo o pé no chão, o olho que estava fechado, agora está entreaberto, mas ainda inchado e a coloração vai de vermelho a roxo ao redor, o nariz roxo no meio e muito inchado, o curativo na sobrancelha e o outro olho com muita olheira roxa em baixo. Parece um zumbi pronto para comer meu cérebro, quando esticou os braços para me alcançar e me puxar para dentro de casa, me apavorei.
- Meia noite e trinta e cinco, aonde você estava com a minha mulher até essa hora, seu conquistador de mulheres vulneráveis? - Miguel furioso tentando sussurrar as ofensas para não acordar a família.- vamos, desembucha! Você está cheirando a álcool.
- Sai de perto de mim, assombração! Miguel, irmão, você tá feio, cara! -Ri demais da cara dele!
-Está alegre assim porquê? Você não é assim!
Eu só continuei rindo e entrando até a cozinha, enquanto ele me seguia.
- Cara, você ainda ri? Ainda não consigo dormir, quando começo a cochilar, por causa desses remédios fortes, meu olho começa a incomodar ou magoou o nariz, ou os pontos coçam...tô irritado de sono, pensando que amanhã tenho que ir para a empresa, estou sentindo falta de Isa, aí vem você, depois de fazer isso - apontou para o rosto-, ainda ri! Não vai me contar como foi o jantar com a minha mulher? - deu ênfase em " minha mulher".
- Miguel, é pra você agradecer a Deus todo dia, porque hoje era para nossa mãe estar começando a rodar na gráfica os santinhos pra tua missa de sétimo dia. Eu te disse que te matava se você machucasse a Isa, mas dei só uma amostra do que eu sou capaz. - Bebi a água do copo que eu tinha acabado de encher- Contei para Isa sobre nossa irmã ter sido a comparsa de Amanda.
- O que ela disse? Falou se vai me dar uma chance? - Miguel perguntou ansioso.
- Ela quer que você tenha mais paciência, mas falei também que vocês precisam conversar. Miguel, você sabia que Isa ama praia? Sol, mar...sabia disso? - Perguntei lembrando do que ela falou.
- Ela nunca me disse, mas aonde você quer chegar com isso?
- Você nunca se importou em saber do que ela gostava! - Me irritei por pensar que ele teve tanta sorte em tê-la e nunca se esforçou para isso.
- Como assim Pedro? Isa ficou reclamando para você coisas que eu não sabia sobre ela?
- Como se a Isa fosse mulher disso, Miguel! Você realmente não conhece sua esposa!- Falei me virando e saindo para o corredor em direção às escadas para ir ao meu quarto.
- Estamos casados há menos de dois meses, você queria o que? - Miguel perguntou enquanto eu subia as escadas e ele vinha do meu lado.
Que burro, meu irmão! Estou mais próximo há menos de duas semanas da mulher dele e sei mais do que ele. Parei no último degrau antes de pegar o corredor para subir o outro vão de escadas em direção ao meu quarto que fica no segundo andar e me virei para ele.
- Quem sabe se você tivesse olhado menos para o fundo da calcinha das outras com quem você trepou e prestasse mais atenção na sua mulher, você teria a conhecido melhor. Ela ama praia, Miguel. Agora vou dormir, amanhã conversamos mais. - Me virei e fui em direção a outra escadaria.
Acordei com muita dor de cabeça, se não fosse isso, não lembraria nem que eu tinha bebido. Tomei banho frio, para começar mais um dia quente na nossa linda Fortaleza, tomei um comprimido e vesti um dos meus ternos da coleção que trouxe da Espanha do ano passado, quando fui visitar um de nossos maiores compradores de móveis no exterior. Morar em uma cidade turística e quente como a minha e trabalhar de terno, não é fácil. Tem dias que me sinto uma embalagem de comida fechada, dentro do micro-ondas, mas amo morar aqui.
Antes de descer para o café da manhã, liguei para a seguradora para confirmar a entrega do carro de Isa e de fato, eles foram pontuais. Pedi a Denise, governanta da casa, para preparar uma mala com algumas roupas, lingeries e itens de higiene de Isa para que eu pudesse entregar a ela hoje, pois ela não pegou nada seu quando decidiu voltar a morar com seus pais e não sei se Miguel concordaria em mandar alguma coisas dela, porque a deixaria mais a vontade para não voltar.
Desci para tomar café e Luiza estava enviando mensagens do celular, sentada a mesa. Ela olhou para mim e voltou a digitar no celular, também não a cumprimentei. Mamãe entrou nos desejando bom dia e respondemos juntos. Minha mãe perguntou.
- Miguel já saiu?
- Não mãe, está no escritório, recebeu uma ligação no celular, levantou e foi atender lá. - Luiza respondeu sem olhar para ninguém, ainda digitando no celular.
Será que ele está traindo Isa de novo? Se tiver fazendo isso, não vou ajudá-lo a reconquistá-la. Me levantei e disse que precisava falar com meu irmão. Fui em direção a porta dupla do escritório e estava com uma brecha bem pequena aberta. Ouvi quando ele falou " ...e ela morreu?", ficou calado ouvindo, e em seguida disse "Certo, vou aguardar você voltar de viagem e quero ler todo esse dossiê. Quero saber os detalhes." Ouviu de novo e finalizou a ligação se despedindo formalmente de quem quer que estivesse do outro lado da linha. Quem morreu?
- Bom dia, Miguel. Algum problema? - Entrei sem bater. Meu irmão virou e ficou pálido dizendo.
- Não, nada. Faz tempo que você está aí? - Pareceu um pouco nervoso, mas guardou o celular no bolso e me olhou nos olhos.
- Não, cheguei agora. Vim ver se você está bem para trabalhar, mas vi que sim, já está até de terno! Que bom!
- Sim, estou melhor. Eu mesmo troquei o curativo hoje cedo. Se Isa estivesse aqui, teria cuidado de mim! - Falou, olhando para o chão e balançando a cabeça de forma negativa.
- Irmão, se ela estivesse aqui, isso - apontei para seu rosto - nem teria acontecido! Você só tem que aprender a lidar com as consequências de seus atos. É isso! Vamos tomar café? - Falei voltando para começar, finalmente, meu café.
Às quinze horas sai da empresa em direção a clínica, que não fica muito longe. Cheguei ás quinze e quinze, falei com a recepcionista que me pediu para esperar e voltou com Isa ao lado. Aquele sorriso que sou viciado foi direcionado a mim, me apressei e cheguei o mais perto possível. Isa me abraçou! Ela mesma me abraçou, foi amigável, mas foi algo envolvendo corpo, cheiro...ah, foi um abraço da Isa.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupada.
- Não, só pensei que talvez você quisesse algumas coisas suas, então pedi a Denise para arrumar uns itens seus em uma mala, está lá no carro.
- Não pode! Pedro, você tem o poder de ler mentes? Hoje quase não sai de casa por não ter roupas para usar. Já tinha pensado em ir a um shopping , quando saísse hoje as dezoito horas para comprar algumas coisas. Fiquei com medo de ir na sua casa e encontrar Miguel por lá. Ainda não me sinto pronta para falar com ele. Todos os dias tem me ligado, mas não consigo atendê-lo.
- Ele está sofrendo também, Isa! Tenho visto isso.
- Vamos sair daqui, não dá pra conversar sobre isso aqui na recepção. - Isa falou indo para a porta de entrada da clínica.
- Vamos para o café da esquina, Isa. Quando voltarmos, pego a mala para lhe entregar. - Falei a seguindo para o lado externo da clínica.
Fomos andando, pois o café fica quatro lojas depois da clínica em que Isa trabalha. Há aproximadamente três metros de distância do café, o salto do sapato de Isa enganchou em uma fresta entre duas pedras do piso e ela acabou se desequilibrando e torcendo o pé esquerdo no momento da quase queda. A segurei pela cintura, não a deixando cair no chão.
Isa gritou de dor, quando tentou andar e o pé esquerdo inchou bastante. A peguei no colo enquanto ela dizia que conseguiria andar, voltamos e a coloquei no carro para levá-la ao hospital.
- Não, Pedro. Eu não quero ir para hospital por causa de uma pequena torção. - Mais uma vez deu um grito quando ficou de pé para andar.
- Está vendo, teimosa! Vamos para o hospital, não vou conseguir te deixar aqui desse jeito. - Chamei a recepcionista da clínica para que visse como Isa estava e avisasse ao administrador que ela iria ao hospital. Pedi para deixar o carro dela no estacionamento da clínica, para depois mandar buscar. Peguei sua bolsa e seus pertences e fomos em direção a Montiklinikum, que considero ser um dos melhores hospitais daqui e perto de onde estávamos. Isa foi atendida e medicada, uma hora e meia depois estava saindo com ela em uma cadeira de rodas. Quando entramos no carro falou.
- Não falei, senhor insistente! Foi só uma torção simples, doeu demais, mas com gelo, compressa morna e um anti-inflamatório vou ficar novinha em folha. - Falou e sorriu.
- Não, senhora teimosa. Era necessário um especialista ver, para termos certeza de com o que estávamos lidando. Não era seu dente, minha linda dentista! - Falei, depois percebi que meu tom foi insinuativo. Isa só me olhou com aqueles olhos azuis brilhantes, corou e falou.
- Obrigada pelo " linda"! Ainda acho que foi exagero, mas sou grata por você se preocupar comigo. Mamãe vai gostar de me ter em casa mais tempo.
- Nossa! Agora que lembrei. Dona Rosana vai ficar sobrecarregada cuidando de você e do seu pai. Você não acha melhor voltar para casa, Isa? Lá tem bastante gente para cuidar de você. Vamos! - Quem sabe assim eles se acertam de uma vez! Pensei enquanto começava a dirigir.
- Pedro você sabe que não quero ver o Miguel, então para de ficar insistindo! - Isa falou incisiva.- Sem falar que minha mãe ficaria desapontada se soubesse que troquei seus cuidados pelo de outras pessoas. E você pensa que seu Fernando está deitadinho? Não existe essa possibilidade!
- Tudo bem! Vê se segue as instruções do médico direitinho, ok? Faço questão de falar direto com sua mãe e passar as recomendações. - Estacionei em frente ao prédio dela e desci arrodeando para chegar até sua porta. Avancei sobre Isa para pegá-la no colo, quando falou.
- Não precisa, Miguel. Tem uma cadeira de rodas na portaria. É só pedir ao Vladimir para buscar.
- O que? Quer dizer que você quer trocar meu braços- dobrei os dois braços mostrando o bíceps- por essa cadeira sem graça? - Brinquei. Isa ficou sem palavras, olhando para mim. Parece que acordou do transe e falou.
- Vou sim, Pedro. Você pode...- pigarreou- me derrubar. Sou pesada! - Falou tensa.
- Deixa de besteira, senhora teimosa! - Falei e a peguei em meus braços, enquanto ela assustada, colocou os braços ao redor de meu pescoço.
Quando a ergui, ficou séria, olhando diretamente para minha boca. Ah não Isa, não faz isso! Estava tudo indo tão bem! Pensei, mas não consegui parar de olhá-la também. Isa se sentiu segura, soltou uma mão e parecendo estar hipnotizada, passou a mão livre sobre minha barba, ao redor de minha boca e lá vem as borboletas no estômago de novo. Olhou em meus olhos e muito consciente e tranquila, falou.
- Obrigada, Pedro, por tudo! - Ah, é só gratidão. Pensei. Que bom, temos que continuar assim, sem passar dos limites.
- Por nada, Isa! Eu faria qualquer coisa por vo...quer dizer, eu gosto de lhe ajudar no que você precisar. Sabe que pode contar comigo.
- Sei sim! - Falou tão baixo e doce, que quase não ouvi. O olhar continuou terno e brilhante.
Subi com Isa em meus braços, me olhando e sorrindo. Conversamos amenidades. Chegamos em sua porta e quando sua mãe abriu ficou pálida, parece ter visto um fantasma.
- Isadora, posso saber porque você está no colo do Pedro?

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Olá galera,
Espero que estejam curtindo a história. Tem muita coisa para acontecer ainda e espero contar com o apoio de vocês clicando na estrelinha logo abaixo.
Obrigada por ler minha história!

Beijinhos!

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