- Você tem muita sorte! Não vai sentir o que... estou sentindo! (Soluço) Alguém, por acaso, abriu mão tão fácil...de você? O que eu estou perguntando? Claro que abriram mão de você, você morava na rua, você...sabe então o que estou sentindo, você me entende. – o whisky já desce macio- Eu faria qualquer coisa por ela...
- Meu filho, o Capitão não entende você. Olha isso! Você bebeu essa garrafa de whisky quase toda e está todo amarrotado. Venha, vou lhe ajudar a tomar um banho e pedir para Denise fazer um café pra você.
- Mãe,( soluço) ela não lutou...por nós!- choro na frente da minha mãe, ela sabe o tamanho do meu sofrimento- Ela terminou, mãe!- sinto um abraço carinhoso.
- Meu bem, ela não teve culpa. Não tinha como ela continuar casada e ficar com você. Seu irmão está mudado, Pedro, Isa está agindo certo.
- Eu vou resolver...isso tudo! Eu estou apaixonado, mãe. Não posso viver sem ela!- Deitei no chão, ao lado do meu amigo Capitão e ele lambeu meu rosto. Ele me entende!
Acordei com minha cabeça martelando, deitado na minha cama com uma calça de pijama. Na mesinha de cabeceira tinha um comprimido e um copo com água. Tomei e me levantei andando em direção ao banheiro.
Não sei como cheguei a cama, mas flashes de momentos olhando para o fundo do vaso na última noite, vieram forte a minha mente. Tomei um banho frio e escovei meus dentes. São onze horas da manhã do sábado, não irei a empresa hoje, tenho uma outra prioridade para resolver. Peguei uma mala pequena e coloquei algumas roupas e cuecas. Produtos de higiene pessoal e uma pasta com as informações sobre o senhor Fernando.
Liguei para minha secretaria e pedi que ela comprasse uma passagem de ida para São Paulo capital para mim e também que fizesse uma reserva em meu nome no hotel mais próximo ao aeroporto de Congonhas.
Peguei Capitão nos braços e desci com ele, enquanto balançava seu rabo e lambia meu rosto. Denise se aproximou quando cheguei no último degrau da escada.
- Bom dia, senhor Pedro.
- Bom dia, Denise. Onde está minha mãe?
- Senhor, ela saiu com dona Luiza. Pelo que entendi, foram a uma universidade.- Estranhei. Primeiro porque Luiza não gostava de sair com nossa mãe e segundo porque ela sempre fugia quando o assunto era seu futuro e quando ouvia sobre faculdade, ela mudava de assunto.
- Tudo bem Denise, obrigado. Trouxe esse garotão porque estou achando que ele está muito sozinho lá em cima. Você pode arranjar um cantinho para ele por aqui? Assim ele interage com as pessoas.- Ela sorriu e pegou o cachorro de meus braços.
- Claro, pode deixar- Escutei a voz de mamãe.
- Para onde você está levando o Capitão, Denise?- Me viro e vejo mamãe e Luiza entrando com uma cama para cachorro que cabe pelo menos outro cachorro junto dele, uma sacola de pet shop com osso para amolar os dentes, brinquedos de plástico e borracha que apitam quando apertados, cinco pacotes de biscoito para cachorro de sabores variados, pacotes de ração, uma coleira guia para passeios e uma coleira amarela acolchoada com uma medalha dourada em formato de osso com o nome gravado “Capitão”.
- Mãe, pra que tanta coisa? A senhora sabe que não ficarei com ele, não tenho tempo para cuidar dele, mãe. – Falei pegando as sacolas das mãos de Luiza para ajudar.
- Nem discute, Pedro. Você é voto vencido.- Luiza falava sorrindo. Há quanto tempo não vejo o sorriso de minha irmã!
- Isso filho, Capitão ganhou o coração de todos aqui. Ele não é seu, é nosso. Nós já o adotamos.- Minha mãe falou se aproximando do cachorro e fazendo carinho em sua cabeça, enquanto ele estava nos braços de Denise.
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Traição
RomanceDifícil pensar que confiei, que amei...me entreguei sem reservas a alguém e hoje sinto o gosto amargo na boca, pela punhalada que levei pelas costas. Meu nome é Isadora, mas pode me chamar de Isa. Sou paulista, mas moro há dez anos em Fortaleza -C...