Tiago
Fico confuso ao abrir os olhos. Que horas são?
Cadê a enfermeira e por que está tudo tão escuro?
Saio da cama cambaleando e abro a porta.
Vejo um local que não é a clínica de reabilitação e então lembro que não estou mais lá.
Estou em casa.
— Bom dia Tiago. — Cumprimenta Rosa — Está tudo bem com você? — Pergunta preocupada.
Será que estou tão ruim assim?
— Bom dia Rosa. — Cumprimento-a de volta enquanto me direciono a mesa.
— Sua mãe foi levar Miguel à escola. — Informa gentilmente quando olho para o corredor dos quartos.
— Ah... tudo bem. — digo sem jeito, pois queria que eles estivessem aqui, estou me sentindo a pessoa mais carente do universo, isso é muito estranho para mim — Eles estão se dando bem né? — Pergunto tentando arrancar algo da Rosa.
Lembro de o Miguel chegar em casa e correr para os meus braços. De me encher de perguntas e histórias que eu perdi durante todo esse tempo. Nunca ouvi o nome da Beatriz tantas vezes em uma conversa, e sentia que a cada som deste, um aperto no peito. Um aperto de falta.
Mas ele parecia feliz e eu realmente não conseguia entender.
Se bem que a Cecília e ele passaram o dia juntos, ela o ajudou com o banho, atividades da escola e até levou ele para o judô... A noite comemos pizza e mais uma avalanche de histórias de Miguel, mas agora sobre o judô e como era legal ser faixa azul e como o Guilherme era legal...
Relembro o dia em que ele conquistou a faixa azul. Relembro de como estava feliz naquele dia e como continua feliz hoje. Relembro da Beatriz prestando atenção em cada informação que ele dizia e como estava linda.
Eu disse que falaria com ela mais tarde naquele dia.
No entanto, já faz de um mês que se quer a vejo.
"Beatriz pediu demissão."
Ela me odeia.
Eu estraguei tudo.
Que merda. Que merda.
Você sempre estraga tudo Tiago.
Inútil.
Não. Não. Não quero voltar para esse lugar!
— Sim, sua mãe e ele estão felizes. É uma nova fase para todos. — Responde calorosamente Rosa, me trazendo de volta a esse momento.
— Rosa? — chamo seu nome em voz baixa como se não quisesse que ninguém mais escutasse — O que houve... Quero dizer, a Beatriz... Aconteceu alguma coisa? — Pergunto sem jeito.
Ela me olha por alguns segundos. E não há julgamento. Não há pena. Só há compreensão.
— Sabe Tiago, você sabe que eu não sou de dizer muito... — começa — E isso é porque desde cedo aprendi sobre o quanto as palavras são importantes em nossa vida. Por isso acho, que você deveria perguntar isso diretamente para ela. — Fala em um tom amoroso.
"o quanto as palavras são importantes em nossa vida"
Sinto a agitação se formar em mim.
Isso pode ser um sinal...
— Obrigada Rosa. Vou fazer isso. — Respondo.
Nunca me pareceu que eu tivesse medo do que tinha com a Beatriz. Talvez seja porque no fundo, eu mantinha a distância necessária para que eu não me entregasse totalmente.
Eu preciso dizer a ela... Preciso ser honesto... Preciso tentar.
Olá, uma transição curtinha, mas extremamente necessária...
Eu pensei em postar as fotos de como imaginei os personagens em minha cabeça, vocês gostariam de ver isso?
Digam aqui nos comentários e não esqueçam de votar. Beijos :****
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O Silêncio das Páginas
Roman d'amourBeatriz está desesperada! Seu contrato de estágio chegou ao fim e ela precisa encontrar um novo emprego urgente. Após conversar com Rosa, amiga de sua tia, consegue uma entrevista de emprego para ser babá na casa da família Guimarães. Cuidar de u...