Aquele Sorriso Que Me Conquistou.

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Tiago


            Depois de alguns minutos conversando sobre comidas que gostamos ou não gostamos, chegamos a um food truck que parece ser organizado e limpo (eu sou um pouco fresco para comida). 
            Comemos e conversamos por quase uma hora. 
            Descobri que Beatriz já trabalhou em um editora joinvilense que gosto muito. Que é fã de Hobbit e Senhor dos Anéis, assim como eu. Sua casa em Hogwarts é a Lufa-Lufa ao passo que a minha é a Corvinal. Que mora com sua Tia Isabel e o primo Lucas, e tem a Rosa como sua vizinha. Que gosta de assistir várias vezes aos mesmos filmes, e o que bateu o record foi '500 dias com ela', pois ela já perdeu as contas com este. Sua inspiração de franja veio da Zooey Deschanel e ela a corta sozinha, porque cresce muito rápido. 
            Foram tantas informações, mas ao mesmo tempo insuficientes... Desejo conhecê-la mais. Por mim, conversaríamos até o amanhecer, que por sinal não está tão distante assim.                    
            Ela comenta um pouco triste que já tem que ir, pois está tarde e também não quer ser interrogada pela tia por chegar tão tarde. Seguimos para o carro, depois de pagarmos a conta, que ela insistiu em pagar também.
            Recebo direções para chegar a sua casa, pois confesso, não conheço bem onde mora. Decido colocar algo para tocar e The Killers toma conta do carro.
           — Eu amo The Killers! - Comenta animada e não consigo mais parar de sorrir depois dessa revelação. Tampouco de pensar no jeito que seus lábios se movem cantando cada palavra de Spaceman
          — Qual é a sua música favorita? - Ela pergunta me dirigindo seus olhos azuis que parecem irradiar brilho nessa noite.
          — Runaways, e a sua? - Pergunto curioso, pois penso que a banda tem um música para cada momento de uma vida e para cada tipo de personalidade. 
         — All These Things That I've Done. - Responde rapidamente. Essa é uma das melhores músicas deles, penso. Flowers tem um jeito único de construir as letras, se você for muito literal e não estiver aberto a outras interpretações, The Killers não é para você. Sei que ela partilha desse pensamento, pois a forma como respondeu sugere que se identifica com os versos.
         Nela é descrita um conflito interno sobre tentar entender quem se é e aonde se quer chegar, fala sobre solidão e cometer erros... É tão complexa e profunda, assim como Beatriz parece ser. Sou interrompido dos meus pensamentos pela voz dela que pede para que eu vire a direita na sua de sua casa.
         Paramos em frente a uma casa verde e pequena, que possui muros baixos e uma horta ao lado esquerdo.
         Passamos alguns segundos em silêncio. Até que ela os interrompe.
        — Tiago... - Começa com um voz baixa e doce - Muito obrigada por hoje. Eu não lembro a última vez em que me diverti tanto. - Revela arrancando o meu milésimo sorriso da noite.
        — Eu também Beatriz. - É tudo o que eu consigo dizer, pois sei que logo irá partir, tento gravar cada detalhe seu para que esta noite fique nítida na minha memória.
        Percorro os olhos por seus cabelos volumosos que estão presos, mas com alguns fios soltos que a deixam com um ar inocente. Depois para seus olhos grandes e azuis que nesse momento não desviam nenhum segundo dos meus. Em seguida para suas bochechas levemente rosadas pelo frio e por fim para a sua boca, que ainda me faz pensar se é tão macia quanto parece.
        Percebo que também está olhando para os meus lábios e sinto como se a temperatura tivesse subido no carro.

      
        Ela abre os lábios devagar e inconscientemente morde os de baixo. Isso faz eu perder qualquer resquício de juízo. Tiro os cintos e vejo que ela engole em seco. Ainda sem desviar do seu olhar, me aproximo lentamente esperando que assimile o que eu desejo tanto fazer. Vou ao seu encontro e sinto o seu perfume me inebriar. Subo a mão direita em direção a sua nuca e ela fecha os olhos ao passo em que abre os lábios rosados.
        Finalmente selo nossas bocas em um toque gentil e sinto tudo mudar.
        As batidas do meu coração ficam mais lentas e intensas, eu estou ciente de cada uma delas. O resto do mundo parece ter desaparecido e então só existe Beatriz e eu em um beijo gostoso e sem pressa.
        Após alguns segundos, ela intensifica-o ao invadir minha boca com sua língua. Solto um gemido ao passo em que sinto minha ereção latejar sob o jeans. Seguro sua nuca e o rosto com um pouco mais de força enquanto retribuo sua iniciativa em um beijo mais ardente. Após alguns minutos sentindo ela se entregar completamente ao momento, percebo que segura minha nuca afim de aproximar ainda mais nossos corpos. Encostamos nossas testas tendo recuperar um pouco o fôlego.
        Desço minha mão de sua nuca e começo um passeio por seu ombro e depois deslizo-a fazendo o contorno de sua cintura. Com o polegar esquerdo faço carinho em sua bochecha, até leva-lo em direção aos seus lábios que agora estão vermelhos. Ela me encara a cada toque com seus olhos intensivos e me surpreende ao envolver seus lábios no meu dedo. Solto mais um gemido e busco em desespero sua boca para que sinta o quanto a quero. Desço meus lábios por seu pescoço e vejo que inclinou sua cabeça para trás em reação ao prazer que está sentindo. Fico cada vez mais excitado.
        Quase chegando nos seus seios, deixo beijos lentos e sensuais que a fazem suspirar de tesão. Sua mão direita agarra meu cabelo com um pouco mais de força e eu não me importaria de transar com ela aqui e agora.
 
        Como se pudesse ler meus pensamentos, desliza as mãos para segurar meu rosto e me beija intensamente novamente. No entanto, o seu ritmo vai diminuindo até que fiquemos de olhos fechados e com as testas coladas na nova tentativa de recuperar o fôlego. Minhas mãos descansam no seu quadril e as suas envolta do meu pescoço. Após alguns segundos, abrimos os olhos e sorrimos um para o outro. Ela está corada e com mais fios soltos do que antes, ainda mais linda do que achei possível.
        — Isso foi... Uau! - Comenta enquanto rimos a vontade. - Tiago? - Chama depois de um tempo pelo meu nome mesmo sabendo que tem toda minha atenção nesse momento.
        — Que foi? - Pergunto, sentindo que devo ficar preocupado.
        — Eu... - Começa procurando o que dizer e definitivamente sinto que não vou gostar do que vou ouvir. - Eu adorei essa noite, foi perfeita! Você... É simplesmente incrível - Fala enquanto sorri novamente para mim, no entanto não consigo a responder com outro.
        — Mas? - Pergunto desesperado e com uma ponta de esperança.
       Ela reúne forças para tentar continuar e eu sinto minha esperança se esvair de vez.
       — Mas a gente não pode continuar... - Cada palavra me atingi como uma facada - Eu sou babá do seu irmão. - Comenta e por mais que eu entenda, ainda assim dói.
       Não consigo dizer nada. Só apoio minhas mãos sobre o volante onde agora descanso minha cabeça.
       — Tenta entender meu lado. - Pede em um sussurro quase derrotado - E se não der certo? Eu vou acabar perdendo o meu emprego, e eu preciso dele... Minha família também. - Esclarece e consigo entender melhor de fato. Até tento me consolar que me queira e que só o trabalho fica entre nós dois.
       — Eu entendo... - Sussurro de volta - Mas não dá para ignorar o que rolou hoje. - Só de lembrar do nosso beijo, sinto meu peito apertar, porque temo que não tenha outro.
       — Sei que não vai ser fácil... - Começa me olhando triste, afinal ela também sentiu o que senti - Mas temos que tentar, por favor... Eu realmente preciso desse emprego. - Pede em um tom desesperado.
       Percebo como está certa. E se não der certo? Eu continuaria com minha vida, fazendo as mesmas coisas de sempre. Enquanto ela teria a sua completamente mudada. Não é justo. Além do mais, não me perdoaria se Miguel se sentisse abandonado por ela por minha causa. Logo agora que eu desconfio que as coisas deem certo para ele.
       Fico com raiva. Por que as coisas não podem ser fáceis? Por que ela tinha que ser babá logo do meu irmão. Logo a única garota que me tirou a atenção, que arrancou mais sorrisos de mim do que o próprio idiota do Diego, que curte The Killers. Não é justo! Mas o que é justo nessa vida para começo de conversa.
       — Tudo bem... Eu sei que fui egoísta. Mas eu entendo. - Começo - Eu tento pra valer. Só quero pedir duas coisas em troca. - Falo enquanto ela me olha curiosa.
       — O quê?
       — A primeira é que a gente possa ser amigos, afinal temos muito em comum e preciso te fazer assistir a todos os filmes de Hobbit e Senhor dos Anéis, uma questão importantíssima. A experiência é a mesma só com livros. - Peço de maneira boba, mas ganho um de seus sorrisos radiantes. Em seguida responde:
       — Será um prazer senhor Guimarães - Diz zombeteira e eu sinto o meu corpo esquentar com ela me chamando de senhor. Logo sou invadido por pensamentos de uma Beatriz submissa de joelh... TIAGO... FOCO CARA! Repreendo a mim mesmo enquanto engulo em seco.
       — A segunda é... - pauso sabendo como isso pode parecer patético, mas o meu desespero fala mais alto - um último beijo? - Peço e vejo que ela considera por alguns segundos.


       Como em câmera lenta, ela se aproxima de mim e deixo que tome toda a iniciativa.
       Para ficar na posição que quer, ela se apoia no joelho e então coloca mão esquerda sobre o meu peito. Sua cabeça está um pouco mais alta que a minha e a olho de baixo complemente entregue. Ela parece estar deliciada com minha reação enquanto eu fico cada vez mais excitado. Seu rosto inclina de lado para se aproximar ainda mais, até que seus lábios roçam de uma maneira vagarosa e sensual nos meus. Para me torturar ainda mais, pousa sua língua na minha no mesmo ritmo me enlouquecendo de vez.
        Puxo sua cintura e nuca firmemente num pedido silencioso de que sente no meu colo. 
        Como se pudesse me ler facilmente, passa a perna direita por mim e a flexiona para que pouse devagar sobre mim. Quando sente minha ereção clamando por ela, solta um gemido fraco. Nosso beijo é quente, apressado e extremamente gostoso. Deixa explícito em cada movimento o quanto é doloroso para os dois que seja o último.


       Tendo um autocontrole invejável, logo se responsabiliza em diminuir nosso ritmo. Por último dá mais alguns selinhos em mim para avisar que está acabando. Retoma seu banco em silêncio e começa a ajeitar a bagunça que está seu cabelo e seu vestido. Quando acha que está apresentável novamente, me dá um último olhar significativo que diz que está sendo tão difícil para ela quanto está sendo para mim e eu não duvido.
       Gosto que agora que estamos de guarda baixa, seja mais claro o que o outro está pensando. Dirijo um sorriso a ela.
       — Boa noite. - Digo tentando facilitar a despedida para ela.
       — Boa noite. - Se despede enquanto sai do carro.
       Espero que entre em sua casa antes de eu ir embora, mas noto que se vira e então me dirige aquele sorriu que me conquistou.



O Silêncio das PáginasOnde histórias criam vida. Descubra agora