A estranha quase perfeita

Positivo

Arizona

Meu nome é Arizona Robbins, tenho 23 anos e moro com meu namorado, Christopher.
Estou preocupada, na verdade com medo, minha menstruação está atrasada a mais de um mês.
A alguns minutos atrás eu liguei para a April, minha melhor amiga e pedi para que ela trouxesse um teste de gravidez.

Sou tirada dos meus pensamentos pela campainha que toca insistentemente.

- Já estou indo - Me levanto da cama e coloco meus chinelos indo em direção a porta.

- Oi, para não termos dúvidas eu trouxe dois testes - a ruiva fala tudo isso em um fôlego só, o que me faz rir de sua afobação.

- Obrigada April - abro mais a porta dando passagem para que ela possa entrar.

Não perdemos tempo e vamos direto para meu quarto para fazer os testes, entro no banheiro, enquanto April me espera totalmente largada em minha cama, ambas estávamos ansiosas quanto ao resultado.

- Hora da verdade - eu estou tão nervosa que me atrapalho até para abrir as caixinhas.

Depois de alguns minutos finalmente consegui fazer, enquanto seguia as instruções na parte de trás das embalagens.
Como April e eu ficamos impacientes  pegamos os testes e seguimos para a cozinha a procura de algo para comer.

- Só a ideia de estar grávida do Chris me assusta - Falo enquanto dou uma mordida no sanduíche natural de peito de peru, queijo branco e alface, que eu tinha preparado para nós duas.

- Eu ja te disse que ele não te merece, sinceramente Ari, por que você ainda não largou esse babaca? - agora ela para de comer para me olhar nos olhos.

- Ele me ameaçou - falo baixo na tentativa de amenizar a situação.

- Arizona... - April solta o ar preso em seus pulmões e fecha os olhos por uns instantes - Vamos resolver isso juntas ok?! - a ruiva acaricia meu braço.

- Agora vamos ver se eu vou ter ou não um afilhado - isso me faz sorrir novamente.

Nós levantamos dos banquinhos que ficam em frente a bancada e minha melhor amiga pega os testes.

- Pronta? - eu apenas faço que sim com a cabeça e vejo ela olhar os bastões com os resultados

April abre um sorriso enorme e vem até mim me abraçando apertado.

- Parabéns mamãe! 

Depois de ouvir aquilo a sensação era que o chão de baixo dos meus pés estava sedendo.
Meu maior sonho era ser mãe, mas não em uma situação como essa, com um namorado abusivo, sendo ameaçada e violentada por ele quase todos os dias.

- Você está bem? - April pergunta enquanto me olha com a testa franzida.

- S-sim, é só que... o Christopher vai matar a mim e a esse bebê quando descobrir.

- Hey, ele não vai matar você e muito menos meu afilhado, isso eu te prometo, porque nós vamos sair daqui, hoje a noite.

- April você está louca? Por acaso bateu a cabeça?

- Confia em mim! Eu vou tirar vocês daqui, só preciso que você esteja pronta a meia noite, quando o bobalhão provavelmente já vai estar dormindo.

- April eu...

Antes que eu pudesse responder ouço a porta da frente ser aberta e vejo Chris entrando com um fardo de cerveja na mão.

- Quantas vezes eu já falei que não quero ela aqui? - o homem aponta para minha melhor amiga

- Como se você mandasse nela e em mim - a ruiva debocha

Ele foi se aproximando de nós mas desviou o olhar para a bancada da cozinha onde os testes estavam, droga!

- Que merda é essa? - ele pega os dois na mão e começa a analisar - Isso é seu Arizona?

Faço que sim com a cabeça.

 - Como isso foi acontecer? Você é uma irresponsável, deveria ter se previnido.

- Se o sexo fosse consentido e com camisinha talvez não tivesse acontecido - April realmente não tinha papas na língua e por isso Chris não gostava dela.

Ele preferiu a ignorar e seguir até mim, agora ficando cara a cara.

- Quero que escute com atenção, você vai tirar seja lá oque for isso ai - ele aponta para minha barriga - Antes que se desenvolva, tá me ouvindo?

- EU NÃO VOU FAZER  UM ABORTO!

- Bom, se você não fizer... - ele sorri com sarcasmo

- O que você quer dizer com isso??? Hein? Babaca! - April odeia o Chris, mas não culpo a ruiva, ela claramente tem motivos o suficiente para isso, e eu também.

- Minha prioridade agora não é te dar uma boa lição, então fica para a próxima.

Christopher pisca para ela e começa a subir as escadas

[...]

Cristopher estava insuportável hoje, primeiro que ele estava bêbado e toda vez que ele está bêbado sobra pra mim, hoje não foi diferente, ele fez piadinhas e insinuações de aborto e ficou tentando me levar pra cama, acho que ser um escroto cansou ele, que logo foi para o quarto dormir.
Decidi que vou mudar minha vida, se preciso irei recomeçar do zero, mas quero que meu filho tenha uma boa vida e seja feliz como eu também pretendo ser.

April me manda mensagem explicando que vamos ficar em uma casa que era dela em uma cidadezinha do interior, onde poderíamos ficar tranquilas e não precisaríamos nos preocupar com nada, eu precisaria arrumar minha mala com as coisas básicas que eu iria precisar.

Segui cautelosamente para o quarto, ao entrar percebo que Christopher dorme como uma pedra, puxo uma pequena mala da prateleira de cima do armário tentando não fazer nenhum barulho, pego coisas essenciais como; documentos, dinheiro, itens de higiene pessoal e roupas.

[...]

-Eu não sei se quero isso. - Falo para April enquanto vamos em direção ao ônibus.

-Ari, fica calma! Pensa que você nunca mais terá que olhar para a cara daquele monstro.

-Mas o meu filho vai crescer sem pai... não quero ter que criá-lo sozinha.

-Com um pai daqueles, não ter pai é lucro. Fora que você não está sozinha, eu estou com você! Larguei a minha vida toda para começarmos uma nova, confia em mim, vai ficar tudo bem!

Depois de muito esforço, April consegue me convencer a não desistir. Entramos no ônibus e nos sentamos nas poltronas 10A e 10B. Eu decido ouvir um pouco de música enquanto April lê um livro, não demora para que o sono chegue e eu durma, esquecendo no momento de todos os problemas que estão me cercando.