B Ô N U S

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Atenção!!!

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Atenção!!!

Nesse bônus será enfatizado o aborto, que pode ser um tema sensível para algumas pessoas. Se você tem gatilho com esse tipo de assunto, pule para o próximo capítulo.

PS: Não ler esse capítulo não altera o entendimento da historia.

Boa leitura, ❤️

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"Espero que um dia você consiga me perdoar. Leve o tempo que precisar. Irei respeitar o seu espaço.

Com amor, Becca."

Quando eu ainda estava digerindo aquela frase, vi o meu pai entrar no quarto acompanhado do médico.

— Boa tarde, senhorita Steinfeld. Eu sou o doutor Simons e fico muito feliz em vê-la acordada e bem. Você nos deu um grande susto — ele disse na tentativa de soar casual, enquanto alternava o olhar entre mim e o meu pai, que se posicionou ao meu lado e segurava a minha mão.

— O que houve com ela, doutor? Ela já teve convulsões antes, mas não entendi quando me disseram que foi necessário trazê-la ao hospital.

— Annelise deu entrada no hospital insconsciente e apresentava um quadro de sangramento intenso intravaginal — ele deu uma pausa olhando meu prontuário hospitalar — foi nos informado que ela está passando por um processo de desintoxicação de entorpecentes, principalmente de caráter opióide, correto? — o médico levantou os olhos para o meu pai.

— Sim, correto — Anthony respondeu prontamente. O médico fechou o meu prontuário e voltou a nos encarar.

— Por conta da hemorragia, priorizamos buscar a fonte do sangramento da Annelise antes de calcularmos eventuais danos neurológicos — ele deu uma breve pausa antes de continuar — Ao observar o tamanho do feto que extraímos na curetagem, presumo que não era da ciência da família que ela estava grávida, correto?

"Feto"

"Tamanho"

"Curetagem"

"Grávida"

Que?

— Não — meu pai respondeu entorpecido com a notícia — não sabíamos...

— Annelise — o médico fixou o olhar em mim — Você estava gestante de cinco semanas e teve um aborto espontâneo por conta do uso abusivo de entorpecentes. Fizemos uma curetagem uterina em você e mesmo após a saída do feto, a hemorragia não estancava — ele disse de forma calma e pausada — você sabia da existência dessa gravidez? — senti meus olhos marejarem e fiz que não com a cabeça — quero que vocês entendam que há um protocolo a ser seguido caso isso tenha sido intencional.

Intencional?

Ele estava sugerindo que...

— Minha filha é totalmente amparada pela família, doutor — meu pai disse nitidamente se controlando para não perder a educação — ela tem uma mãe e um pai que a amam demais. Não haveria necessidade de provocar um aborto, se é isso que está sugerindo.

— Imagino, senhor Steinfeld, mas isso é um protocolo do hospital, então é a minha obrigação perguntar. Agora vamos ao quadro neurológico — o médico suavizou a voz — não constou nada nos exames, mas eu recomendo que ela tenha acompanhamento com um neuro...

Depois disso eu não ouvi mais nada do que o médico falou.

Eu estava grávida.

Enquanto eu injetava drogas no meu organismo, havia um ser indefeso dentro de mim que não tinha culpa de nada. A cada crise, a cada convulsão...

Havia

Outro

Ser

Dentro

De

Mim

Será que ele sofreu? Será que ele sentiu algum desconforto nas cinco semanas que ficou dentro de mim? Eu não tinha a resposta pra essas perguntas, mas eu sabia de uma coisa:

Eu matei o meu filho.

ME QUEIME DEPOIS DE LER Onde histórias criam vida. Descubra agora