Quatro

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O que é sanidade? Basicamente, é a estabilidade física e mental de um indivíduo

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O que é sanidade? Basicamente, é a estabilidade física e mental de um indivíduo. Agora que eu a tenho, eu valorizo demais, mas até esse ponto da minha vida, eu não sabia que era algo que eu poderia perder.

As únicas pessoas que eu consegui me apoiar foram as que eu conheci na fraternidade. Eu os culpei por muito tempo, mas hoje eu vejo que eles só me ajudaram do jeito que eles sabiam.

Quando eu só queria esquecer, eles tinham a fórmula exata de alucinógeno pra isso. E quando eu queria relaxar, eles também tinham a maconha e uns aditivos exatos pra uma viagem bem legal.

Aquele pó branco que eu via muitos deles usando não me dava o efeito que eu gostava. Mas logo eles me apresentaram a heroína, que de longe me deu as melhores sensações.

Os meus favoritos eram o ecstasy e a heroína.

Cada vez mais eu ficava na fraternidade e menos na minha casa. Comecei a cabular aula pra ficar com eles. Eu só queria que aquela dor que fora descarregada como um caminhão de areia em cima de mim parasse.

A dor de ser rejeitada desde os 8 anos pelo próprio pai. A dor de ter perdido todos os meus amigos de infância. A dor de estar com notas tão baixas que nem se vendesse minha alma ao diabo eu conseguiria passar, quem dirá entrar em uma boa faculdade. A dor de ter entregado algo tão precioso a alguém tão desalmado. Alguém que não pensou duas vezes antes de me VENDER (porque foi isso o que ele fez, me vendeu) e, como se não bastasse, me expôs pra todos e fugiu como um covarde. Não atendeu nenhuma das minhas ligações e, pelo visto, mudou de número.

Mas enfim, quem liga pra esse imbecil do Richard? Eu sinceramente não tinha mais mente para tal.

Mal sabia eu que parar de sentir tinha consequências muito piores do que sentir.

Vivenciei, ao longo dos cinco meses seguintes, a minha alma se esvair do meu corpo lentamente. E quando eu digo alma, me refiro a todas as emoções, tanto boas quanto ruins, que um ser humano pode sentir.

Até que uma hora aconteceu. Minha alma se foi e não tinha alucinógeno que cobrisse isso. O buraco dentro de mim tinha se enraizado de tantas formas que não tinha mais como remediar.

Eu sinceramente acreditei que a qualquer momento eu poderia morrer de overdose ou algo do tipo, porque eu já estava totalmente viciada em entorpecentes.

Contudo, em uma bela quarta-feira, tudo mudou.

Estávamos todos em um dos quartos da fraternidade para usar os proibidos. No geral, o pessoal de lá não se importava que fumássemos maconha, mas crack, cocaína e heroína era algo que todos na fraternidade abominavam, portanto era necessário que a gente se trancasse em um quarto e usasse escondido.

Estava eu e mais três pessoas. Sendo uma delas o Brian. Cito o nome dele porque ele era uma das melhores pessoas que eu já conheci. Não em termos de me afastar das drogas, mas ele foi um verdadeiro irmão. Me ouviu chorar, me levava pra casa quando eu tava muito chapada e nunca se aproveitou disso.

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