CAPÍTULO - 02

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Era a primeira vez que eu me sentia totalmente sozinho em toda a minha vida. Antes era normal. Eu não me importava. Eu não tinha o porquê de me importar. Mas quando Kira sumiu da minha vida sem deixar rastros, sem me explicar o que estava acontecendo, meu mundo desmoronou. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Eu já estava acostumado com ele, a ter uma vida de casado com ele. Kira não tinha o direito de simplesmente sumir assim da minha vida sem me dá uma explicação.

— Cara, já chega... — Julian ditou, em um suspiro chateado, desligando meu computador.

— Eu estava trabalhando, Julian! — Exclamo, irritado.

— Sim! Estava trabalhando desde o momento em que levantou do sofá pois nem dormindo direito você está! Você nem se alimentou, não tomou um banho, não fez a barba. Você está um caos, Álvaro! E eu não sou obrigado a ficar aqui vendo você se afundar desse jeito. — Prendo as lágrimas, deitando a cabeça na mesa, me odiando por ter sido tão idiota. Por ter espantado a única pessoa que me despertou um sentimento que eu nem sabia que existia.

— O que você descobriu sobre ele...? — Minha voz sai arrastada. Ouço Julian suspirar, se acomodando na cadeira vaga à minha frente.

— Parece que ele sofre de um transtorno dissociativo de personalidade. — Falou, me chamando a atenção e me fazendo encará-lo.

— O quê? — Ele assentiu, afirmando o que havia acabado de dizer.

— Aparentemente ele tem dupla personalidade. O pai dele me disse que Kira é laudado com esse transtorno. Por isso uma hora ele era meigo e alegre, e outra hora... esse assassino misterioso. — Suspiro, agora querendo puxar o gatilho contra minha própria cabeça.

— Por que ele não me disse? Por que não me explicou. Eu aprendi a ouví-lo, Julian. Por que ele ficou calado dessa vez?! — Julian não soube me dá a resposta, então simplesmente veio até mim e me puxou para um abraço apertado, tentando me confortar, mas naquele momento eu só queria quebrar tudo à minha volta. Eu queria... receber uma mensagem dele, qualquer coisa, nem que fosse me xingando. Eu mereço.

Logo bateram na porta, e eu tive me recompor e não deixar transparecer a dor que me assolava e me corroía por dentro. Julian balbuciou algumas palavras de conforto e abriu a porta, revelando um dos soldados da máfia.

— Senhor... Achamos ele. — Ditou, o que me fez erguer o olhar rapidamente, me levantando às pressas da cadeira.

— Onde ele está?!

— Ele já foi pego por nossos homens. Chegará hoje no final da tarde. — Ditou, o que me fez soltar uma lufada de ar, demonstrando alívio e um sentimento indescritível. Aquela dor estava sumindo ao saber que o veria de novo, que eu poderia pedir perdão.

O soldado se retirou do meu escritório e eu fechei meus olhos, tentando me acalmar, pois minha respiração não estava normal. Sentia que a qualquer momento eu teria um ataque caso não controlasse meu próprio corpo.

— Ele vai voltar, Julian... — Balbucio, não conseguindo conter meu sorriso ao saber disso.

— Sim, Álvaro. Ele vai voltar, mas você vai ter que lutar para reconquistar ele. O que fez não foi legal e certamente ele não vai acreditar nas suas primeiras desculpas. Enfim, vá se alimentar, tomar um banho, colocar uma roupa decente e principalmente limpa. Kira não merece ver esse lixo que você está agora. — Eu deveria xingá-lo, mas não podia negar que ele estava certo. Depois que ele sumiu, eu me descuidei, não me importei mais com minha aparência. Eu só queria que ele voltasse. E isso finalmente aconteceu.

Subo para meu quarto, lugar que eu evitei completamente após a ida de Kira. Olho para a caixa preta abandonada próxima da cama. Lembro que Kira sempre ficava curioso para saber o que tinha dentro, mas nunca tivemos a oportunidade de usá-la. Bom... talvez agora possa ser diferente.

Tiro minha roupa de três dias seguidos, tomando um banho demorado e já aproveitando para me barbear e aparar o cabelo. Eu sempre fiz isso sozinho pela minha falta de paciência de ir em uma barbearia. Me depilo onde acho necessário: peito, barriga e virilha.

E após lavar meu corpo mais uma vez, saio do banheiro, dando uma boa atenção para meu cabelo que acabou sendo esquecido por mim nos últimos anos. Foi complicado, mas nada que uma boa hidratação e uma escova não resolva. Sempre tive cabelos na altura do ombro, nem mais, nem menos. Então aprendi com meu pai a cuidar deles. Bem, minha mãe não era bem a mulher que sempre me dava banho quando criança. Quem sempre fez isso foi o meu pai e eu o agradeço muito por isso.

Pronto. Depois de uma hidratação e uma boa escova, meus cabelos estavam finalmente podendo serem chamados de cabelos. Estavam leves e brilhoso. Procuro em meu closet um dos meus melhores ternos, o vestindo e admirando a aliança em meu dedo anelar. Nunca o tirei. Afinal, eu nunca me divorciei.

Após finalmente parecer gente e levar horas para isso, desço para me alimentar devidamente, mas acabo encontrando Agnes que me aguardava na sala

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Após finalmente parecer gente e levar horas para isso, desço para me alimentar devidamente, mas acabo encontrando Agnes que me aguardava na sala.

— Agnes? O que faz aqui? — Questiono, chamando sua atenção e vendo ele me olhar da cabeça aos pés, não disfarçando o fato de que me secava com os olhos.

— Nossa... Você está... perfeito. — Balbuciou, o que me fez suspirar.

— Veio até aqui para me elogiar? Obrigado, já pode ir. — Falo e ele revira os olhos.

— Eu vim porque preciso saber se vai mesmo levar o projeto para frente. O último que fizemos foi um sucesso.

Ah, sim... o projeto que iria ser do Kira e acabamos nisso...

— Eu não estou com cabeça para nada agora, ok? E se quer tratar de negócios, fale com Julian. Ele é meu assistente e sabe exatamente de como eu gosto que as coisas sejam feitas. Agora, se me permite... — Indico a saída, vendo ele suspirar.

— Ah, você é realmente um homem difícil. Álvaro, você está sozinho agora. Por que não me dá uma chance? Eu não te abandonaria como aquele garoto fez.

— Aquele garoto é meu esposo. E ele está voltando. — Agnes franziu as sobrancelhas, me encarando com espanto.

— O quê? Como assim está voltando? Depois de sumir por 3 anos?!

— Sim. E a culpa foi minha, não dele. Agora eu vou buscá-lo no aeroporto. Se quiser falar de trabalho, Julian estará à sua disposição. — Passo por ele, não esperando uma resposta.

Assim que cheguei no aeroporto particular, ter que esperar duas horas foi o meu inferno. Nunca em minha vida os minutos se passaram tão devagar, mas logo o avião pousou, me fazendo encher o peito para conseguir me manter de pé.

Passo a mão em meus cabelos, tendo certeza de que os fios estavam no lugar e dou uma ajeitada em meu terno, querendo garantir que ele estivesse bem alinhado em meu corpo, até que um sorriso se formou em meus lábios ao ver Kira descendo do avião.

Mas...

Quem era aquela menina que estava em seus braços?

NA TOCA DO LOBO -  Duplamente APAIXONADO - Livro II (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora