Meu corpo tremia ao ver aquela cidade novamente. Não... não pode ser...
— Vamos, desça. — Um dos homens ordenou, o que me fez engolir em seco. Sol finalmente estava mais calma e adormeceu em meus braços. Era a primeira viagem de avião dela, então ela ficou assustada. Felizmente eu consegui tranquilizá-la.
Respiro fundo mais uma vez, descendo do avião e avistando Álvaro um pouco distante. Álvaro... Porra, ele estava tão lindo. Por que ele tinha que ser assim? Tão insistente...
— Anda. — O mesmo homem ordenou, me empurrando de leve. Meu peito subia e descia freneticamente. De repente o ar me faltou. Fazia tanto tempo que não o via... E agora... Ele viu a Sol. Céus, por quê?! Por que isso está acontecendo justo comigo?!
Crio forças de onde não tenho e caminho na direção dele, notando seu olhar confuso ao ver a Sol em meus braços. Até que finalmente me encontrava de frente para ele. Ele estava mais lindo do que nunca. Pelo visto o tempo fez bem a ele...
— Kira... — Ele tentou me tocar, mas me afastei, recusando seu toque, ou teria certeza que iria fraquejar.
— Hm... papai... Onde estamos? — Sol desperdou, me fazendo gelar de imediato ao ver Álvaro arregalar os olhos, me fitando rapidamente agora parecendo exigir explicações. Droga...
— Está tudo bem, amor... Eu estou aqui. — Falo, a acalmando e beijando sua bochecha.
— Kira... não me diga que ela... — Álvaro tentou falar, mas se interrompeu, me olhando fixamente.
Merda...
— Ela é minha filha. — Falo, vendo seus olhos se encherem de lágrimas, em espanto e surpresa.
— Você estava...
— Eu já estava esperando ela quando fui embora. Ela se chama Sol. — Álvaro crispou os lábios, agora me olhando parecendo irritado.
— Por que me escondeu isso?! Você tem noção do que você fez?! — Gritou, me deixando mais nervoso do que já estava.
— O que você queria que eu fizesse?! Você me humilhou! Você... agiu como todo mundo. Eu não prejudiquei você em nenhum momento. Sabe o quanto é difícil para as pessoas me entenderem?! Eu não sei... eu estava assustado, magoado... Não tinha a menor condição de eu ficar aqui. — Exclamo, deixando algumas lágrimas escaparem.
— E se eu não tivesse te caçado como um louco dia após dia... Quando iria me contar que eu tinha uma filha nesse mundo?!! Quando?!! Você não tinha esse direito! — Álvaro exclamou, chorando tanto quanto eu. Ele se aproximou, o que me fez recuar.
— Não se aproxime! Eu não sou aquele idiota que você pensa! Que você ama! Eu sou a parte que você detesta! Que você não quer por perto! — Exclamo, tentando me afastar, mas ele segurou meu braço, me fazendo olhá-lo.
— Eu amo você... não importa como. Agora eu entendo isso. Eu sei o que você é. E vou fazer de tudo para que você acredite nisso, que você acredite em minhas palavras. Por favor... — Pediu, estendendo os braços. O encaro, receoso. — Ela também é minha filha, Kira... — Balbuciou, com a voz falhando. Suspiro, a entregando para ele. Sol o encarou, confusa, e depois me olhou.
— Por que está chorando, papai? — Questionou, estendendo os bracinhos para mim, querendo meus braços de volta. Álvaro chorava, a olhando e não sabendo ao certo o que fazer. Aquela cena estava acabando comigo, destruindo meu psicológico.
— Nada, filha... nada... — Balbucio, afagando seus cabelos.
— Você é bonito. — Sol comentou, acariciando a barba rala de Álvaro, que sorriu em meio ao choro, a beijando no rosto.
— Você que é perfeita, meu amor. — Falou, a abraçando e a enchendo de beijos. Fecho meus olhos, respirando fundo. Viro as costas, não suportando essa sensação incômoda. Eu estava aprendendo a superar, a esquecê-lo... Por que ele tinha que fazer isso?!
— Vamos para casa. Para a nossa casa. — Álvaro ditou, e eu o encaro.
— Você me sequestrou! Eu não tenho casa nenhuma aqui!
— Você é meu esposo! Eu não te sequestrei, eu apenas te trouxe de volta! — Rebateu, magoado. Suspiro, em desistência, o seguindo até o carro, onde Julian já aguardava no banco do motorista.
— Hey, Kira. Que bom que está de volta. Quem é a menina? — Julian questionou, confuso.
— Depois eu explico. Vamos para casa. — Álvaro ditou e Julian apenas obedeceu. Eu sei que teríamos uma longa conversa pela frente, mas nao estava com cabeça para isso.
. . . .
— E não é que o fantasma resolveu aparecer? — Assim que entramos em casa, me deparo com Agnes na sala, sentado no sofá. O que ele faz aqui?! Eu não acredito que...!
— Que tal calar a boca e fingir que eu não estou aqui?! — Rebato, impaciente. Ele arqueou as sobrancelhas, surpreso.
— Olha! O bebê resolveu pôr as garras de fora!
— Isso mesmo! Agora se não sumir da minha frente, garanto que vai ser muito pior para você! — Exclamo, e Álvaro logo adentra no ambiente. Pego minha filha dos seus braços, ignorando seu olhar repreensor. — Vou procurar um quarto para ela descansar. Aqueles monstros dos seus soldados assustaram minha menina! — Resmungo, olhando bravamente para Álvaro e subindo as escadarias, ignorando aqueles dois que certamente devem ter se divertido enquanto eu estava fora. Álvaro estava tão arrumado... não pareceu bem um pouco se importar com o meu sumiço, com meus motivos, só me acusou. Estou farto disso...
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NA TOCA DO LOBO - Duplamente APAIXONADO - Livro II (ROMANCE GAY)
Romance"Ele era uma farsa, eu sou o verdadeiro eu. Aquele que fará da sua vida uma completa bagunça. E então? Está preparado para essa relação explosiva, amor?" PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3