Respiro fundo, saindo do banheiro já devidamente banhado e procurando uma das roupas que tive que comprar, já que fui sequestrado com minha filha e a roupa do corpo. Felizmente eu trouxe uma bolsa com meu celular, documentos e cartões de crédito. Pude preencher novamente o vazio do closet.
Também já havia ligado para meu pai e explicado tudo que aconteceu. Fiquei furioso por ele ter comemorado e ficado do lado do Álvaro, mas tratei de deixar isso para lá e procurar algo para vestir, já que hoje eu teria um almoço nada agradável com os pais de Álvaro e o cujo dito. Eu gosto de Borges, mas ele é o único. A mulher dele é insuportável e atualmente estou em uma péssima relação com Álvaro. Então, esse almoço vai ser tudo, menos agradável.
E após muito procurar, finalmente me visto.
Minha menina já estava devidamente arrumada em seu conjunto de blusa e saia laranja que ela adorava. Faço um penteado em seu cabelo e a pego nos braços. Hoje... era o dia que eu mais temia. Teria que explicar a verdade para a Sol.
Saio do quarto, encontrando Álvaro na sala, mexendo no celular, mas o guardou assim que me viu, me deixando desconfortável ao sentir seu olhar percorrer todo o meu corpo, mas dessa vez, seu olhar transmitia surpresa.
— Uau... Você está... diferente... — Balbuciou, em choque.
— Pois é, ouço isso a cada vez que troco de personalidade. — Resmungo, sarcástico, passando por ele e indo direto para o carro, colocando o cinto de segurança na Sol, no banco detrás e me acomodando no banco passageiro.
— Hey, olha o que eu comprei para você. — Álvaro falou, entrando no carro e entregando uma boneca de pano para a Sol, que abriu a boca em surpresa, sorrindo largamente e abraçando a boneca.
— Como se diz, Sol? — Questiono, a olhando pelo retrovisor.
— Obrigada! Eu amei! — Exclamou, animada. — Olha, papai! — Sol esticou o braço, exibindo a boneca para mim.
— É linda, filha... — Balbucio, olhando de relance para Álvaro, que me olhava sorridente. Espero que ele não misture as coisas. Se estou aceitando isso, é tudo por conta da Sol.
— Kira... — Me assusto quando Álvaro se aproximou de repente, me fazendo entrar em alerta repentinamente. Ele apenas sorriu, com o rosto próximo do meu, e puxando o cinto de segurança, o que me fez suspirar. — Agora está seguro... — Balbuciou, me olhando fixamente. O empurro, o afastando de mim, o que fez ele apenas sorri, se concentrando totalmente no volante.
. . . .
Assim que chegamos ao restaurante, os pais de Álvaro ainda não haviam chegado, já que tinha uma mesa reservada para nós aparentemente.
— Eu pedi para que eles demorassem um pouco mais. Sabe que ainda temos muito o que conversar, Kira. — Álvaro ditou, insinuando a Sol sentada em meu colo, distraída com a boneca nova.
— Que seja... — Balbucio, não gostando nem um pouco dessa situação, mas eu sei que não adiantaria nada eu adiar isso. Uma hora ou outra ela teria que saber.
— Como fez o favor de fugir de mim, logicamente você tem mais intimidade com ela, não? Então comece. — Álvaro insinuou, com um tom venenoso e que me fez o encarar com um olhar semicerrado, querendo mandá-lo para o quinto dos infernos, mas não podia falar palavrão na frente da minha filha.
Respiro fundo, tomando coragem para explicar, nem ao menos sabendo como fazer isso direito.
— Amor, olha para mim... O papai quer falar com você. — Peço, com um tom manso, a colocando sentada na mesa e de frente para mim. No mesmo instante ela me olhou, parando de brincar com a boneca. Felizmente, minha menina aprendeu a ter educação e me respeitar em cada palavra que eu dissesse.
— Sim, papai?
— Você sabe... — Paro de falar, olhando para Álvaro, vendo ele me olhar de volta, claramente ditando para eu continuar. Droga... — Amor, você sabe que toda criança tem duas pessoas que a fizeram nascer, não é? — Ela me olhou, fazendo bico e assentindo.
— Como a vovó e o vovô? — Questionou e eu assenti, acariciando seu rosto delicadamente.
— Isso, meu amor. Como a vovó e o vovô. Você... você tem dois papais que te amam muito...
— Dois? — Ela me olhou confusa. — Mas eu só tenho você, papai... — Balbuciou, e pude ver Álvaro balançando a cabeça, irritado, provavelmente me xingando em pensamentos.
— Acontece que... nós estávamos separados, mas... pelo visto nos obrigaram a ficarmos juntos de novo. — Insinuo, olhando acusadoramente para Álvaro, que apenas cruzou os braços, me fitando seriamente. — Ele... queria que você o conhecesse. — Falo, apontando para Álvaro.
Ela o olhou rapidamente, parecendo ainda assimilar.
— Você é meu papai também?! — Questionou, e pude notar os olhos de Álvaro ficarem marejados ao ouví-la.
— Sim, princesa. Me desculpa não está com você todo esse tempo. Algumas coisas... nos impediram de estarmos juntos. — Insinuou, me olhando acusadoramente, e logo voltando a olhar para Sol, a pegando nos braços. — Tudo bem começarmos de agora? — Sol assentiu, sendo abraçada fortemente por Álvaro. Ela ainda estava quieta, confusa. Certamente estava sendo estranho para ela, mas com o tempo eu sei que iria se acostumar.
Depois disso, Álvaro ficou brincando com ela em seu colo até os pais dele chegarem.
Eu, definitivamente, não estou gostando nem um pouco disso...
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NA TOCA DO LOBO - Duplamente APAIXONADO - Livro II (ROMANCE GAY)
Romance"Ele era uma farsa, eu sou o verdadeiro eu. Aquele que fará da sua vida uma completa bagunça. E então? Está preparado para essa relação explosiva, amor?" PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3