CAPÍTULO || 08

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Respiro fundo, fitando meus pés dentro da piscina, sentado na borda, com a cabeça em um turbilhão de pensamentos e ao mesmo tempo vazia

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Respiro fundo, fitando meus pés dentro da piscina, sentado na borda, com a cabeça em um turbilhão de pensamentos e ao mesmo tempo vazia. Eu sabia que isso iria acontecer... Meu pai me ligou recentemente, perguntando como estavam as coisas. Eu falei a verdade. Disse que estavam horríveis, e ele logo me pediu para ser mais amigável, mais gentil com Álvaro. Que ele não merecia isso...

Por muito tempo, eu ouvi centenas de vezes essa maldita frase: “Seja mais amoroso...”, “seja mais receptivo”... É difícil saber quem eu sou, eu nem ao menos faço ideia da pessoa que quero ser. Eu não escolho...

Mas eu sei que quero ser aceito, independente de como eu haja. É cansativa tentar agradar todo mundo. Não importa o que eu faça, todos só querem um único lado meu: o extrovertido e que não tem problemas com nada, que aceita tudo sem questionar.

E é o que estão me cobrando para ser com Álvaro. Meus pais principalmente...

Alguém... alguma vez já se colocou em meu lugar? Já se perguntaram como eu me sinto?

Fecho os olhos, suspirando profundamente, tentando me acalmar. Minha cabeça estava começando a querer doer, mas ignorei, tentando não me estressar. Eu queria obter meu próprio controle, mesmo que de certa forma isso fosse impossível, mas eu não queria agir como um idiota. Sei que muitos iriam me taxar de louco e sem noção.

— Hey... — Olho para o lado, vendo Álvaro se aproximando e se sentando ao meu lado. Continuo quieto, observando meu reflexo na água. — Você está bem? Está aqui a tanto tempo... Eu... levei a Sol para o primeiro dia de aula dela. Ela parecia animada... — Comentou, e eu apenas forcei um sorriso, sentindo meu peito doer, mas tentei disfarçar. — Kira... desculpa se estou te pressionando muito...

— Podemos jantar fora hoje? — Questiono, vendo ele me olhar surpreso, confuso.

— Ah... jantar? Sim... eu acho... — Sorri, assentindo.

— Ótimo. Você conhece bons restaurantes. Procure um que seja ao ar livre, pode ser? — Ele assentiu, me olhando fixamente, abrindo e fechando a boca várias vezes, não conseguindo falar à princípio.

— Sei que... não quer tocar no assunto, mas... Com que Kira estou falando agora? — Questionou, com uma cara confusa e hesitante, o que me arrancou um curto riso.

— O mesmo. — Falo, convicto. — Eu... não quero ficar dentro de casa hoje. Estou... me sentindo sufocado lá dentro. — balbucio, em um tom baixo.

— Entendo... Então eu vou reservar um lugar bom para nós.

— Podemos deixar a Sol com a Manu. — Falo e ele me encara mais surpreso ainda.

— Ah, achei que iríamos levá-la.

— Não. Eu quero que seja só a gente. Sol tem hora para dormir e não é muito chegada a jantares de adultos. Ela diz que são chatos. — Falo, vendo ele sorri.

— Preciso aprender os gostos dela...

— Ela ama a cor preta. Não apareça na frente dela com uma roupa rosa. — Falo, vendo ele ri.

— Sério?! E eu já estava pensando em comprar uma fantasia de bailarina cor de rosa. — Comentou, o que me fez ri fraco. — Você fica lindo quando sorri... — Álvaro comentou, me fazendo encará-lo.

— É isso que espera de mim? Que eu sorria sempre? — Ele me olhou, negando.

— Isso é humanamente impossível. Eu só quero que... a gente se entenda. Que você seja sincero comigo. Eu realmente não entendo como funciona esse transtorno de personalidade, mas eu quero entender. Eu quero... amar todos os seus lados, Kira. Você... tem mais alguma que eu precise me preparar? — Brincou, me arrancando um sorriso.

— Eu não sei... você vai ter que está preparado sempre. Mas... eu vou te explicar nesse jantar. Eu estou tentando fugir do assunto, mas... você precisa me conhecer, não é? Ele sorriu, se aproximando mais de mim, pousando sua mão sobre a minha, o que chamou minha atenção.

— Eu agradeço. Sei que é um assunto delicado para você, mas quero poder está ao seu lado independente de qualquer coisa. Me deixe... ficar próximo de você. — Murmurou, depositando um beijo em minha têmpora, e logo em seguida em minha bochecha, descendo para minha boca. Permiti que ele me beijasse, mas eu não estava muito no clima, então logo me afastei.

— Hm... Não vamos apressar as coisas... Mas... posso te pedir algo? — Ele me olhou, atento.

— Claro, o que quiser.

— Uma coisa que eu sei sobre mim é que minha personalidade extrovertida não têm limites, então... se por acaso ela surgir... não quero que transe com ela, ok? — Álvaro me olhou confuso.

— Você está com ciúmes de você mesmo? — Questionou, perdido. Eu apenas ri, balançando a cabeça.

— Eu trato cada personalidade como uma pessoa... E esse Kira extrovertido se jogaria facilmente em cima de você, então eu... peço que recuse. Por favor... Sei que é estranho, mas é um pedido meu.

— Tudo bem. Não se preocupe...

— Obrigado... — Ficamos em silêncio por um tempo, até Álvaro quebrar o silêncio novamente.

— Me promete uma coisa... — Pediu, chamando minha atenção. — Vamos fazer desse jantar um jogo de cartas. Sem segredos, sem fugir de nenhuma jogada. Vamos... falar o que estamos sentimos, o que queremos. Só assim vamos poder recomeçar. Pode ser? — Apenas assenti, vendo ele sorri e se colocar de pé. — Bom... eu preciso ir trabalhar, mas... conversamos mais tarde. — Ele se despediu, saindo do meu campo de visão.

Continuei ali, perdido e talvez nervoso. Esse jantar poderia ser a solução dos nossos problemas...

Ou um completo desastre.

NA TOCA DO LOBO -  Duplamente APAIXONADO - Livro II (ROMANCE GAY) Onde histórias criam vida. Descubra agora