Capítulo 1 - A Morte Em Uma Bala

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Melanie não queria sair de casa sem contar ao seu pai. Se sentiu culpada desde o começo da festa até agora, no carro, junto com seu namorado, Brian.

Enquanto os outros dançavam e se divertiam, ouvindo música e bebendo cerveja (apesar da maioria ter 16 anos, assim como ela), Melanie ficou "no modo automático". Dançava, mas não se divertia; bebia, mas não sentia a graça de ficar bêbada. Em sua mente, o rosto de seu pai ficava encarando-a, com um olhar desaprovador, como se quisesse dizer "não acredito que minha filha está fazendo uma coisa como essa".

Se estava se sentindo tão culpada, então porque saiu de casa?

Brian olhou rapidamente para ela antes de voltar a encarar a estrada á sua frente.

-O que foi? - perguntou ele, já sabendo que algo estava errado com ela - Não se divertiu o bastante na festa?

Melanie demorou alguns segundos para entender que ele estava falando com ela. Rapidamente olha para ele, lhe lançando um sorriso - o mais confiante que tinha conseguido.

-É claro que me diverti - disse ela, e depois riu, como se Brian tivesse lhe contado algo muito engraçado. - Porque achou que eu não tinha...

-Melanie, não adianta mentir para mim - disse ele. O sorriso que Melanie tinha nos lábios aos poucos murchou, como uma flor morrendo aos poucos sem um devido cuidado. - Eu sei que algo a atormenta. Só precisa me dizer o que é.

-Não é nada - disse Melanie, mexendo no seu cinto de segurança, que estava devidamente preso sobre seu corpo. - Quer dizer, nada com que deva se preocupar.

-E como vai saber se vou ficar preocupado se não me contar o que está acontecendo com você? - perguntou ele. Isso não fazia sentido para Melanie, mas ela entendeu o que ele queria dizer com tudo aquilo.

-Estou preocupada com meu pai - disse ela, olhando para a paisagem que corria do lado de fora do carro. Era praticamente meia-noite, então as únicas coisas que conseguia distinguir era os contornos das casas. Naquele momento seu pai deve estar dormindo ou, se tiver descobrido de sua saída, estaria esperando-a, sentado no sofá, se perguntando aonde poderia estar a filha.

-Porque? Ele está doente, por acaso? - perguntou Brian, fazendo uma curva para a esquerda.

-Não fale uma bobagem como essa, Brian - disse ela, sem desviar os olhos da janela do carro. - Meu pai não está com nenhuma doença - "A não ser que preocupação e tristeza seja considerada uma doença nos dias de hoje", pensou.

-Então por que você está tão preocupada com ele? - perguntou Brian, tirando uma das mãos do volante para poder ligar o rádio. Uma música começou a sair do aparelho, mas Melanie não estava ansiosa para ouvi-la. Desviou os olhos da janela e começou a fazer pequenos círculos invisíveis nas costas de sua mão esquerda. Fez formas redondas, ovais, achatadas, entre outras. Sua mente trabalhava em algo para que pudesse distrai-la da preocupação que sentia em relação ao pai. Foi então que se pegou fazendo uma forma diferente. Seu dedo indicador da mão direita começou a contornar um tipo de desenho, e quando o terminava voltava a repetir o processo. Melanie começou a ficar um pouco aturdida, pois não estava controlando seu dedo! Era como se ele tivesse entrado em um modo automático, ou outra pessoa estivesse controlando-o, mas não era a Melanie quem estava fazendo o desenho. Quando olhou mais atentamente para as costas de sua mão, percebeu que a forma se assemelhava á uma gota de água, com a cauda fina em cima, e conforme descia a forma se expandia.

Melanie ficou tanto tempo quieta que se assustou quando Brian usou uma de suas mãos para sacudir seu ombro, tirando-a de seu devaneio.

-O que foi? - perguntou ela. - O que aconteceu?

A Ordem Secreta - O Despertar do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora