27. Grace

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Depois de vinte quatro horas internado, papai finalmente saiu do hospital. A médica, Dra. Kenue, queria que meu pai passasse mais um dia em observação, mas é claro que o Capitão Henderson não concordou. Segundo ele, se ficasse mais um dia olhando para as paredes brancas do hospital, iria enlouquecer. Dramático, eu sei. E como seu caso não foi grave, ela o liberou. Mas não antes de fazê-lo prometer que não iria se esforçar por no mínimo três semanas.

Agora, Jake está carregando meu pai - sob muito protesto - no colo para seu quarto, e eu estou rindo da cena. Definitivamente, isso é algo que nunca pensei que veria. Enquanto os dois estão lá em cima, esquento uma sopa de legumes que fiz ontem. Devido as condições do meu pai, acho que essa é a melhor opção para ele se alimentar.

— Hey, já coloquei o velhote na cama. - Escuto a voz de Grant atrás de mim, adentrando a cozinha. Viro para olhá-lo.

Jake senta-se à mesa, apoiando os cotovelos no objeto e o rosto nas mãos. Ele está com o rosto cansado e olheiras, resultado de uma noite mal dormida. E mesmo assim, ainda mantém seu habitual sorriso no rosto. E continua bonito. Imediatamente, lembro-me de quando o conheci meses atrás e achei que ele seria igual a Brandon. Nunca estive tão absolutamente errada na vida. E também nunca gostei tanto de estar errada.

— Obrigada. - Digo com sinceridade.

— Por carregar seu pai até o quarto como se ele fosse uma princesa da Disney? - Ele ergue as sobrancelhas e um sorriso divertido se forma em seus lábios.

— Não. - Dou uma risada. — Quer dizer, também. Mas especialmente por ter ficado o tempo todo comigo no hospital, mesmo depois de sabermos que o ferimento do meu pai não foi grave e dele ter acordado.

— Bom, não foi nada. Exceto a parte que você se aproveitou de mim enquanto dormia. - Ele se inclina para trás, colocando as mãos atrás da cabeça.

— O quê? Eu não fiz isso! - Declaro, franzindo o cenho.

— Fez sim. Você roubou o calor do meu corpo e me deixou passar frio. - Ele aponta um dedo para mim, me olhando com reprovação.

— Ah, é? - Me aproximo, sentando em cima da mesa, de frente para ele. — Mas foi você, Jakezinho, que me puxou para deitar em seu colo. E também foi você que me deu seu moletom.

— Não lembro das coisas serem assim. - Mente descaradamente.

— Você é tão cínico! - Pego o pano de prato branco ao meu lado e jogo em sua cara.

Antes que ele possa reagir, a campanhia toca, e eu vou atender. Provavelmente é Brittany ou os colegas de trabalho do meu pai. Vários deles foram no hospital pela manhã saber notícias e falar com o Capitão Henderson, mas ele ainda estava dormindo. Quando abro a porta, vejo que não se trata de nenhuma das minhas suspeitas.

— Ben! - Exclamo, surpresa.

— Oi, desculpa aparecer sem avisar.  Fiquei sabendo do que aconteceu, como seu pai está? - Pergunta, com a testa formando um vinco.

— Ótimo. Não foi nada grave, graças a Deus. - Respondo, mas algo atrás de mim parece chamar mais a atenção de Ben. Viro a cabeça e logo percebo que não trata-se de algo, e sim de alguém.

— Hey, O'Connell. - Jake cumprimenta, com um leve aceno de cabeça. Ele não parece muito empolgado, mas deve ser porque está cansado.

— Jake. - Ben diz, surpreso. — Não esperava ver você aqui.

— É, posso dizer o mesmo. - Jake dá de ombros. — Bem, vou deixar vocês sozinhos. Me ligue se precisar de qualquer coisa. - Isso ele diz especificamente para mim.

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